Não é necessário estar mais do que alguns minutos com
Rita Salema, de 42 anos, e a filha,
Francisca, de 16, fruto da sua relação com o actor
Almeno Gonçalves, para perceber a grande afinidade e cumplicidade entre ambas. Amigas e confidentes, a actriz e a filha têm partilhado alegrias e tristezas, e quando Rita perdeu dois irmãos, há cerca de três anos, a filha foi o seu principal apoio. Esta experiência de dor acentuou ainda mais a necessidade que a actriz reconhece ter de proteger aqueles que ama. Apesar de ter como prioridade a família e o seu trabalho, tanto como actriz como na qualidade de uma das directoras do colégio Abobrinhas, Rita sabe que é fundamental cuidar de si e aprendeu a valorizar os seus momentos de solidão.
Foi durante um passeio no Tejo, a bordo do navio Lisboa Princesa de Belém, que a CARAS falou com a actriz sobre as relações que tornam a sua vida uma experiência única de afectos.
– Tem uma relação muito próxima com a sua filha. Sente dificuldade em distinguir a amizade do papel de mãe?
Rita Salema – Não tenho eu nem tem ela! Ela tem na mãe uma amiga, mas sabe que precisa de disciplina, de regras… E não temos problemas em distinguir uma coisa da outra.
– A Francisca já está a meio da adolescência. Acredito que a vossa relação esteja numa altura de mudança…
– Sinto que a minha filha se está a tornar uma pessoa mais independente. E ainda bem. Custa-me um bocadinho pensar que daqui a uns anos ela sairá de casa, mas ao mesmo tempo é uma grande felicidade para uma mãe ver que a filha se tornou independente e uma pessoa feliz.

– Revê-se na Francisca, ou têm personalidades muito diferentes?
– Revejo-me em algumas coisas. Os miúdos hoje tornam-se independentes muito mais cedo. As vivências são outras, saem muito mais e para outro tipo de festas… Mas nisso a minha filha é igual a mim, porque não gosta muito de sair. Hoje, os miúdos vão logo para as discotecas, e isso faz-me imensa confusão. Já a deixei ir uma ou duas vezes, só para não ficar com aquela ansiedade de ver como é. Mas depois também temos coisas muito diferentes. A minha filha é muito orgulhosa e eu não sou tanto. Ela tem uma personalidade muito forte, é uma óptima aluna… Eu era mais arrumadinha do que ela, mas tenho esperança de que ainda venha a ter essa qualidade. [risos]
– A Francisca parece ter uma educação muito equilibrada. Para isso deve ajudar a excelente relação que tem com o pai da sua filha…
– Sim, sem dúvida. Quando dizem que é uma tristeza as pessoas divorciarem-se, eu digo que uma tristeza é as pessoas viverem juntas, com filhos, e eles conviverem com uma discórdia permanente. É muito importante manter-se a amizade entre os pais de uma criança. E como ela é filha única, acaba por ser a menina da mamã e do papá.
– A Rita sempre disse que era uma pessoa protectora e que vive muito para aqueles que estão à sua volta. A solidão assusta-a?
– Lido muito bem com o estar sozinha. Lido mal é com a impossibilidade de ter os meus tempos. Quando não tenho esse meu espaço, sinto-me aflita e ansiosa. Isso tem de caber sempre numa relação que eu tenha. Não estar fisicamente ao pé das pessoas não quer dizer que não estejamos sempre com elas.
– É uma pessoa mais sentimental do que racional?
– Sim, talvez seja. E é por isso que acabo por sair, em algumas situações, magoada. Sou muito coração, dificilmente vou para o lado da razão. A nível profissional, sou racional, mas no que toca às relações, sou mais emocional.
– Em Julho saiu um artigo na imprensa que apontava António Reis, guionista da SIC, como seu namorado. Quer comentar?
– Não! [risos]