Chegou a Portugal com 25 anos e desde então adoptou o País. Juntamente com o pai,
Roberto Medina, com quem sempre trabalhou, é o rosto do Rock in Rio. Chama-se
Roberta Medina, tem 30 anos, e confessa que foi no nosso país que descobriu a sua independência profissional e pessoal. Entretanto, a empresária brasileira aceitou outro desafio: ser jurada do programa Ídolos, na SIC. Uma experiência que está a adorar, como revela nesta entrevista.
– Este ano, para além de estar já a organizar o Rock in Rio 2010, é jurada do programa Ídolos. Como tem corrido?
Roberta Medina – É um grande desafio que tem várias coisas boas. Primeiro, porque me divirto bastante, depois, porque as pessoas são fantásticas, a equipa é muito boa. Temos uma grande sintonia entre todos. O facto de eu ser brasileira ainda leva as pessoas a brincarem mais comigo, o que é engraçado.
– E é fácil ter o poder de dizer que alguém não tem valor para seguir aquele que sempre foi o seu sonho?
– Não, nada. Existem concorrentes que vão ali para se divertir, outros que vão para fazer amigos e pela piada e outros que acham mesmo que podem seguir a carreira. E é mesmo muito difícil dizer a alguém a quem os amigos, a família ou a namorada dizem que sabem cantar, que, afinal, não canta. Que talvez um dia venha a cantar, mas naquele momento não. É difícil lidar com as emoções dessas pessoas. Apetece sair a correr atrás deles para explicar a decisão.
– Então, além de um desafio, este trabalho é também uma lição de vida…
– Sim. Cada trabalho que fazemos na vida tem um desafio que nos faz crescer enquanto seres humanos. E uma das coisas que o Ídolos me trouxe foi aprender a dizer não sem ficar a sofrer depois. Porque aqui não tem mesmo forma de resolver.
– Apesar de estar habituada à exposição mediática, esta é uma forma bem diferente de encarar o público português…
– É. Sobretudo porque deixo de ser a Roberta que fala pelo Rock in Rio e passo a ser a Roberta. Por um lado, é muito mais leve, porque falo por mim só, mas acarreta também outro tipo de exposição que por vezes não agrada tanto. Mas é muito mais pesado falar por uma organização tão grande e importante como é o Rock in Rio. E porque é uma empresa familiar, que torna tudo ainda mais difícil e aumenta a responsabilidade.
– É complicado ter o seu pai como chefe?
– A responsabilidade é muito maior. O meu pai é muito exigente, e com a família, com os filhos, é ainda mais exigente. E ele sempre fez uma coisa: delegar-nos responsabilidades. O que se tornou uma vantagem, porque hoje nada nos assusta. O que for preciso fazer, nem que seja carregar uma caixa, nós fazemos. Somos determinados. Também porque queremos mostrar que não somos só filhos daquela pessoa, que valemos o trabalho que temos. E demora alguns anos a sair da sombra.
– E acha que já conseguiu sair da sombra?
– Vai aos poucos. Acho que consegui mostrar, de alguma forma, o que sei fazer. E vir para Portugal solidificou muito isso, sem dúvida, porque assumi muito a liderança do festival. Sobretudo no ano em que o meu pai não estava porque nasceu a minha irmã.
– Começou muito cedo e logo com alguma pressão… Perdeu tempo precioso da sua adolescência?
– Comecei a trabalhar aos 17 anos e não vivi muito a minha adolescência, mas tenho uma característica boa, que é o facto de não me importar de viver aos 30 anos coisas que deveria ter vivido na minha adolescência. Desde que vim para Portugal e passei a morar sozinha, tudo mudou bastante.
– Acabou por ter um crescimento algo atípico…
– Sim, mas tem uma vantagem: acho que vou ser criança para sempre. E fico muitas vezes feliz com coisas tão pequenas… Gosto mais de receber uma flor, uma simples flor, do que um presente sofisticado, por exemplo.
– Às vezes não lhe apetece largar tudo, deixar de ter responsabilidades e simplesmente viajar pelo mundo, curtir a vida?
– Sempre tive dois grandes privilégios na vida, um deles foi poder viajar por todo o mundo fazendo o meu trabalho, outro foi poder fazer um trabalho que adoro. Isso foi muito bom. E aprendi muito com tudo isso.
– Há pouco falou da idade. Ter 30 anos pesa nalgum aspecto?
– Não. Eu tenho uma história com a idade: queria ter parado nos 17, como não parou, vou seguir em frente sem olhar para trás.
– Mas não começa a sentir o apelo da família, alguma vontade de estabilizar?
– Sim, tenho essa vontade. Se bem que não é fácil para mim, talvez por ser muito independente. Existem pessoas que nasceram para casar e ter filhos, eu não. Mas há-de chegar esse momento. Agora não existem pressas, estratégias ou planos. É demasiado sério para ser planeado.
– E a acontecer, parece-lhe que será em Portugal, a sua segunda casa?
– Nos últimos seis anos, Portugal tem sido a minha primeira casa. A verdade é que adoro Portugal e estou a gostar muito de viver cá. Nunca me senti como uma estrangeira. E houve uma coisa boa, que foi ter começado a fazer amigos no escritório cá, depois comecei a namorar com o
Raul [
Azevedo] e fiz ainda mais amigos. Só alguns anos mais tarde voltei a ter amigos brasileiros.
– A certa altura foi muito falada na imprensa por questões pessoais, nomeadamente quando correram rumores de que mantinha uma relação com Francisco Penim. Isso perturbou-a?
– Odeio esse tipo de coisas. Porque são relações irreais. E odeio que falem desses assuntos assim. Nunca tive problemas com isso de estar ou não a namorar com alguém. Se namoro, namoro e não digo que não. Agora, se estou a sair com alguém, isso não interessa, porque só vai interessar se realmente eu começar a namorar com essa pessoa. As pessoas falam e inventam histórias incríveis. Uma vez ligaram-me e garantiram-me que me viram aos beijos com o Francisco Penim, e eu não o via há mais de seis meses. Dei uma gargalhada enorme. E o pior é que ele poderia ter namorada, que não iria achar graça nenhuma à história.
– Então, o melhor é perguntar directamente: tem namorado?
– Neste momento não namoro com ninguém e estou feliz da vida.