O holandês
Anton Beill e a portuguesa
Benedita Paes conheceram-se por acaso, mas nada mais nesta relação parece fortuito, pois desde o percurso semelhante ao interesse pela moda e aos ideais, tudo parecem ter em comum. Além de namorarem, estão juntos num projecto fundado por Anton, a Creative Artists Management, do qual Benedita se tornou relações-públicas: uma empresa que actua nos bastidores da moda, gerindo carreiras na área da fotografia, da maquilhagem e cabelos e da produção, entre outras, e que tem já duas escolas a ministrar cursos no mesmo segmento. Apostados em conquistar os objectivos profissionais, colocam a mesma determinação na relação que mantêm e até já falam em casamento.
– A vossa história de amor começa por uma série de casualidades…
Benedita Paes – Há um ano, por mero acaso, o Anton sentou-se ao meu lado no Portugal Fashion e começámos a falar. Não me recordo quem iniciou a conversa, mas foi tudo muito espontâneo. Ele tinha acabado de montar esta empresa em Portugal e eu fiquei muito entusiasmada com o conceito que ele trouxe para cá. Na altura, houve logo uma empatia grande, mas ficou por ali. Ele deu-me uns cartões de visita e pronto. Nos cinco, seis meses seguintes, fomo-nos cruzando em alguns eventos, mas nada evoluiu. Mais tarde, na ModaLisboa, reencontrámo-nos e voltámos a sentar-nos ao lado um do outro, casualmente… [risos]
Anton Beill – Foi fantástico! Quando me sentei e vi a Benedita, voltei a ficar fascinado com a sua beleza. E penso que nessa noite da ModaLisboa houve aquele ‘clique’.
B.P. – Sim, houve. Mas no dia a seguir fui para casa dos meus pais, na Suíça, e estive dez dias fora. Fartámo-nos de falar ao telefone nesse período e, quando regressei, começámos a sair e a namorar.
– Depois da ligação pessoal veio a profissional…
– Um mês depois de começarmos a namorar, o Anton achou que eu tinha perfil para ser relações-públicas da sua empresa e contratou-me.
A.B. – E faz um óptimo trabalho como relações-públicas, a Benedita. Conhece Portugal inteiro e é muito bom poder contar com ela, sobretudo porque eu venho de outro país e não conhecia muita gente cá. E é quase um sonhotermos uma relação e podermos trabalhar juntos.
– E é fácil conciliar a vida pessoal e profissional?
B.P. – Passamos dia e noite juntos, o que a maioria das vezes é muito bom, intenso, mas, muitas vezes, na parte do trabalho, sentimos alguma pressão.
A.B. – É preciso saber como lidar com as coisas, porque essas discussões profissionais que temos são até muito saudáveis. E temos sempre tempo para nós, para namorar, e nessa altura tentamos não falar em trabalho.
– Apesar de estarem juntos há pouco tempo, têm planos em comum…
B.P. – Sim, pensamos vir a oficializar a relação, mas neste momento o mais importante são os nossos objectivos profissionais. Porque estamos a desenvolver um projecto muito abrangente, dentro desta área de moda e beleza, que mexe com muita gente. É um grande desafio.
A.B. – E temos duas escolas a funcionar nas áreas da fotografia e da produção de moda, que exigem muito de nós.
B.P. – São cursos que, felizmente, têm tido muito sucesso.
– E todos virados para os bastidores da moda…
– Sim, são para pessoas que sonham entrar no mundo da moda, mas do outro lado da passarela, digamos. No fundo, somos como uma agência de manequins, mas para todas as outras profissões que são fulcrais neste mundo. E é a primeira agência do género em Portugal.
A.B. – Em suma, criei um grupo que vai crescendo com várias empresas todas direccionadas para este ramo e tendo como pressuposto a qualidade das pessoas que nele trabalham.
– Por que decidiu apostar em Portugal?
– Os meus pais emigraram para Portugal quando tinha dois anos, fiz a escola no Algarve e, aos 18 anos, decidi ir para Amsterdão, onde continuei a estudar. Tirei o curso de Gestão de Moda e comecei a trabalhar por lá, mas sempre sonhei com o regresso a Portugal. Viajei por vários países, sobretudo aqueles que estão mais ligados à moda, inspirei-me num projecto que pudesse trazer para Portugal e voltei com a esperança de fazer vingar aqui as minhas ideias. E o que pretendemos é que as pessoas que estamos a formar agora estejam no top da produção de moda dentro de dez anos ou menos.
B.P. – Lisboa é cada vez mais uma capital da moda, o nosso país está cada vez mais virado para esse mercado.
– Ambos passaram muito tempo fora de Portugal. Sentem que isso vos aproxima mais?
– Sem dúvida. Temos uma grande abertura de horizontes e partilhamos muitos ideais. Seguimos caminhos muito idênticos, e isso aproxima-nos. E eu, tal como o Anton, também voltei para Portugal por paixão, para procurar as minhas raízes e desenvolver a minha carreira.
– A vossa relação parece quase perfeita…
– Sim, estivemos praticamente 20 anos fora do nosso país, estudámos, crescemos, e agora estamos prontos para iniciar um projecto sério a dois, pessoal e profissionalmente. E foi um pouco amor à segunda vista, apesar de nos termos sentido atraídos um pelo outro logo à primeira.
– Não receiam que ao entusiasmo próprio desta fase se suceda outra mais ‘morna’?
A.B. – Quando se tem a certeza, não existem receios. E nós temos a certeza que queremos estar juntos. Eu sou holandês, e esse é muito o espírito do meu país. Quando acreditamos em alguma coisa, somos determinados a fazê-lo.
B.P. – No início, eu estava um pouco de pé atrás com a questão de namorarmos e trabalharmos juntos, mas, felizmente, estamos bem e felizes e também eu tenho a certeza que somos almas gémeas. Já não conseguimos passar um dia um sem o outro.