Os Táxi nasceram há 30 anos e quando as suas músicas faziam parte do nosso álbum de recordações, o quarteto portuense surpreendeu com um novo álbum de originais, Amanhã. A CARAS passou uma tarde com
João Grande, o vocalista do grupo, também bancário, e os dois filhos deste, testemunhando uma relação familiar saudável e bem-disposta. Com 21 e 19 anos,
João Luís e
Joana cresceram a ouvir falar dos Táxi, uma banda que os pais dos amigos de escola conheciam e cujas músicas cantarolavam, e da qual guardavam boas recordações. Enquanto cresciam, a banda esteve parada (a actividade foi interrompida entre 1988 e 1995), e só em 2006 João Luís e Joana conseguiram ver o pai desempenhar em palco o papel que tantos lhe reconheciam. O concerto de S. João, na Casa da Música, que marcou o regresso dos Táxi como agora os conhecemos, foi o primeiro a que os dois jovens assistiram. Protectores do pai, que facilmente separam do músico, os filhos de João Grande apoiam esta aventura, que, reconhecem, o deixa visivelmente realizado.
– Cresceram a ouvir falar dos Táxi, mas só há três anos é que os viram ao vivo. Conhecem bem o repertório da banda?
João Luís – Conhecemos as músicas, mas os nossos amigos conhecem melhor. Quando vamos sair e conhecemos alguém novo, eles fazem questão de dizer que eu sou filho do vocalista dos Táxi e de repente começam todos a cantar o Chiclete…
João Grande – Se não fossem os amigos, que acham piada ao facto deles serem filhos do vocalista dos Táxi, eles nem queriam saber. Sempre que lhes quero mostrar uma música nova, nunca têm tempo. Fica sempre para depois…
Joana – O meu pai pode ser conhecido como músico, mas para nós continua a ser o pai!
–
O que pensaram quando o viram em palco na Casa da Música?
João Luís – Fiquei muito contente, porque já não via o meu pai assim tão feliz a fazer qualquer coisa há muito tempo. Ele estava particularmente sorridente e contente por estar a falar com aquela gente toda.
João Grande – Tal como eu gosto de os ver felizes, eles também gostam de ver os pais. E quando estou em palco, sinto-me muito bem, não há nada melhor.
– Quando deixaram de tocar, em 1988, fizeram-no na perspectiva de um dia regressarem?
– Nunca ninguém assumiu o fim do grupo. Ao longo dos anos tivemos vários convites para concertos, mas não queríamos estar sempre a tocar as mesmas músicas e, enquanto não tivéssemos nada de novo, não queríamos assumir compromissos. Conhecíamo-nos desde miúdos, não fomos um grupo fabricado, e continuámos sempre presentes nas vidas uns dos outros. Agora que voltámos, estamos muito contentes.
– O que vos levou a arriscar?
– No final do concerto da Casa da Música, procurámos uma razão para o facto de não termos voltado a compor. Agora estamos a viver o presente e realizados com o resultado do novo disco.
– Para os seus filhos, é novidade, mas como é que a sua mulher está a encarar este regresso à música?
– Tal como os meus filhos, a minha mulher quer ver-me feliz. E como ela sabe que isto é o que eu mais gosto de fazer, compreende. Ela conhece-me desde os primeiros anos dos Táxi e já me acompanhou nos anos 80, portanto, acha normal.
– Gostava que os seus filhos fossem músicos?
– Quero que eles sejam felizes, mas posso dizer que têm jeito para a música…