Raquel Prates, de 33 anos, é uma mulher que se sente capaz de fazer tudo… Ou quase tudo. Actualmente, é directora-coordenadora da galeria de arte ArtElection, é directora- adjunta da revista Luxos Time, é editora de moda na revista Urban Man e ainda é apresentadora do programa Instinto Moda. A par de uma carreira de sucesso, Raquel tem construído uma vida pessoal feliz. Casada há três anos e meio com o artista plástico
João Murillo, sabe que é em casa que encontra o equilíbrio no meio da correria do dia-a-dia.
Depois de terem passado por um período mais conturbado, durante o processo no qual a jornalista
Ana Ribeiro acusava o artista de agressão física, o casal vive agora tempos mais serenos. Apesar de nunca se ter pronunciado sobre este assunto, a apresentadora nunca deixou de acreditar piamente na inocência do marido. Raquel é uma mulher feliz, mas sabe que as coisas más fazem parte da vida. E foi sobre o que faz dos seus dias experiências de permanente descoberta que falou com a CARAS, depois de uma produção onde ficou bem claro por que é que está sempre entre as mais elegantes do nosso país.
– Está a atravessar por uma fase profissionalmente muito activa. Tem necessidade de se envolver em tanta coisa?
Raquel Prates – Tenho. Adoro trabalhar e gosto de aprender e de poder privar com equipas diferentes. Isso é muito importante para a minha construção enquanto pessoa. Aliás, o meu lado profissional está sempre presente na minha vida. E tem sido um desafio poder conciliar tudo. É um cliché, mas quando se gosta, tudo é possível.
– Mas acredito que tenha de encontrar um equilíbrio entre tudo isto…
– Encontro o equilíbrio não só em casa, mas nas pessoas com quem trabalho. Tenho a sorte de ter colegas fantásticos. E o equilíbrio vem daí. E tenho de ter algum tempo só para mim, que é muito importante. E esse é o tempo em que estou em casa, com o meu marido, durante o qual falamos de outras coisas que não o trabalho. E também encontro esse equilíbrio com a minha mãe, o meu irmão…
– Mas com um marido artista e com um pai ligado às artes, não é difícil não levar o trabalho para casa?
– Algumas conversas descambam no trabalho, mas no bom sentido. São comentários, trocas de opinião, que são muito importantes. Gosto de ver as coisas em perspectiva e de tentar perceber o que é que os outros acham das decisões que tomo. Às vezes mudo a minha decisão, outras não. E há conversas que nem considero que sejam sobre trabalho. Não devemos só estar atentos ao nosso umbigo. E isso é importante para a nossa evolução pessoal.
– É uma pessoa segura de si ou precisa de ter a aprovação dos outros?
– Sou uma pessoa muito segura de mim. Todos os dias tomo decisões. Mas gosto de ouvir a opinião dos outros, o que de alguma forma consolida a minha relação com as pessoas. Claro que às vezes a opinião dos outros difere da minha e levo a minha em avante. Pelo menos quando sei que a minha é que está certa. Mas para mim é importante ouvir, porque gosto de perceber o que é que as pessoas sentem em relação ao mundo que as rodeia.

– A Raquel de todos os dias é muito diferente daquela que se vê na televisão?
– Comecei no Portugal Radical com 17 anos e em Janeiro faço 34. Até hoje mantenho os mesmos amigos, alguns dos quais faziam parte da equipa do Portugal Radical. É muito difícil falar sobre mim… Acima de tudo, sou uma pessoa feliz, que dá muito valor aos sentimentos. Sou uma pessoa que tem uma grande necessidade de ter estruturas familiares, que devem ser o mais íntimas e reservadas possíveis. Sou uma mulher reservada, podemos dizer tímida…
– A vida tem-na mudado muito?
– Tudo aquilo que foi importante na minha vida continua a sê-lo. E eu preservo isso. Nesta fase, todas as pessoas fazem o seu balanço do ano. Eu aprendi a fazer o balanço do dia, que é muito mais importante, porque nada me garante que amanhã cá esteja. Hoje, sou muito mais fervorosa a viver os momentos, e isso fez parte do meu crescimento. Tenho mais cuidado no meu relacionamento com os outros. E aprecio mais os pequenos luxos. Ter um tempo bom é um luxo. Mas existe uma série de coisas que tem vindo a pautar o meu crescimento e que mantenho. Claro que temos de nos ir adaptando, mas conservo as minhas raízes e aquilo que considero importante.
– E como é que têm sido estes três anos e meio de casamento?
– Têm sido anos muito intensos, felizes, saborosos. Agradeço por ter um casamento como o meu e por ter uma pessoa como o João ao meu lado. Enquanto casal, equilibramo-nos. Todos os dias temos muito presente o facto de sermos muito felizes um com o outro. Ele é óptimo.
– Mas com certeza também têm divergências…
– Claro que temos! Temos pontos de vista diferentes e que acabam por ser discussões lúdicas. Somos os dois muito fervorosos a defender os nossos pontos de vista. No final, cada um fica com a sua opinião e damo-nos bem à mesma! [risos] Todos somos diferentes e temos de respeitar as pessoas na sua individualidade. Compreendo, respeito, mas não estou de acordo. Mas conseguimos viver em harmonia. O grande perigo no que diz respeito às relações de hoje em dia é que as pessoas idealizam algo. E, ao fazerem-no, olham e chegam à conclusão que vivem uma mentira. E aí vem a desilusão. Não quiseram aceitar o outro como ele é. E nós aceitamo-nos com as coisas boas e com os maus feitios.
– O que é que tem aprendido com o seu casamento?
– Não sinto a responsabilidade do casamento, como as pessoas a colocam. Namoro com o meu marido todos os dias. O que senti foi um crescimento da família. De repente, passámos a ser muitos. Claro que temos o nosso espaço, mas somos muitos. O que tem sido uma aventura! O meu marido é angolano, a família também, e, portanto, até a nível cultural somos diferentes. Mas tive muita sorte, porque são pessoas muito felizes e com perspectivas de vida muito enriquecedoras.

– Mediaticamente, já passaram por situações delicadas. Isso fortaleceu-vos?
– Obviamente. Quando passamos por situações dolorosas e as ultrapassamos, isso fortalece-nos enquanto pessoas e casal. Essa fase só veio confirmar o bom que é apaixonarmo-nos todos os dias. Independentemente do resto, só posso dizer que isso é o mais importante.
– O trabalho tem adiado a maternidade?
– Nós temos muita vontade de sermos pais e acredito que esteja para muito breve. Não faço projecções, porque a vida muda de um momento para o outro, mas se fizesse planos, diria que era para o ano! [risos] Não sei se é o chamado relógio biológico, mas temos uma grande vontade de ter filhos. O nosso filho ou filha já tem uma personalidade tão vincada que é ele que escolhe o dia em que quer nascer.
– É uma pessoa que faz planos?
– Fazia muitos planos. Projectava tudo. Mas a vida ensina-nos que isso não é possível, porque acabamos por sofrer por antecipação. E os cenários que idealizamos na nossa cabeça não se concretizam… E o planear também nos retira alguma liberdade, isso é uma das coisas que tenho vindo a aprender. Não vale a pena aprisionar-me em projecções. Tenho é de viver os momentos. Ainda organizo muito, mas de uma forma mais leve, sem criar expectativas. A ilusão leva directamente à desilusão.
– É a maneira mais livre de ser do João que a ajuda a ser uma pessoa mais concentrada no presente?
– Ajudamo-nos mutuamente. O João é das pessoas mais livres que conheço, a nível do pensamento e das complicações diárias. Quando complicamos na nossa cabeça, o João quer fazer, concretamente. Vamos experimentar, vamo-nos desafiar. Isso é algo de que ele gosta. O João está em constante desafio com ele próprio. E é uma perspectiva que desconhecia e que tenho tentado adaptar à minha maneira de ser. Somos atentos, de maneiras diferentes. As pessoas acham que não somos muito diferentes, mas somos. Adaptámo-nos foi muito bem.
– A Raquel consta quase sempre da lista das mais elegantes em Portugal. Qual é a relação que tem com a sua imagem?
– Acima de tudo, e espero que isto não tenha interpretações erradas, o conceito de elegância é muito abrangente e, na minha opinião, não é saber estar, é saber ser. Gosto de moda, de tendências, de imagem, da velocidade com que a moda se move, gosto do glamour, de nos podermos quase mascarar, mas no bom sentido. E tudo isso é apaixonante. Nunca fui uma vítima da moda. Quando gosto das tendências, adapto-as à minha personalidade e ao meu dia-a-dia, que obviamente varia. E gosto de ousar numa ou noutra circunstância. Gosto de me mimar. A vertente estética é um mimo para mim.
– Então não vive obcecada com a sua aparência…
– Gosto de olhar ao espelho e sentir-me bonita. Mas se não me acho bonita nesse dia, isso não tem a capacidade de alterar o meu humor. O meu conceito de beleza é muito imperfeito. Não vivo obcecada com a minha imagem.