Tem no olhar a certeza de quem não receia o que a vida possa trazer, arriscando sempre o caminho que lhe parece conduzir à felicidade.
Cristina Lacerda, de 36 anos, tem nos filhos,
Carolina,
Salvador e
Francisca Lacerda Folque, de oito, sete e quatro anos, respectivamente, os maiores companheiros, principalmente desde que se divorciou do pai das crianças, há três anos e meio. Filha de
Cristina e
Jaime Lacerda, também recentemente separados após 40 anos de casados, a empresária, uma das responsáveis pelo Chá da Lapa, esteve na serra da Estrela a convite da CARAS e da Seat, onde falou sobre o seu percurso de vida e confessou que, apesar de não ter deixado de acreditar no amor, ainda não voltou a apaixonar-se.
– A Cristina vem de uma família grande, tem quatro irmãos. Como recorda a sua infância?
Cristina Lacerda – Tenho óptimas recordações, estávamos sempre juntos e, nas férias, como tínhamos uma quinta em Viana do Castelo, juntávamo-nos aos primos e amigos. Passávamos muito tempo em família. Tenho muitas saudades dessa altura.
– Estudou comunicação social, produção e realização televisiva, e ainda psicologia, mas não terminou nenhum dos cursos. Alguma vez se arrependeu disso?
– Claro que sim, principalmente no caso da psicologia. Era muito desprendida e aprendi muito à minha custa.
– Sempre procurou, então, fazer valer a sua posição?
– Sim… um bocadinho. Sempre fui meio rebelde.
– Não foi difícil para os seus pais?
– Julgo que sim, e eles ralhavam muito comigo. Espero que os meus filhos não me dêem metade do trabalho que eu lhes dei. [risos]
– Deu muito trabalho aos seus pais?
– Dei algum, mas também fui aquela filha que esteve sempre presente. Tanto que os meus pais separaram-se há pouco tempo e o meu pai está a viver comigo.
– A separação deles foi difícil para si?
– Era inevitável.
– Casou-se aos 24 anos, esteve casada durante nove e já está divorciada há três anos e meio. Como viveu a fase da sua separação?
– Não foi fácil, mas estive sempre de consciência tranquila, não havia nada a fazer… Já tínhamos estado separados uma vez, depois voltámos, nasceu a Francisca, e tentámos novamente que tudo desse certo, mas já não dava…Não sou dramática, não vale a pena insistir no que não tem remédio. Não me arrependo de nada do que fiz, tenho muito orgulho na mãe que sou e em tudo o que consegui alcançar. Hoje em dia somos muito amigos, o que é óptimo para os miúdos, foi pacífico.
– Como é que os prepararam, explicaram-lhes o que iria passar-se?
– Eram muito miúdos, a Francisca nem um ano tinha… A Carolina era mais agarrada ao pai, mas ele também está com eles quando quer, não há regras, por isso eles sentem menos.
– Repentinamente, ficou ‘sozinha’ com três crianças…
– Foi difícil, ainda para mais porque o pai deles viaja muito. Abdiquei de algumas coisas pelos meus filhos, como a minha vida profissional, e só agora estou a retomá-la.
– Alguma vez pensou que tudo poderia ter sido diferente?
– Não mudava nada. As coisas são o que são e sou hoje aquilo que vivi ontem. Eles estão bem e tranquilos e o pai deles até já teve outros filhos… Tudo está bem!
– A sua vida mudou muito com a maternidade?
– Completamente, mas da noite para o dia. O verbo ‘ir’ sempre fez parte da minha maneira de ser e estar, se não sabia para onde iria num fim-de-semana, punha a mala no carro e partia sem destino. Mas também faço um pouco isso com os meus filhos e andamos sempre de um lado para o outro. Temos uma vida muito gira juntos.
– Eles têm idades muito semelhantes, nem sempre deve ser fácil tratar dos três.
– É cansativo, mas é um cansaço óptimo. Às vezes fico realmente estafada. [risos]
– É uma mãe permissiva, autoritária?
– Acho que um pouco das duas, pois como eles não têm o pai em casa, tenho de fazer os dois papéis. Há certas regras que devem ser cumpridas, mas não sou demasiado exigente na escola, não faço grandes alaridos se trazem alguma negativa para casa. Ralho, sim, se forem mal-comportados.
– A rebeldia que a caracterizou na adolescência ainda se revela?
– Claro, mas hoje em dia uso a minha rebeldia para outras coisas… uma pessoa aprende. [risos]
– Sente que amadureceu com a separação?
– Muito. Tornei-me uma mãe melhor, mais atenta, vivia muito para o trabalho e passei a estar mais em casa com eles. Claro que não deixo de fazer a minha vida e nem de estar com os meus amigos, mas sou uma mãe muito mais presente.
– Há males que vêm por bem…
– O mais possível. As coisas acontecem por alguma razão e temos de ver qual a melhor lição a tirar do que aconteceu. Também ele se tornou melhor pai…
– Alguma vez deixou de acreditar no amor?
– Nunca. Sinceramente, nunca pensei muito nisso…Quando me casei, achava que era para toda a vida, quando me separei, apesar de preparada, foi um choque por me ver sozinha com três crianças… E a verdade é que tudo se resolve.
– E tem receio de começar uma nova relação?
– Não. Acho que o receio que pode existir é o de apresentar essa pessoa aos meus filhos.
– Um dia que encontre alguém, se perceber que os seus filhos não gostam dessa pessoa, acha que seria um impeditivo para a relação?
– Espero que nunca aconteça. Os meus filhos estão sempre em primeiro lugar e são amores diferentes… Não sei como reagiria, não quero que os meus filhos controlem a minha vida, mas não sei o que faria.
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