Chitra é natural de Singapura e
Roman Stern da Suíça. Conheceram-se em Londres, quando trabalhavam no mesmo projecto de uma empresa de contabilidade e consultoria de gestão. Depressa a relação profissional que tinham se transformou em algo mais e, em 2000, acabaram mesmo por casar-se… duas vezes. Primeiro, em Junho, em Zurique, depois, no mês seguinte, em Singapura. Ficaram a viver na capital inglesa, até que, em 2001, foram convidados a avaliar um investimento em Portugal, na zona do Carvoeiro, no Algarve. A partir daí, as suas vidas deram uma volta de 180 graus. Apaixonaram-se pelo nosso país e viram nele um bom lugar para construir uma família. E assim foi. Em pouco tempo decidiram desenvolver o seu próprio projecto, o Martinhal Beach Resort & Hotel, em Sagres, e tiveram três filhos:
Alex, agora com sete anos,
Anita, com cinco, e
Aruna, com três.
– Um ano depois de se casarem, vieram para Portugal, onde recomeçaram a vossa vida praticamente do zero. Foi preciso alguma coragem e espírito aventureiro…
Chitra Stern – Pois foi… O nosso casamento também foi uma aventura. [risos] Porque um suíço alemão casar-se com uma indiana, de cultura, língua e religião diferentes… Como fui a primeira filha a casar e, ainda por cima, com um suíço, foi um grande passo. O meu pai era muito conservador, mas o Roman foi maravilhoso e conquistou-o. Levou a minha família para a Suíça para conhecer a dele… Foi muito bom.
Roman Stern – Fiz questão disso, porque a família é muito importante para mim. No início do namoro, houve alguma ‘resistência’, mas depois foi fantástico ver como fui tão bem recebido pela família dela e, por isso, quis que eles conhecessem a minha. Adoro ter uma família grande e ter contacto com ela.
– Como conseguiram ultrapassar as diferenças culturais e fazer com que o casamento resultasse?
Chitra – O amor está mesmo em todo o lado. Os nossos valores são semelhantes, e isso é muito importante. No mundo temos de olhar para os valores, mais do que outras coisas, como a cor, a língua…
– Como foi a vossa adaptação a Portugal?
– Custou-nos um pouco, é verdade. Mas a vida não é fácil, em todo o lado, aliás, só o é quando queremos. Quando chegámos, tomámos uma decisão e fomos para a frente com isso. E aqui encontrámos sempre pessoas boas, simpáticas, que gostam de famílias… Isso foi muito agradável.
– Estavam habituados a grandes cidades e de repente depararam-se com o sossego desta zona do Algarve…
Roman – A diferença das cidades é grande, mas acho que em todas as fases da nossa vida temos que aproveitar ao máximo aquilo que ela nos dá. Por isso, se estamos a viver no Algarve, não vamos pensar no que estamos a perder, mas sim nas coisas boas que este sítio nos dá. Por exemplo, aqui não há demasiado trânsito, temos ar fresco, sempre bom tempo, boa comida, uma vida familiar muito boa, a possibilidade de ter uma casa maior, com jardim…
Chitra – E temos também um projecto que gostamos imenso de fazer. Esse é um dos segredos, fazer as coisas com paixão. E isso foi também uma coisa que nos deu coragem para nos adaptarmos.
Roman – Nos últimos sete anos temos trabalhado para fazer esta herdade, provavelmente vamos trabalhar mais dez para implantar a nossa ideia de desenvolvimento para o Martinhal, queremos que seja um
europe finest luxury family resort. Temos uma grande ambição e, para isso, trabalhamos 24 horas por dia.
– Encontraram aqui também o sítio ideal para começar a vossa família?
– Traçámos um objectivo e dissemos: "Vamos para o Algarve, vamos começar um negócio e constituir família." E assim foi.
Chitra – É verdade. E os portugueses adoram crianças, o que foi uma coisa fantástica para nós. Os nossos filhos nasceram todos cá.
– Como é que educam os vossos filhos, havendo uma tão grande mistura de culturas na família?
– Há valores que são sempre comuns em todas as culturas, tanto seja numa educação indiana, como suíça ou portuguesa… As tradições são diferentes, é um facto, mas tentamos ensinar-lhes um pouco de cada uma. Mas eles são mais portugueses, sem dúvida…
Roman – Eles estudam na escola internacional e falam português, inglês, um pouco de alemão, tâmil… É bom para eles terem contacto com as várias culturas.
– Dizem trabalhar 24 horas por dia, mas, ao mesmo tempo, são pais de três crianças. Conseguem ter tempo para os vossos filhos?
Chitra – Às vezes é complicado. Temos muita ajuda, mas também sabemos que as crianças precisam de nós… No entanto, elas percebem que estamos a trabalhar para elas, que a vida da família é o negócio. E mesmo entre nós os dois, não pensamos que não temos tempo um para o outro, não há esse conflito, porque sabemos que estamos a criar uma coisa juntos. É quase uma criança.
Roman – Tentamos reservar sempre os fins-de-semana para estarmos com eles. Claro que gostávamos de ter mais tempo para as crianças, mas acho que é normal, em certas alturas da nossa vida, termos menos tempo e trabalhar mais. É uma luta constante para encontrar o equilíbrio certo.
– E não é complicado estarem casados e trabalharem lado a lado? Como passam tanto tempo juntos, poderia gerar conflitos…
Chitra – Não, completamo-nos a todos os níveis.
Roman – A nossa relação começou quando estávamos a trabalhar em equipa num projecto e, desde aí, sempre foi assim. Trabalharmos juntos e estarmos casados é natural para nós. Este projecto da Herdade do Martinhal nunca o conseguiria fazer sozinho, nem a Chitra, mas juntos conseguimos.
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