Recordamos as emoções, os sentimentos e os ensinamentos que o ator e encenador
António Feio partilhou com a CARAS desde os primeiros momentos em que iniciou a luta contra o cancro até bem perto da data da sua morte.
"Ando piegas. De há uns tempos para cá sinto as coisas mais intensamente, emociono-me mais facilmente."
(Abril 2010)
"Neste momento tenho a sensibilidade mais à flor da pele."
(Março 2010)
"Estou com muita curiosidade de saber o que é isto de ser avô. Vou acompanhando a gravidez dela e está tudo a correr bem. É bom ter um motivo para sorrir no meio disto tudo, que é a chegada do meu netinho."
(Fevereiro 2010)
"Agarro-me a tudo o que puder minorar o problema ou, eventualmente, resolvê-lo."
(
Janeiro 2010)
"Estou numa fase de stand by. Fiz os tratamentos todos que havia a fazer e o tumor reduziu bastante, mas não ao ponto de ser operado. Neste momento, estou à espera da opinião de uma clínica nos EUA, com a qual entrei em contacto no início da doença. Não vou fazer mais radioterapia, pois já excedi todas as sessões que o meu corpo aguenta, e a quimio também não é aconselhável neste momento. Só estou a fazer fitoterapia e medicina chinesa. O que se pode fazer agora, até haver novidades, é uma vigilância constante, para ver se a doença não progride."
(Outubro 2009)
"Quando soube que estava doente, a minha única preocupação era não me sentir bem fisicamente para continuar a trabalhar. Em conjugação com a equipa médica, os tratamentos e a produção, só houve dois espetáculos que falhámos. Receei que os tratamentos me deitassem abaixo e fossem impeditivos para subir ao palco como queria, mas isso nunca aconteceu."
(Agosto 2009)
"Não acordo sempre bem-disposto, nem estou 24 horas do dia aos pulos e a sorrir. Tenho momentos de altos e baixos, uns mais divertidos, outros menos, mas tento quanto possível tirar o maior partido da vida."
(Junho 2009)
"Não tenho propriamente medo da morte. Não é uma coisa que me anime, mas não tenho medo. Tenho mais medo de alguma incapacidade física, de perder qualidade de vida, tenho pavor de ficar ligado a uma máquina, em estado vegetativo. Mas sempre achei que iria ultrapassar o cancro. E embora não acredite muito na vida além da morte, sempre vi a morte como uma passagem, que faz parte de um ciclo de vida. A morte é a coisa mais certa que temos."
(Junho 2009)
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.