Depois de ter perdido o marido,
Dieter Stürken, em junho de 2008,
Teresa Stürken não pensava ser possível voltar a apaixonar-se. Contudo,
António Vilar foi entrando aos poucos na sua vida e desde o verão do ano passado tornou-se imprescindível no seu dia-a-dia. Teresa reencontrou a felicidade junto do reumatologista e secretário geral da ANDAR, Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide, que criou em 1995. Este amor tem sido testemunhado pela família de Teresa: o filho,
Pedro Passanha Guedes, de 37 anos, a nora,
Paula, e os netos,
Francisco, de oito anos, e
Maria Luísa, de quatro.
Foi sobre esta nova fase, serena mas apaixonante, que conversámos com os dois em casa do médico, no Estoril.
– Como se conheceram?
Teresa Stürken – No Funchal, num torneio de golfe. Foi uma amiga minha que reparou no António e, achando que ela estava interessada nele, arranjei forma de ele ficar sentado entre nós. Afinal de contas, fomos nós os dois que simpatizámos. [risos]
António Vilar – Para mim, o impacto foi logo à ida para o Funchal, assim que a Teresa entrou no avião. Estava resplandecente.
Teresa – No jantar, descobri que o António era reumatologista e conhecia os médicos que me tinham tratado, isto porque tenho artrite reumatóide há muitos anos. Foi isso que nos aproximou nesse dia e fez a conversa desenvolver-se.
– E como passaram para a fase seguinte?
António – Arranjei o contacto da Teresa através de uma doente minha. Um mês depois encontrámo-nos novamente num torneio, e aí fiz questão de a conhecer melhor.
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– E houve um pedido formal de namoro?
Teresa – A partir desse dia nunca mais perdemos contacto e depois ele ofereceu-me um anel muito bonito e disse-me que era o seu coração, e eu tomei isso como uma declaração. [risos] Desde então, nunca mais nos largámos e estamos sempre juntos, nesta casa ou na minha.
– O António teve algum cuidado na forma como se aproximou, visto que a Teresa tinha passado por uma fase difícil?
– Confesso que não. Na paixão não se olha para trás, não há controlo e, para mim, também foi uma surpresa tudo o que aconteceu. A paixão é um ‘hiperestado’ que julgamos somente próprio dos jovens. Quando se volta a senti-lo, é muito energizante.
Teresa – Não sou uma solitária, mas não pensava voltar a apaixonar-me. Tentei controlar-me, mas quando dei por mim já não havia volta a dar. Além de ser uma pessoa jovial e bem-disposta, o António é muito inteligente e uma companhia estimulante. É muito bom estar com ele e encontramos um lado engraçado em muitas situações, somos muito cúmplices.
– António, o que o conquistou na Teresa?
– A Teresa é uma mulher muito madura, completa e tem uma experiência de vida e uma maneira de estar muito apelativas. Até tem artrite reumatóide para me agradar. [risos]
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– Como tem sido este último ano?
Teresa – Tem sido muito bom, sinto-me mais nova, renovada. É muito bom estar acompanhada, e nós temos muitos pontos de vista parecidos e imensa coisa que gostamos de fazer nos nossos tempos livres, como o golfe e a dança.
António –Tem sido ótimo. Quando duas pessoas se encontram já com personalidades muito definidas, nem sempre é fácil e, no nosso caso, resulta, pois temos de facto muitos interesses em comum, que partilhamos sem grandes cedências.
– Foi fácil para a Teresa explicar à sua família que ia recomeçar a sua vida?
Teresa – O meu filho e os meus amigos queriam de facto ver-me bem e a ultrapassar aquela fase dificílima que foi a doença e a morte do Dieter, o ficar sozinha e o terror todo que se seguiu. O meu filho, a minha nora e os meus netos gostam genuinamente do António e julgam que é uma mais-valia na minha vida.
– O António, que não tem filhos, acabou por ganhar uma nova família…
– São vidas que se completam.
– A Teresa vai manter o apelido Stürken?
– Com o passar do tempo vou deixar de usar, pois deixou de fazer sentido, embora o Dieter fosse uma pessoa muito importante na minha vida e que jamais esquecerei. Foi uma fase que terminou, não da melhor maneira, mas em paz. Gradualmente, passar-me-ei a chamar Teresa Pinto Coelho.
– E gostariam de se casar?
– Julgo que não sentimos essa necessidade. Eu já fui casada duas vezes, o António uma… É somente uma formalidade. Estamos juntos porque queremos estar um com o outro e não vejo necessidade de o formalizarmos.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.