Gonçalo Rebelo de Almeida cresceu ao mesmo tempo que o grupo presidido pelo pai, Jorge Rebelo de Almeida, se expandia por Portugal e pelo Brasil. Por isso, a sua história de vida é indissociável do grupo hoteleiro Vila Galé, até porque é a este que dedica dez a 12 horas do seu dia. Apaixonado pelo seu trabalho, Gonçalo, de 36 anos, admite não ser fácil encontrar o ” equilíbrio entre a paixão, que é o trabalho, e a vida pessoal“, mas assegura ser feliz, sobretudo porque conseguiu formar um núcleo familiar que o apoia e realiza.
Depois de um primeiro casamento que não resultou, e do qual nasceu uma filha, Francisca, de seis anos e meio, o empresário encontrou a estabilidade emocional ao lado de Rita, de 39 anos, com quem se casou em Setembro de 2008, após dois anos de vida em comum. Os dois foram pais de Pedro – que tratam por Pêpê -, há dois anos e meio, e preparam-se para reviver a magia da paternidade em breve, já que Rita está grávida de oito meses, de um menino, que irá chamar-se Vasco. Foi em Beja, em plena época de vindimas, que a CARAS marcou encontro com a família.
– Já viviam juntos e tinham um filho em comum quando decidiram casar-se. Era importante oficializarem a relação?
Gonçalo – Sim, para nós era importante. Acabámos por fazer uma cerimónia civil numa casa que tenho em Sintra, e montámos tudo os dois. Foi um casamento muito giro, para o qual convidámos 80 pessoas, entre família e amigos mais chegados.
Rita – Nós casámo-nos ao final da tarde, e o Pedro, que na altura tinha dez meses, foi batizado nesse dia de manhã.
– Já formam uma família numerosa… Tencionam ter mais filhos?
Gonçalo – Não, acho que agora ficamos por aqui.
Rita – Decididamente, ficamos por aqui, a não ser que o próximo seja fantástico e não dê trabalho nenhum, o que é impossível. Três filhos, contando com a Francisca, já são muitos!
– Como é que a Francisca reagiu quando soube que ia ter um irmão?
Gonçalo – Ficou muito contente, e eles dão-se muito bem. O Pedro está sempre a imitar a irmã, adora brincar com ela.
– Muito provavelmente, ele é que irá ressentir-se com a chegada do bebé…
– Estamos com um bocadinho de receio relativamente à reação dele, que está habituado a ser o centro das atenções lá em casa. Agora vai ter que partilhar…
– Como tem corrido esta gravidez?
Rita – Está a correr otimamente. Os últimos meses são os que me custam mais, porque não conseguimos estar à vontade, nem fazer as coisas que estávamos habituadas, como poder dormir de barriga para baixo! De resto, tem corrido tudo bem, nunca tive enjoos, nem desejos, tenho apenas mais sono do que seria habitual.
– Uma curiosidade: tendo hotéis um pouco por todo o país e pelo Brasil, costumam usufruir deles em lazer?
Gonçalo – Não, é complicado, mas gostaria de conseguir fazê-lo… Já fiz algumas experiências mas, efetivamente, é difícil descansar, porque acabo por estar sempre atento àquilo que se está a passar, a ver o que está bem e o que está mal.
– Portanto, férias têm que ser passadas na concorrência?
– Sim, e acabo por juntar o útil ao agradável, porque não só estou mais descontraído, como acabo por ver o que é que se anda a fazer.
– Mas assim está sempre em trabalho!
– Sim, mas não é a mesma preocupação.
– Na verdade, se quiser descansar fica em casa, é assim?
– [risos] Não, consegue-se descansar em hotéis, embora as férias em que acabo por descansar mais a cabeça sejam as que passamos na neve. Fico em hotéis, sim, mas passo muito tempo nas pistas a fazer esqui e a preocupação com os hotéis desaparece, é mais a preocupação de não cair! Nas férias de praia é mais complicado fazê-lo, porque temos mais tempo para pensar. Eu gosto muito daquilo que faço, e continuo a ser viciado no trabalho.
– Ser apaixonado pela profissão é bom para si, mas a família é capaz de ter algumas queixas…
Rita – Tem que haver sempre um lado negativo!
– E uma vez que trabalham no mesmo grupo, deve ser quase impossível evitar levar trabalho para casa…
– É impossível, porque chegamos a casa e continuamos a trabalhar…
– Ainda por cima, trabalham no mesmo espaço físico…
– Sim, mas passamos dias em que quase não falamos um com o outro.
– E não se aborrecem, não há discussões de trabalho?
– Há algumas.
Gonçalo – Nós discutimos mais por questões de trabalho do que por outras questões. Antes assim… Quando damos por isso, paramos para pensar, e acabamos por decidir continuar a conversa no outro dia de manhã, já no escritório.
– Deve ser difícil separar as águas e deixar os assuntos de trabalho à porta de casa…
– Sim, é verdade. Por outro lado, também ajuda a alguma compreensão e entendimento pelo tempo que esta atividade exige, pela dedicação, pelas idas ao estrangeiro, ou até o chegar mais tarde a casa. Aí acaba por haver uma compreensão mútua, porque sabemos o que está em causa. Quando as pessoas estão em áreas, regimes e horários completamente diferentes, é mais difícil essa compreensão mútua.
– Parece haver, de facto, um grande entendimento entre os dois. O Gonçalo é sempre assim, simpático e calmo?
Rita – É simpático, bem-disposto e inteligente. Foi por isso que me apaixonei por ele.
– A Rita também parece ser descontraída e de fácil trato…
Gonçalo – É muito ‘boa onda’. Tem alguns acessos de mau feitio, mas são temporários e dão alguma graça, dinâmica e luta à relação. [risos] Acho que o que aconteceu entre nós foi um grande entendimento em termos de interesses em comum. Há quem diga que os opostos se atraem, que funcionam melhor, eu não concordo. Entre nós não tem de haver cedências forçadas, porque temos mais ou menos os mesmos gostos e preferências, o que facilita tudo.