Motivos para se sentir feliz e realizada não faltam a
Adelaide de Sousa. Aos 41 anos, a apresentadora conta com um casamento feliz ao lado do norte-americano
Tracy Richardson, de 49 anos, por quem se apaixonou há nove e de quem tem um filho,
Kyle, de 16 meses. Os três formam uma família feliz – e muito fotogénica – mas que talvez ainda não esteja completa. Isto porque, apesar de tanto Adelaide como Kyle terem sofrido muito durante o parto – ambos correram perigo de vida devido a um parto natural em casa que foi mal acompanhado -, a apresentadora e o marido mantêm a vontade e o desejo de serem pais no próximo ano. Durante um fim de semana passado na Pousada do Crato – Flor da Rosa, antigo mosteiro medieval da Ordem de Malta, o casal falou ainda dos esforços que tem feito para manter a ligação com a família de Tracy.
– Ao contrário do que tinham planeado, não vão conseguir passar o Natal nos EUA…
Adelaide de Sousa – É verdade, com grande pena nossa e desconsolo da avó do Kyle, que está mesmo muito triste. Vamos ter que lhe preparar uma prenda especial, talvez uma caixa cheia de fotografias do Kyle, de vários ângulos. Ela estava entusiasmada porque achávamos que ia ser possível lá ir, mas começámos a pensar e chegámos à conclusão de que seria um disparate gastar tanto dinheiro para uma viagem tão curta. É melhor guardarmos a viagem para uma altura em que possamos estar lá durante mais tempo. Talvez daqui a um ano possamos levar o Kyle para que ele veja o que é o Natal branco, num país em que tudo parece como nos filmes, as decorações, os bonecos de neve à porta das casas…
– Foi uma grande desilusão?
Tracy Richardson – Esperei três dias até ganhar coragem para ligar à minha mãe e dizer-lhe que não íamos. Ela ficou triste, porque gosta de nos ter a todos debaixo das suas asas. E o Kyle é muito especial para ela, porque eu sou o único filho homem. Quando o levámos lá a primeira vez, ele tinha três meses. Fomos de surpresa e, quando o pusemos ao colo da minha mãe, os dois desataram a rir, houve logo uma ligação imediata. [emociona-se]
– Mas fazem questão de ir todos os anos a Massachusetts durante as vossas férias?
Adelaide – Sim, vamos o mês inteiro de agosto, somos mesmo imigrantes, só não temos é muitos arraiais nem festas… mas temos centros comerciais, que é parecido! Essa é uma das nossas prioridades, é para isso que poupamos, porque senão estas pessoas nunca veem o Kyle. Já bem basta vivermos a uma distância tão grande, que temos que fazer esse esforço para mantermos os laços, porque senão é uma família só de nome. A família são os laços entre as pessoas e, se não trabalham esses laços, eles deixam de existir, e eu não quero que o Kyle perca as ligações emocionais com metade dele, porque metade dele está do outro lado do oceano e, para mim, é uma prioridade que eles mantenham esses laços.
–
Na última entrevista que nos deram, estavam exaus-tos pelas noites mal dormidas. Agora é mais fácil tomar conta do Kyle?
– Nada se compara aos primeiros três meses de um bebé. Acho que é violentíssimo em termos psicológicos, físicos e emocionais esta adaptação a uma nova vida, ao corte com o passado. Há sempre em nós a vontade de querer voltar a ter tempo para nós, a sermos senhoras do nosso tempo, mas, ao mesmo tempo, sentimo-nos mal com isso, porque amamos os nossos filhos e não deveríamos pensar na vida que tínhamos antes deles nascerem. Não faz sentido, mas é real e é humano. Não é à toa que, nessa altura, algumas mulheres entram em depressão. É muito difícil e acho que todos os pais deveriam receber um prémio de incentivo por terem aguentado os primeiros três meses dos bebés. A partir daí começa a amenizar bastante, porque o bebé começa a devolver gestos de amor aos pais, e tudo se aligeira. Agora, para mim, esta é uma fase muito mais fácil.
– A intenção de terem mais um filho mantém-se?
Tracy – Eu vou fazer 50 anos. Não sei se me estou a imaginar a correr atrás ‘da minha filha’ aos 60 anos… Não me agrada a ideia do Kyle ser filho único, mas ele tem muitos primos. Eu próprio fui um pouco filho único porque, apesar de ter três irmãs, tínhamos nove anos de diferença de idade. Eu não tive irmãos para brincar e ele tem uma grande família à sua volta. Acho que não vai sentir falta de nada. Mas a última palavra é sempre da Adelaide…
Adelaide – Sim, porque serei eu a gerá-lo e a pari-lo.
– E haverá sempre a sombra do parto em casa que não correu bem…
– Sim, não é uma recordação agradável. Se eu tivesse mais 15 anos de fertilidade à minha frente, teria mais dois ou três filhos. Quem cria um, cria três ou quatro. Sinceramente, acho que as coisas que se podem dar às crianças contam muito pouco para elas. O que conta mesmo é a nossa presença, atenção e amor. Nós temos falado com frequência em ter outro filho. Para mim, há esse amargo-doce de me lembrar do parto do Kyle, mas, ao mesmo tempo, também penso que não vai acontecer o mesmo, porque já aprendi as minhas lições, não será já um caminho estranho, desconhecido, em que cada passo que dava era uma surpresa. É verdade que temos uma família grande, mas o Kyle não está com eles diariamente, nem mesmo semanalmente. Eu cresci numa família de cinco filhos e tenho como ideal uma família preenchida, com muita confusão, mas também com essa recompensa de saber que temos sempre pessoas que olham por nós. Gostava que o meu filho experimentasse algo parecido.
Tracy – O Kyle tem sido um bebé muito fácil. Dorme imenso, não tem tido doenças… Se soubéssemos que ia acontecer exatamente o mesmo com outro bebé, então ele vinha já.
Adelaide – Vamos ver. Não me importava de, daqui a um ano, dar essa notícia à CARAS.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.