Juntos há sensivelmente dez anos,
Ana Antunes e
Pedro Filipe-Santos são a equipa perfeita dentro e fora de casa. Quando se conheceram, Pedro trabalhava na área da publicidade e
marketing e Ana já se movia no meio da produção televisiva. Ambos com um forte sentido de empreendedorismo, decidiram unir-se também na área profissional e criaram a produtora de televisão Briskman, responsável por programas como
Querido, Mudei a Casa, conceito que o casal trouxe para Portugal.
Para além de mudar muitas casas e, consequentemente, as rotinas de muitas famílias, este programa de decoração mudou também a vida de Ana, que ganhou coragem e passou para a frente das câmaras, sendo hoje uma das decoradoras deste projeto televisivo. Ana Antunes abriu as portas da sua casa, no Chiado, e ao lado do marido e do filho,
Martim, de cinco anos, contou como tem conciliado a realização dos seus sonhos profissionais com uma vida familiar estável e plena de afetos.
– Como é que uma produtora de televisão vai parar à decoração?
Ana Antunes – Toda a minha vida estive rodeada de pessoas ligadas à arte. A minha mãe era pintora e fazia vitrais, o meu tio [
António Augusto] é costureiro, a minha avó era uma pessoa com uma personalidade muito forte e, por isso, eu tinha de fazer qualquer coisa numa área mais criativa. A produção de televisão deu-me o que preciso para que hoje, na decoração, seja uma profissional mais prática, rápida e eficaz. Quando a minha mãe convidava alguém para ir lá a casa, tínhamos invariavelmente uma mesa decorada. Ela sempre foi atenta a esses pormenores e passou-me isso. E o
Querido, Mudei a Casa surgiu precisamente da minha paixão pela decoração. Mesmo antes do programa, já brincava aos decoradores na minha casa e nas casas dos meus amigos. E durante a adolescência ia para o ateliê do meu tio ver os tecidos.
![Ana Antunes e Pedro Filipe-Santos Ana Antunes e Pedro Filipe-Santos](/users/0/15/ana-antunes-e-pedro-filipe-santos-ed3b.jpg)
– Mas não deve ter sido fácil para si, que sempre esteve atrás das câmaras, passar de repente a ser uma decoradora profissional e logo na televisão…
– Foi um passo muito difícil para mim. Já estava a fazer o programa há quase seis anos quando, por força das circunstâncias, tive de substituir um decorador e passar para a frente das câmaras. Foi difícil, porque, como produtora de televisão, estou muito mais consciente dos erros de quem dá a cara. Sou a pior cliente de mim própria, porque sou muito exigente. Mas depois a transição acabou por ser algo natural… Como produtora, já acompanhava, mesmo em termos de decoração, todos os projetos…
– Como é óbvio, dá especial atenção à decoração da sua casa. O que é que ela pode dizer sobre si e a sua família?
– A casa é o nosso refúgio. Gostamos de conforto, de peças bonitas. Tanto eu como o meu marido somos muito atentos à estética. Damos importância à cor… Gostamos de receber e no Natal fazemos questão de enfeitar a casa, não apenas a árvore, mas com vários pormenores alusivos à época. Também gosto de flores, e na cozinha os desenhos do meu filho estão expostos na parede.
![Ana Antunes com o filho, Martim Ana Antunes com o filho, Martim](/users/0/15/ana-antunes-com-o-filho-martim-6507.jpg)
– Falou agora de algumas semelhanças que existem entre si e o seu marido. Têm personalidades parecidas ou são bastante diferentes um do outro?
– Ele é mais brincalhão. Eu não tenho o sentido de humor do meu marido. As pessoas perguntam-nos como é que conseguimos trabalhar juntos. E para nós estranho seria não trabalharmos os dois na mesma coisa, porque se assim não fosse quase não estaríamos juntos. E temos muita empatia, gostamos do mesmo tipo de coisas, temos a mesma noção estética e, quando produzimos algo, somos mesmo obcecados com a imagem e com os pormenores.
– Deve ser difícil não trazerem o trabalho para casa…
– Nós conseguimos fazer bem essa distinção, sobretudo a partir do momento em que fomos pais. Quando entramos em casa, a nossa atenção centra-se no Martim e naquilo que precisamos de fazer enquanto família. É óbvio que às vezes temos de falar de trabalho, mas na nossa cabeça faz-se um clique sempre que passamos aquela porta.
– Ser mãe mudou muito a sua vida e as suas rotinas?
– Muito. Fiquei mais sensível a determinadas coisas. Hoje em dia, fazer os programas que envolvem instituições de solidariedade mexe muito comigo. Tornei-me muito mais sensível a essas realidades. E descobri que passei a ter um coração fora de mim, que é o meu filho. Ele é o meu coração. O ser mãe é a minha razão de viver.
– Planeiam ter mais filhos?
– Nós não queremos que o Martim seja filho único, mas o
Querido tem sido o nosso segundo filho… E para ter um bebé preciso de tempo.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.