Filha do pianista
Sérgio Varella Cid (que desapareceu misteriosamente no Brasil em 1981) e da decoradora
Luísa Bravo,
Paula Varella-Cid herdou os talentos de ambos: dedicando-se profissionalmente a ‘embelezar’ o interior das casas, gosta de cantar nos seus tempos livres. A música, aliás, parece correr no sangue de várias gerações da família, pois também a filha mais velha,
Maria Stürken, de 21 anos, estudante de relações internacionais, sabe cantar, como demonstrou recentemente ao participar no concurso da SIC
Ídolos. As duas mantêm uma relação de extrema cumplicidade, embora tenham bem cientes que, apesar de serem amigas, o laço de mãe e filha implica regras que devem ser respeitadas e cumpridas. A decoradora é ainda mãe de
Pedro, de 16 anos, ambos do seu casamento com
Nicolas Stürken, filho do empresário alemão
Dieter Stürken, que morreu em junho de 2008.
– A paixão da Maria pela música é ‘genética’?
Maria Stürken – Julgo que sim, que é algo com que se nasce, mas claro que o facto de ter crescido a ouvir a minha mãe cantar também terá influenciado.
Paula Varella-Cid – Será com certeza, mas eu nunca a influenciei em nada. Sendo filha e neta de músicos, sempre soube que era muito complicado, e como a música na minha vida esteve sempre mais ligada a um
hobby, nunca incentivei a minha filha a seguir esta carreira. Mas também nunca travei nenhum dos meus filhos a fazerem o que mais gostam.
– Apoiou a Maria nos
castings de
Ídolos. Imagino que o tenha feito por saber que ela nunca descurou os estudos…
– Com certeza. Acho que ela vai fazer da vida aquilo que achar, mas sem dúvida que tem uma bagagem cultural acima da média dos miúdos da idade dela e, a meu ver, não faria sentido ela perder isso e não acabar o seu curso, até porque esta será mais uma ferramenta para a sua vida.
Maria – Nem eu nunca arriscarei nada na música sem ter uma garantia e um diploma na mão. Além de que a música é uma paixão, mas também tenho outras, e acho que há tempo para tudo.
– Como definem a vossa relação? É mais de amigas ou, acima de tudo, de mãe e filha?
Paula – Temos uma relação ótima e somos muito amigas, mas acima de tudo somos mãe e filha. Apesar de hoje em dia termos uma relação muito mais adulta, há regras a serem cumpridas.
– O facto de estar separada do pai dos seus filhos tornou-os mais protetores para consigo?
– Fui educada de uma maneira muito compartimentada, cada pessoa deve saber qual o seu lugar, e por mais que os filhos até tenham um sentimento de proteção para com os pais, não têm de o fazer.
Maria – Chega uma altura em que os filhos também têm realmente um instinto protetor para com os pais, mas não há realmente nada que possamos fazer, é utópico. [risos] Passámos por todas as fases normais de relação entre mãe e filha… Hoje em dia a nossa relação é ótima, mas na adolescência eu era um bocado parva. [risos] É minha mãe, não é a minha melhor amiga, mas é minha amiga, e isso é muito importante.
– A separação dos seus pais não a terá aproximado mais de cada um individualmente?
– Não sei, pois os meus pais separaram-se quando era pequena e não me recordo deles juntos… Mas sim, se calhar conheço-os melhor individualmente assim do que se eles fossem casados, pois os pais separados têm uma relação diferente com os filhos, há uma cumplicidade maior e até uma forma diferente de lidar com a educação dos mesmos, pois não tem de haver um esforço conjunto para que as regras sejam homogéneas.
– Sempre que surge algum problema, a primeira pessoa a quem recorre é a sua mãe?
– Depende do assunto, mas claro que se algo se passar comigo, a minha mãe percebe e a conversa entre nós acaba por surgir.
– Vendo o trajeto seguro dos seus filhos, assumo que a Paula considerará que tem feito um bom trabalho enquanto mãe…
Paula – Espero que sim, mas julgo que todos os pais têm a tendência para achar que poderiam ter feito melhor e às vezes penso assim, pois todas as opções diárias que tomamos mudam o rumo da nossa vida, e isso é difícil de gerir. Mas acho que o resultado está à vista e não está mal. [risos]
– A Maria sente o ‘peso’ do apelido Varella-Cid?
Maria – Há o peso do legado e do orgulho de um nome que faço sempre questão de defender. Para mim, o mais importante é tirar a herança positiva do lado musical da minha família e sempre me quis informar bastante sobre ela, para saber daquilo que falo quando me questionam e desta forma carregar esse apelido com dignidade.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.