Em criança,
Teresa Tavares sonhou ter profissões tão heterogéneas como bailarina, telefonista, médica e caixa de supermercado. Foi na adolescência que sentiu o apelo da sua verdadeira vocação: a representação. Aos 17 anos saiu do Ribatejo, onde vivia, e mudou-se para Lisboa, já estava então a trabalhar no seu primeiro projeto televisivo, a novela
Jardins Proibidos. Desde então nunca mais parou: passou pelo teatro, pelo cinema e até experimentou a apresentação, no programa
Curto Circuito, da SIC Radical. Neste momento integra o elenco da novela
Laços de Sangue, da SIC, e nesta conversa falou sobre a sua carreira e a relação de quatro anos com o editor de imagem
Filipe Cary.

– Não é habitual falar sobre a sua vida privada, mas sei que tem uma relação há quatro anos…
Teresa Tavares – Pois, gosto de preservar esse meu lado, mas como fomos juntos a uma viagem, acabou por se falar um pouco da nossa relação. Não falar sobre a minha vida sentimental é uma opção, pois acredito que as pessoas têm é de ver o meu trabalho. Sou uma atriz e acredito que quanto mais o meu trabalho falar por mim, mais as pessoas o podem seguir. Mas foi uma história muito simples, conhecemo-nos ocasionalmente na rua, pois morávamos perto um do outro, fomos beber um café e acabámos por nos apaixonar.
– As reservas que tem em relação à sua vida pessoal sempre existiram ou são resultado da sua profissão?
– Sou ciosa da minha privacidade por natureza, embora não tenha qualquer problema em assumir uma relação.
– Trabalharem na mesma área é a uma facilidade?
– Julgo que sim, sobretudo a nível de ritmos. Acredito que seja mais complicado conjugar tudo com naturalidade se tivermos uma profissão com muito mais regras.

– O casamento está nos seus planos?
– Honestamente, nunca foi uma daquelas coisas com que tivesse sonhado. Como uma grande amiga minha diz,
"os atores nunca sonham com essas coisas, pois já se casam nos filmes" [risos]. Se calhar isso é verdade… Se as coisas se proporcionarem, claro que acontecerá. Tento viver o dia-a-dia, ter atenção aos caminhos que me podem surgir e ouvir os sinais. Deixo fluir…
– E ser mãe?
– É um bocado como penso em tudo o resto: quando acontecer. Claro que quero ser mãe e isso irá acontecer, pois acredito que quando chegar a altura há de ser de tal maneira evidente, que tudo se irá arranjar.
– Já passou pelas diversas áreas da representação, e até pela apresentação. Qual é a sua verdadeira paixão?
– É ser atriz, em qualquer das vertentes. Há diferentes técnica para cada meio, mas a génese é a mesma. É a descoberta constante que me apaixona. A apresentação foi uma coincidência, algo em que acredito, mas nem sequer sei se hoje em dia apresentaria um programa. Já tinha feito algum trabalho como atriz, mas pouco, e como estava no curso de Ciências da Comunicação, acabei por ir fazer o
casting e fiquei. Disse logo no começo que era atriz e que só ficaria no programa se pudesse continuar a sê-lo ao mesmo tempo.

– Não terminou o curso…
– Pois, quando o comecei a tirar já trabalhava como atriz e sabia que era aquilo que queria, mas como estava ainda no meu primeiro trabalho de televisão e sabia que era impossível conciliá-lo com o Conservatório, resolvi candidatar-me a outro curso. Acabei por fazer só um ano e tal e uns três ou quatro anos depois ingressei no Conservatório.
– A precariedade da profissão de atriz preocupa-a?
– Na situação que vivemos hoje em dia, qualquer profissão é preocupante e também não sou uma pessoa receosa. Tenho medo de algumas situações, mas como sei que este é o meu caminho, nada de demove. Não é de todo isso que me faz questionar se sou ou não atriz… Sinto que, se estou aqui, é por algum motivo e continuo o meu percurso.

– Esteve algum tempo afastada da televisão e mais ligada ao cinema e ao teatro…
– Sim, enquanto estive no Conservatório era mais complicado. Mas no ano passado, que foi maravilhoso a nível profissional, consegui conciliar teatro, cinema e televisão. Ao longo dos anos tenho conseguido esta diversidade de propostas e é muito bom, são experiências enriquecedoras.
– E a nível pessoal, já começa a fazer outro género de planos ou ainda está demasiado focada na sua realização profissional?
– Ser atriz foi a forma de vida que escolhi e todos os ritmos e necessidades que tenho têm que ver com a minha profissão. Para ser honesta, toda a minha vida acaba por andar à volta das necessidades que a minha profissão me traz. Mas claro que é muito importante termos os nossos afetos seguros e próximas as pessoas com quem podemos contar. Não há primeiros lugares, no fundo, é uma troca constante. A minha família também me educou para pensar assim…

– É uma mulher afetuosa?
– Julgo que sim [risos]. Não sou muito sociável e só me entrego a quem confio.
– Parece segura e madura. Sempre foi assim?
– Julgo que não. Acho que foi algo que foi crescendo, e também contribuiu o facto de ter vindo para Lisboa sozinha aos 17 anos. Foi uma mudança brusca e importante, mas também um choque que me terá amadurecido. Essa mudança, todo o meu percurso, as opções que fui tomando, que nem sempre foram as mais evidentes, e as coisas que tenho passado é que me fizeram amadurecer.
– Lida bem com as críticas?
– Tenho um filtro. Penso nelas, oiço-as atentamente e tento percebê-las, mas depois seleciono aquilo em que realmente acredito. Já aprendi que, mesmo quando determinada crítica foi dura e verdadeira, percebo em que me é útil, mas depois não me massacro, até para não criar ansiedade no que há de vir. Arrumo bem as coisas e sigo viagem [risos].
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.