Não é o ‘filho secreto’, como chegou a ser publicado na imprensa na altura da morte de
Raul Solnado, em agosto de 2009.
Mikkel Solnado é uma pessoa reservada, que gosta da sua privacidade, e que viveu os últimos 16 anos na Dinamarca, país onde nasceu. A sua mãe,
Anne-Louise Schmidt, foi a intérprete dinamarquesa que chamou a atenção de Raul Solnado na plateia do Teatro Villaret, a quem acabaria por enviar um ramo de flores depois de descobrir, com a ajuda da embaixada, a sua morada.
Mikkel, filho único dessa relação, nasceu em outubro de 1975.
"Como foi logo a seguir ao 25 de abril, eles decidiram que era melhor a minha mãe ter o filho na Dinamarca. Ela foi para lá grávida e regressámos a Portugal quando eu fiz três meses", conta Mikkel, que ficou no nosso país até completar o liceu, apesar de os pais já estarem separados desde os seus três anos. Aos 19 anos decide, então, ir viver para a Dinamarca com a mãe, onde permaneceu até reencontrar, através do Facebook,
Helena Tomás – uma amiga que conheceu durante as férias e fins de semana que passava na casa que o pai tinha na Costa de Caparica -, por quem se apaixonou no último verão. Em outubro, Mikkel voltou a fazer as malas, desta vez para regressar a Portugal, onde tenciona dar continuidade à carreira musical que iniciou no seu país natal. Depois do sucesso do tema
We Can Do Anything, o músico acaba de lançar o seu primeiro álbum,
It Away, cujas músicas escreveu a pensar na namorada, e que pode ser descarregado gratuitamente na sua página de Facebook, Mikkel Solnado Music.
– Na última edição dos Globos de Ouro foi prestada uma homenagem a Raul Solnado, na qual cantou um dos seus temas. Deve ter sido um momento muito especial para si…?
Mikkel Solnado – Foi muito especial. Adorei fazer aquela homenagem ao meu pai. Foi, aliás, a única em que participei, porque prefiro lembrar-me dele enquanto meu pai e não como figura pública.
– O seu pai não chegou a testemunhar este seu início de carreira em Portugal. Acha que ele se sentiria orgulhoso?
– Claro que se sentiria orgulhoso, e acho que me iria ajudar e aconselhar. Ele dava sempre muitos conselhos.
– Como é que o recorda?
– Recordo-o a sorrir, a contar piadas. Era uma pessoa divertidíssima. Lembro-me dos churrascos que fazia na casa da Caparica, de ir com ele para os bastidores do teatro… Cheguei a participar com ele na série
Lá em Casa Tudo Bem, mas como figurante, porque eu era muito envergonhado. Mas é disso que me lembro: era uma pessoa feliz, contente, adorava as pessoas, sair à noite, ir ter com os amigos.
– O início da história dos seus pais é muito bonito. O Mikkel, tal como o pai, também se deixou conquistar pela beleza da Helena?
– Não enviei flores, mas enviei uma mensagem através do Facebook. Mentira… também lhe enviei umas flores da Dinamarca! É verdade, já nem me lembrava desse pormenor. Que coincidência…
– Decidiram logo passar a viver juntos. Foi uma decisão pensada, ponderada?
– Depois de refletirmos sobre o assunto, chegámos à conclusão de que nos iríamos arrepender se não tentássemos. A Helena é uma pessoa fantástica e apareceu numa fase da minha vida em que achava que não ia encontrar o amor da minha vida.
– Porquê?
– Porque tive uma série de relações na Dinamarca que não funcionaram…
– Então o problema era com as dinamarquesas!
– Era isso. As dinamarquesas são lindas, mas demasiado liberais. Depois encontrei a Helena que, embora seja liberal, é-o de uma forma mais portuguesa, digamos assim. É uma pessoa lindíssima, que me respeita, a mim e ao meu espaço, que se preocupa comigo e me apoia. É com ela que me imagino a viver o resto da vida.