Conhecida pelo seu espírito jovial e pela forma otimista como encara a vida, mas também pelo receio de que o avançar da idade possa trazer-lhe alguma debilidade física,
Lili Caneças é, aos 67 anos, uma mulher assertiva e ciente de como quer viver o resto dos seus dias. Por isso, dez anos depois de ter feito o famoso
peeling que transformou o seu rosto precocemente envelhecido numa pele rosada e sem rugas, foi sem receios que decidiu voltar a entregar o seu rosto aos cuidados dos cirurgiões da Corporación Dermoestética.
Foi sobre a nova intervenção cirúrgica a que irá submeter-se ainda este ano, sobre a forma como encara a morte e sobre a sua relação com os filhos,
João e
Rita, e os netos,
Pedro,
João e
Inês, que Lili conversou com a CARAS durante um fim de semana passado na Madeira, por ocasião da reabertura da Quinta do Furão.
– O que a fez decidir submeter-se a outra cirurgia estética?
Lili Caneças – O meu
peeling já fez dez anos e foi ‘Dia Nacional de Lili Caneças’, em que o país parou para ver a minha pele [risos]. Vou fazer um
lifting ao pescoço, pois a pele da minha cara está muito boa e o pescoço já não condiz com ela. Como terei de levar anestesia geral, darei mais uns retoques [risos], como fiz em 2005, quando tirei umas rugas dos lábios e dos olhos, através de uma blefaroplastia.
– Não tem receio do pós-operatório?
– Não, este, então, será facílimo. Depois do
peeling que fiz, qualquer coisa a seguir é
peanuts.

– Mas a Lili também tem alguns cuidados que ajudam a prevenir a idade…
– Tenho todos [risos]. Na minha idade, fazer exercício físico é tão importante como comer, beber ou respirar. É mesmo obrigatório, porque não o fazendo não há
peelings ou
liftings que resistam, pois a pessoa fica sempre com um ar de velha. Os músculos têm de ser exercitados e hidratados. Trabalho muito os braços, pois na minha idade é fatal e não há plásticas que resolvam, já que deixam uma cicatriz imensa. Para quem use a desculpa de ser caro frequentar um ginásio, digo que andar a pé, nadar e subir escadas não custa dinheiro. As pessoas têm de parar de dar desculpas a si próprias que depois as levem a envelhecer sem qualidade de vida.
– Sente que se enquadra na terceira idade?
– Não. Há pessoas mais novas do que eu que já têm uma atitude de quem está à espera da morte e que, por chegarem a determinada idade, se sentem velhas. Isso era antigamente, hoje em dia não faz sentido nenhum. A esperança média de vida numa mulher em Portugal é de 84 anos. Se vou viver pelo menos até lá, quero fazê-lo de forma saudável. Hoje em dia as pessoas já não são velhas aos 60 anos.
– Nunca se cansou da fama?
– Não, já estou habituada a que as pessoas olhem para mim e a ser o centro das atenções. Acho o tipo de protagonismo que tenho muito agradável. Nesta altura do campeonato, não posso ser mais conhecida ou famosa do que sou. Já me estreei no teatro, já criei uma linha de joias, já escrevi em revistas, todos os dias me convidam para novos projetos. O que é que me falta fazer?! É engraçado que, quando experimento algo de que gostaria, perco de certa forma o interesse. Só sei que tenho de acabar a minha vida de uma forma que me dê muito prazer.

– O que é que ainda lhe falta concretizar?
– Tudo [risos]. O meu maior sonho, à semelhança do
Larry King, seria o de ser a pessoa mais velha do mundo, mas com qualidade de vida.
– Como encara a morte?
– Não tenho medo de morrer, até porque sou católica apostólica romana e, como tal, estou preparadíssima para a morte e até já estive em situações em que achei que isso poderia acontecer. Aquilo que me preocupa é não assistir ao crescimento dos meus netos e não partilhar com eles todos os momentos das suas vidas. Não vou saber, porque não terei tempo para isso, e é essa falta de tempo que me preocupa. Hoje em dia acho que ter tempo é um luxo e vejo as pessoas a gastá-lo à toa. O meu tempo é a minha joia mais valiosa. Ter tempo para mim é o meu luxo, pois sei que está a chegar ao fim.
– Mudando de assunto: sente-se mais preenchida no papel de mãe ou no de avó?
– São totalmente diferentes. O dia em que o meu filho João nasceu, por ter sido o primeiro, foi o mais feliz da minha vida, e com os meus netos não senti isso. Tenho muitas saudades de quando os meus filhos eram pequenos, pois davam-me muitos mimos, toques e abraços, o que hoje em dia já não acontece, apesar de estarem sempre muito atentos e preocupados. Sou uma avó que está com os netos somente por prazer e não por obrigação. A minha relação com os meus netos não é diária, nem substituo os pais. Comigo têm a brincadeira que não é possível com os pais, por terem de os educar. Gostava que os meus netos se recordassem de mim como uma contadora de histórias, uma pessoa bem disposta e que amava a vida.