Angélico e
Abel Xavier conheceram-se há quatro, cinco anos, apresentados por uma amiga em comum num restaurante.
"Já tínhamos vontade de nos conhecer, mas não tinha havido oportunidade", conta o ex-futebolista. Logo ali nasceu uma empatia mútua que evoluiu para uma relação de irmãos.
"Falávamos todos os dias. Como dizia a mãe dele, eu era o ‘mano velho’. Falávamos todos os dias, viajámos juntos… Foi uma grande perda, um choque profundo."
Em jeito de homenagem, Abel Xavier assina uma carta que aqui reproduzimos:
"Meu Irmão,
Entre encontros e desencontros, pessoas que partem e ficam nas nossas vidas, existem aquelas ‘especiais’ que nos marcam e que nunca sairão do nosso coração.
Encontrámo-nos e conheci-te rapidamente. Deparei-me com a tua força e beleza interiores. Eras um solitário com muita gente à tua volta, mas pouca para confiar, para falar, para acreditar.
Abrimos mutuamente os nossos corações, mas também a porta de casa. Foste puro e genuíno, rimos e chorámos juntos. Era uma relação profunda, o conforto de um porto de abrigo que não tinha preço, partilhámos muitas confidências e a empatia que respirávamos era baseada numa confiança ilimitada.
A mensagem positiva da tua música, do teu sorriso, do teu talento, da tua alegria, ficará para sempre presente.
Aquela forma galã e encantadora fez de ti uma referência mas também um refém.
Meu Irmão,
Guardo a imagem de quando falava contigo, dos teus impulsos, da emoção contida nas palavras, espero que me tenhas ouvido.
É um registo que de alguma forma reconforta o meu coração. Talvez tenha sido um sinal de despedida, num caminho para um lugar no qual acredito que existe e que nos voltaremos a encontrar.
Paz e Amor.
Hoje… Amanhã…
SEMPRE."