Apesar de trabalhar em televisão há 17 anos, Bárbara Guimarães, de 38, está a viver uma estreia na sua vida profissional, com a apresentação de um reality show: a segunda série do programa Peso Pesado, da SIC. Visto que as gravações do programa são no Alentejo, Bárbara tem agora uma agenda mais preenchida, por isso, todos os momentos que tem livres são dedicados ao marido, Manuel Maria Carrilho, e aos dois filhos de ambos, Dinis Maria, de sete anos, e Carlota Maria, de um ano.
Foi durante uma produção no Monte Chora Cascas, em Montemor, local onde se refugia frequentemente com a família, que a apresentadora partilhou com a CARAS como está a ser esta experiência tão exigente a nível profissional e pessoal.
– Este projeto é muito diferente de tudo o que já fez. Está a gostar?
Bárbara Guimarães – Tem sido muito intenso e desafiante, quer a nível profissional quer humano. Apresentar um docu reality é, realmente, muito diferente de tudo o que tenho feito até aqui. Acredito que é bom haver abertura por parte de um apresentador para novos registos e eu tenho que me reinventar em cada projeto. Se me preocupo com a diversidade no meu trabalho e com o pôr-me à prova, este programa teria de fazer parte da minha vida.
– A primeira série foi apresentada pela Júlia Pinheiro. Tem receio das comparações?
– Tanto eu como a Júlia esperamos que façam as comparações todas, até porque, como ela diz, conseguimos chegar a uma segunda série com muitas novidades. A primeira série foi um grande sucesso, líder de audiências, e esta está a ser ainda melhor no seu conteúdo. Como é normal tudo se apura, tudo se melhora numa segunda vez. De resto, a Júlia foi a primeira pessoa com quem conversei sobre o formato e o registo certos para este programa. Ela avisou-me logo que teria uma prestação totalmente diferente de tudo o que fiz até hoje. E tinha razão!
– Aos 37 anos, a Bárbara tem uma figura invejável. O que faz para a manter?
– Fazer um programa destes e falar da minha imagem… [risos] Acredito que acima de tudo a pessoa tem de estar bem consigo própria. Claro que, se cuido de mim, tenho de ter cuidado com o que como [risos]. E uma boa alimentação não passa por comer pouco, mas sim de uma forma saudável, se possível várias vezes durante o dia.
– A verdade é que a silhueta da Bárbara já teve algumas oscilações ao longo dos anos…
– Sim, já tive peso a mais. Mas depois do nascimento do meu primeiro filho aprendi a comer. Foi nessa altura que percebi que quando desejamos emagrecer não devemos comer pouco, mas antes comer de forma saudável. E completar essa alimentação com exercício físico. Posso dizer que o meu grande alerta em termos de dietas aconteceu após o nascimento do Dinis. Foi nessa altura que descobri que não devemos fechar a boca, mas sim abrir a mente. Percebi que com uma alimentação saudável nos tornamos mais magras, mais resistentes e com melhor qualidade de vida.
– Com as constantes viagens para a herdade, ainda lhe sobra tempo para ir ao ginásio?
– A verdade é que não. Ginástica de ginásio deixei de fazer, mas a ginástica na minha vida é uma constante! É difícil ser-se uma atleta com tantas responsabilidades pessoais e profissionais.
– A gestão dessas responsabilidades, desde que está a apresentar o Peso Pesado, teve reflexos no seu peso?
– Emagreci. Menos do que os concorrentes, pois também não tinha muito para perder. A verdade é que também já não gosto de me ver muito magra. Quando fui mãe pela primeira vez e aconteceu o tal alerta que me levou a fazer dieta e emagreci muito, fiquei mesmo muito magrinha. Agora, considero que já não preciso de ter esse peso. Estou com um bocadinho mais de peso do que tinha antes de nascer a Carlota, mas prefiro assim, sinto-me bem e não quero emagrecer mais.
– Tem noção de que a sua boa forma pode servir de exemplo para os concorrentes…
– Eu gostava que servisse, pois eles estão ali para perder peso. E, mais ainda, perdê-lo e depois mantê-lo. No fundo, mantê-lo é que é a grande batalha. Os quilos que eles vão perdendo todas as semanas e que se veem no dia da pesagem são para mim também uma vitória. Celebro com eles a felicidade que vai surgindo semana após semana. E nos dias das pesagens noto que as concorrentes femininas estão muito atentas a mim. Olham para a minha forma física, mas também muito para o que eu visto. Nos programas, já comunicamos com sinais. Basta um piscar de olhos para saber que gostam mais de um ou de outro vestido que uso. São momentos de cumplicidade que partilhamos antes da grande tensão que é sempre a pesagem. Já para não falar da reação dos concorrentes quando chego com os meus chapéus e as minhas galochas de várias cores…
– Ao lidar com as emoções dos concorrentes, as suas também são afetadas?
– Naturalmente, celebro com eles as vitórias e comovo-me com os sacrifícios e o imenso esforço diário que fazem. O programa são eles, eu apenas conduzo as pesagens, as provas e, claro, as emoções. Na verdade, estou ali com grande disponibilidade para os ouvir, procurando fazer sempre a pergunta certa no momento certo, que o espetador quer ouvir e que eu, enquanto pessoa, também. Neste programa, os meus olhos estão sempre nos olhos deles e nunca nas câmaras.
– No Peso Pesado fala-se muito de tentações. A Bárbara tem tentações?
– Muitas [risos]! Tentam-me as pequenas coisas, seja ter tempo só para mim, para não fazer absolutamente nada, seja fazer coisas diferentes com os meus filhos. E estou muito tentada a, logo que possa, ir passar uns dias muito longe, com o meu marido e sem as crianças. Este programa tem-me tirado muito do meu tempo de família, portanto, todos os momentos livres que tenho têm sido inteiramente para os meus filhos. Mas como eu gosto muito de namorar, já tenho saudades disso… de ter tempo para o fazer.
– O programa ocupa muitas horas do seu dia. Como tem conseguido conciliá-lo com a vida familiar?
– O tempo que passo com os meus filhos e com o meu marido é de qualidade e no programa também há uma grande entrega da minha parte.
– Deve ser bastante diferente ser mãe de um rapaz ou de uma rapariga…
– A verdade é que ora com um filho ora com uma filha, vou-me descobrindo enquanto mãe. É tão bom ter o privilégio de viver tudo isto que só quero deixar fluir… É muito engraçado, muito cheio de coisas boas. Os miúdos são uma novidade constante, fazem-nos descobrir pontos de vista e coisas simples e bonitas. Um bebé é mais um futuro que se apresenta a uma família e está a ser fabuloso.
– O Dinis é muito protetor em relação à irmã?
– Muito. Gosta muito dela e é muito doce com ela. Conta os passinhos todos que ela dá [risos]. Brinca imenso com ela, conta-lhe histórias… E ela sempre divertidíssima e a sorrir para ele.
– Agora que está com mais trabalho, sente que tem perdido alguma coisa do crescimento da Carlota?
– Não. Quando estou com eles não há interferências. E trabalhar faz parte da vida. Depois, tenho ajudas preciosas das irmãs, das avós e até da bisavó. E, claro, o grande pilar de tudo isto é o pai, que sempre foi muito educador e presente na vida deles.
– É uma mãe permissiva ou autoritária?
– Sou uma pessoa descontraída e pouco irascível, mas sou uma mãe muito educadora, não permito faltas de respeito. E sei que mais tarde eles vão entender isso.
– Eles são parecidos com quem?
– Com eles próprios! Tanto gostam de fazer programas com o pai como com a mãe, que são totalmente diferentes, como todos juntos… Eles convivem bem com as nossas diferenças.
– Diz que é uma pessoa descontraída…
– Sim, serena, tranquila, feliz, mas sempre um furacão de energia. A minha tranquilidade e serenidade convivem muito bem com a minha inquietude e intranquilidade.
Fotos:João Lima
Texto:Andreia Cardinali