Somente pelo seu apelido, David Carreira, de 20 anos, já dispensaria apresentações. Filho do cantor Tony Carreira e irmão de Mickael Carreira, também ele cantor, David estreou-se na moda aos 15 anos e começa a conquistar o mundo da representação e da música. O primeiro álbum, que batizou com o seu próprio nome, tem dado que falar, sobretudo por causa dos videoclips – que interpreta, produz e realiza –, para os quais convidou figuras como Paulo Futre e Zezé Camarinha.
– O seu sonho era ser jogador de futebol profissional, mas a vida traçou-lhe outro caminho…
David Carreira – Sim, lesionei-me e foi quando isso aconteceu que surgiu o convite para os Morangos com Açúcar. Nunca tinha pensado em representar e as coisas foram realmente acontecendo. Da representação vou para a música, da música volto à representação e vou sempre conciliando as duas vertentes.
– Pretende continuar a conciliar as duas?
– Por enquanto, sim, pois não consigo decidir qual das duas gosto mais de fazer.
– A música surgiu naturalmente ou é quase uma ‘obrigação’ familiar?
– A música surgiu sobretudo devido aos Morangos. Venho de uma família de cantores, sempre gostei de música e sempre gostei de dar os meus palpites em produção, mas nunca pensei cantar… Achava que não sabia cantar, que não tinha jeito… Quando comecei a cantar, por causa da minha personagem, tomei-lhe o gosto [risos].
– Os seus videoclips têm todos uma dinâmica muito própria, com narrativa e humor. Foram inteiramente pensados por si?
– Sim… É uma história que se irá desenrolar ao longo das músicas. Ainda estou a pensar como irei pegar no terceiro, mas acho que ainda vai ser melhor do que o segundo…
– Tanto o seu pai como o seu irmão são cantores românticos, o que não é o seu caso…
– Nada de romantismos! [risos] É uma onda mais eletrónica, para uma camada mais jovem. Sou bastante eclético, mas há uma grande diferença entre o estilo de música de que gosto e aquilo com que me identifico a cantar.
– A par da música e dos concertos que já tem agendados, em especial no estrangeiro, está ainda a gravar a novela Destino, da TVI. Tem tempo para tudo?
– Gosto muito de estar ocupado. Gosto cada vez mais de representar e gosto muito de cantar. Com um bocadinho de dedicação, tudo se faz. Este álbum surgiu numa altura em que estive parado uma semana, após o fim dos Morangos. Decidi compor para mim, fui fazendo algumas músicas e quando terminei tinha material para fazer um álbum. Não sou capaz de estar parado e gosto de agarrar todas as oportunidades… Fui também convidado para participar num filme francês, que será gravado em Lisboa, o Odisseia, e estou a gostar muito desta fase por que estou a passar.
– E o seu apelido tem sido uma rampa de lançamento para todo este sucesso?
– Não faço ideia, mas julgo que não. Não penso muito nisso. Faço o que faço para me divertir e se o meu apelido fizer com que tenha de me esforçar mais, isso é, a meu ver, totalmente positivo. Quando as pessoas esperam algo de mim, acabo por ter sempre vontade de superar as expectativas.
– Não receia que atribuam o seu sucesso musical ao facto de ser filho de quem é e contar com o apoio do seu pai?
– Não. Quem canta sou eu, também produzo e faço os videoclips… Não penso em nada disso, não me preocupo com coisas que não valem a pena. Se as pessoas acharem que o meu trabalho é bem feito, vão reconhecê-lo por aquilo que faço e não por ser ajudado desta ou daquela maneira. Se tenho o pai que tenho, que para mim é o melhor do mundo, tenho de aproveitar os conselhos que ele me pode dar.
– Com tanto trabalho, onde fica a parte pessoal? Há tempo para namorar?
– Haver, há, mas por enquanto não tenho namorada. Há tempo para tudo, desde que se façam escolhas e sacrifícios.
– E sair de casa dos seus pais, faz parte dos planos?
– Não, nem pensar. Dos três sou o mais rebelde, mais introspetivo, mas adoro estar em casa. Sou muito próximo da minha família, damo-nos todos lindamente. Somos uma família normal. Passo o dia todo a trabalhar e adoro chegar a casa e estar com os meus pais e irmãos. Quero aproveitar agora ao máximo para estar com eles, pois é muito bom. Não me vejo a separar-me deles e quero-os sempre a meu lado [risos].
– Parece-me que mantém os pés assentes na terra…
– Sim, julgo que isso tem a ver com a educação. Nasci em França e não tinha as possibilidades que tenho hoje, isso fez-me ter conhecimento das duas realidades. Não vivo na fantasia de que tudo é bonito e o meu objetivo é trabalhar sempre mais e mais. Quero é continuar a sentir que estou no bom caminho.