Dona de um sorriso fácil e de uma simpatia e humor contagiantes, Ana Guiomar, de 23 anos, tornou-se um rosto incontornável na ficção portuguesa. A gravar a próxima novela da SIC, Dancin’Days, a atriz foi nomeada para o prémio de melhor atriz atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores – pelo seu trabalho na peça A Purga –, que acabou por perder para Luísa Cruz.
A CARAS esteve com a atriz, que nos contou o quanto se sente feliz por ver o seu trabalho reconhecido e como tem partilhado o seu sucesso com o namorado, Diogo Valsassina, de 25 anos, com quem está há seis.
– Como reagiu quando soube que tinha sido nomeada para o prémio de melhor atriz da SPA?
– É muito bom quando o nosso trabalho é reconhecido, ainda para mais porque foi a minha primeira experiência em teatro. A reação foi contida, pois estava no supermercado quando soube [risos]. Tive vontade de largar as compras todas, sair a correr e dar um grito na rua [risos], mas controlei-me e só pensava em sair dali e telefonar à minha mãe.
– Foi a primeira pessoa a quem deu a notícia?
– Sim, pois é a pessoa com quem falo sobre tudo e com quem partilho as coisas mais importantes. A minha família é muito presente, mas a minha mãe é sempre a primeira pessoa a quem telefono, pois sei que vai ficar tão ou mais feliz do que eu.
– E esperava ganhar?
– Não, nem pensar. Competir com a Sandra Faleiro e a Luísa Cruz, dois ‘monstros’ da representação, é impossível [risos]. Para mim, já era um dado adquirido que não ia vencer. A Luísa Cruz é uma atriz de peso, com uma força e uma energia fora do normal.
– Mas estar nomeada traz um reconhecimento maior…
– Sim, é sempre bom levar uma ‘palmadinha nas costas’, mas não muda nada na minha atitude profissional, aliás, só tenho é ainda mais receio, pois sinto uma responsabilidade acrescida.
– A recusa faz parte da vida de um ator, já que nem sempre se consegue os papéis que se quer. Como lida com isso?
– Eu acho que a recusa faz parte da vida de toda a gente, de todas as áreas profissionais. No caso dos atores, às vezes é mais difícil lidar com ela, porque mexe mais com o nosso ego ou com a nossa aparência física.
– Como é que o seu namorado reagiu a esta nomeação?
– Ficou muito contente, até porque foi um ano mentalmente muito cansativo para ele, já que apanhou a fase dos nervos, das inseguranças… Por isso, partilha da mesma alegria que eu.
– Há fases profissionais que influenciam uma relação…
– Sim, e esta foi uma delas. É preciso ter uma base muito forte e ele teve de ser muito paciente, pois eu sou muito complexa. Ele também já está habituado, caso contrário não estaríamos juntos há tanto tempo.
– Vejo que é o tipo de pessoa que leva o trabalho para casa…
– É inevitável. Ainda mais se estou impaciente e nervosa. Estava também a fazer uma novela, andava a dormir muito menos e foi uma fase complicada. Mas depois da estreia foi ótimo e agora já tenho saudades.
– Há, então, possibilidade de voltar ao teatro?
– Sim, talvez mais para o fim do ano. Foi algo que de gostei mesmo muito e se fosse com as mesmas pessoas, ótimo!
– Referiu que o Diogo é paciente. Isso ajuda-a a ter certezas sobre a vossa relação?
– Sem dúvida. A nossa relação é muito mais do que idealizei. Quando comecei a namorar com o Diogo tinha 17 anos e hoje tenho 23, por isso, é muito mais sério do que alguma vez imaginei. Nunca digo que é para sempre, que quero casar e que é o homem da minha vida. Acho que enquanto durar é muito bom… Acima de tudo, enquanto houver respeito, confiança e muita ‘parvoíce’ à mistura [risos], nós vamos estar juntos. O Diogo atura-me e eu a ele, não é caridade nenhuma [risos].
– Parecem ambos descontraídos e divertidos. O humor é a base da vossa relação?
– Acho que sim. Gozamos imenso connosco próprios e somos mesmo muito divertidos. Acho que até as nossas discussões têm graça.
– E discutem muito?
– Não, o Diogo não gosta de discutir, eu sou mais cáustica. Sou muito assertiva… Mas já não discutimos muito e quando o fazemos é por coisas mínimas, sem importância.
– Referiu que não faz planos muito concretos a dois. Isso terá a ver com a sua juventude?
– Julgo que sim. Acho que chegará uma altura em que vou querer ser mãe, mudar para uma casa maior, ter um quintal, essas coisas. Por enquanto estou ótima e gosto muito daquilo que faço.
– E as vossas famílias não fazem pressão para que a vossa relação evolua?
– Não, nada. A minha família é muito moderna, pouco convencional, e a do Diogo também. Acho que nem se importariam se nunca nos casássemos.
– Como define a vossa relação?
– Indefinida [risos]. Todos os dias há coisas novas e não há rotina. Cada um tem o seu espaço, os seus amigos, não andamos sempre juntos… É uma relação alegre e saudável. Encontrámos o equilíbrio. Estando nas mesmas áreas, estamos ao mesmo tempo muito distantes, o que é bom, pois quando dois atores estão juntos, em casa pode haver algum tipo de competitividade. Começámos a namorar muito novos, crescemos juntos e conhecemo-nos muito bem. Sei que o Diogo será sempre meu amigo, mesmo que um dia não estejamos juntos, e isso é o mais importante.
– Na última entrevista que nos deu referiu que não se sentia atriz no verdadeiro sentido da palavra, que ainda tinha um longo caminho a percorrer. Isso já mudou?
– Depois da experiência em teatro aprendi a valorizar as palavras, a analisar o texto de outra forma e conheci os meus limites a nível corporal. Se já tivesse tido esta experiência quando fiz outros trabalhos, tê-los-ia feito de outra maneira. Agora, se pergunta se já me sinto uma verdadeira atriz, não! Quer dizer, fiz uma peça de teatro, algumas novelas, mas ainda me falta fazer muita coisa… Já me considero atriz, mas ao mesmo tempo não me posso comparar com outras pessoas que admiro.