Juntos há 17 anos, Bibá Pitta e Fernando Gouveia complementam-se nas diferenças e construíram uma família que valorizam acima de tudo. É junto dos filhos, Maria, de 19 anos, Tomás, de 18, Madalena, de 14, Salvador, de 13, e Dinis, de cinco, que se sentem felizes, como nos contaram durante um fim de semana em Tróia, onde só faltou Tomás.
– Como foram estes dias passados em família?
Bibá Pitta – Maravilhosos. Esta é uma terra que já faz parte das nossas férias tradicionais e que não dispensamos. Não é preciso ir de avião para conhecer o paraíso, aqui ele existe [risos]. As minhas férias prediletas passam pelo Algarve, no Ancão, na praia do Waves, pela quinta dos meus avós, em Trancoso e aqui por Tróia. Este fim de semana só faltou o Tomás, pois já tinha coisas combinadas, embora os meus filhos tenham o hábito de nos acompanhar nestas ocasiões.
– Começa a olhar para estes momentos como os poucos em que consegue ter a família toda reunida?
– Não, não sou nada dramática e acho normalíssimo que os miúdos também façam férias com os amigos e aproveitem as suas férias depois de um ano trabalhoso. Devem divertir-se e ser independentes. Neste fim de semana em particular tenho pena, mas não acho que seja eu a perder nada. Acho que eles é que perdem, pois podem perder locais e momentos maravilhosos e depois arrependem-se.
– Deduzo que enquanto eles morarem convosco tenha obrigatoriamente de haver férias em família…
– É fundamental e eles sabem disso, nem sequer se põe isso em causa. A última semana de junho ou a primeira de julho é sempre para ser passada a sete e de um ano para o outro já estamos a planear o que vamos fazer.
– O Tomás e a Maria estão numa fase mais independente e até já têm namorados. A Bibá mostra-se tão descontraída que faz crer que é uma mãe liberal…
– Nem eu nem o Fernando somos nada liberais. Sou uma mãe atenta, pronta a ouvir e ajudar os meus filhos, mas com regras – e bastantes, poderei até dizer que somos bastante conservadores. É essencial para os miúdos serem felizes que as regras existam, caso contrário eles perdem-se.
– E eles não tentam contornar essas regras ou convencer-vos?
– Não, a não ser que realmente tenham razão. Somos abertos ao diálogo.
– Essas decisões são sempre tomadas em conjunto?
– Claro que sim, temos de estar sempre em sintonia para que tudo resulte. Se bem que também não fujo à regra de muitas vezes acudir por eles para que o pai aceite… [risos]
– E em dias como estes, o que aproveitam para fazer?
– Há jogos e brincadeiras que fazemos, mas o principal objetivo é estarmos o dia todo juntos. À noite já vamos sair com os nossos filhos e tem muita graça, porque eles é que nos levam e trazem, já que os mais velhos têm ambos carta. Se for preciso ligamos-lhes para nos irem buscar, caso não estejamos todos no mesmo local [risos].
– Esse é um dos benefícios de ser mãe de filhos com idades tão diferentes…
– [risos] Sim, é muito engraçado ser mãe de filhos de idades diferentes, já que acompanho desde o canal Panda ao canal História…
– E com idades tão diferentes tem de haver educações diferentes?
– Eu acho que tem de se ser uma mãe e um pai para cada filho, pois todos são diferentes. Cada filho é único e eu tenho de ser única para cada um, embora sejam todos irmãos. Tento acompanhá-los e acho que estou a cumprir. Ser mãe é um dos papéis mais importantes da minha vida e ficar em casa com eles foi a melhor decisão que tomei.
– Isso porque apesar de ser relações-públicas, tem estado mais dedicada à família…
– Já não me considero relações-públicas, faço um ou outro evento pontualmente, ajudo os meus amigos, mas estou de facto direcionada para os meus filhos pois eram eles que precisavam mais de mim e eu já não consegui dividir as coisas. Felizmente tenho essa possibilidade, já que com o trabalho do Fernando conseguimos tomar esta decisão.
– Mas ser mãe é um trabalho a tempo inteiro…
– O tal trabalho doméstico é muito grande, mas habitualmente não se vê e as pessoas até dizem que quem está em casa é dondoca, não faz nada, e não é assim. É um trabalho que não me custa nada fazer, já que acompanho os meus filhos e a minha casa, mas tenho sempre muito que fazer. Agora sim, vou entrar numa nova fase, pois o Dinis já vai para a primeira classe esta semana. Quando eles entram nesta fase tudo muda e a responsabilidade é outra. O meu último bebé já vai de mochila às costas e a caminhar sozinho. Valeu muito a pena a decisão que tomei de ficar em casa e sinto isso todos os dias por ter a possibilidade de acompanhar os meus filhos. Acima de tudo, sinto que conseguimos fazer deles pessoas com conduta, humanas e sensíveis com os seus disparates típicos da respetiva idade. Tenho a sorte de não ser mãe-galinha, nem nada ansiosa, pois seria um sufoco. Tenho toda a confiança neles e deixo-os ir.
– Esta nova fase fará com que regresse mais à vida profissional?
– Quero voltar ao trabalho e evoluir, pois uma mãe em casa também perde muita coisa. Acaba-se por ter uma vida mais fechada e mesmo a nível intelectual e laboral ficamos um pouco para trás. Por isso é que mesmo em casa e dedicada aos meus filhos tentei sempre fazer algumas coisas, mesmo que poucas. Tenho alguns projetos e sonhos para o próximo ano, mas sobre isso ainda não posso falar. Posso dizer que 2013 vai ser um ano em grande [risos].