
Renato Seabra
Reuters
Falando a jornalistas após mais uma audiência em que interrogou uma testemunha da defesa, o psiquiatra Roger Harris, a procuradora Maxine Rosenthal disse ser “improvável” que venha a chamar mais testemunhas a depor, apesar de ter possibilidade de o fazer.
O julgamento foi hoje interrompido e será retomado apenas a 27 de novembro, não estando qualquer audiência prevista para a próxima semana, do Dia de Ação de Graças.
A defesa, que anteriormente chamou o psicólogo David Singer para defender que Seabra não deve ser considerado criminalmente responsável pelo homicídio de 07 de janeiro de 2011, devido aos seus problemas mentais, não tem mais testemunhas arroladas.
Ficando o interrogatório de Harris concluído a 27 de novembro, como previsto, as alegações finais teriam lugar a 28 de novembro, adiantou.
As audiências continuam a ser seguidas de perto pelo neuropsicólogo contratado pela acusação, William Barr, que concluiu o seu testemunho na quarta-feira, e poderá ainda novamente ser chamado a depor.
Escudando-se em relatórios de médicos que avaliaram o jovem em três unidades psiquiátricas, a defesa afirma que na altura do crime, o jovem “estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com caraterísticas psicóticas graves” e, como tal, não deve ser considerado culpado.
Aponta ainda para a natureza brutal das agressões, incluindo mutilações genitais da vítima, como prova de que Seabra estava sob efeito de uma psicose, tal como o facto de ter relatado a dois psicólogos ter obedecido a “vozes” dentro da sua cabeça, nomeadamente durante a mutilação.
Hoje, a testemunha voltou a ser Roger Harris, psiquiatra chamado pela defesa, que sustenta que a doença psiquiátrica de Seabra o deixou incapaz de perceber o erro das suas ações a 07 de janeiro de 2011, quando matou e mutilou Carlos Castro, com quem passava férias em Nova Iorque e mantinha uma relação íntima.
Depois de ter sido duramente crítico dos métodos da anterior testemunha, o neuropsicólogo William Barr, chamado pela acusação, que defendeu em tribunal que Seabra teve consciência dos seus atos e fingiu sintomas de loucura, Harris foi contra-interrogado pela procuradora, que procurou minar a credibilidade da sua conclusão.
Na parte final do interrogatório, Maxine Rosenthal colocou ênfase na fiabilidade do relato que Seabra fez a Harris dos seus sintomas de doença mental antes do crime.
Após muita insistência, levou Harris a admitir que delírios com a duração de apenas 30 minutos, tal como relatado por Seabra, são raros, tal como a natureza específica das “ordens” recebidas de “vozes” dentro da sua cabeça.
Renato Seabra continua ausente das audiências do seu julgamento pelo homicídio de Carlos Castro, em Nova Iorque, e é incerto quando poderá voltar a comparecer, segundo o seu advogado, David Touger.
Pelo terceiro dia consecutivo, Seabra apresentou-se no início perante o juiz apenas para o seu advogado pedir a sua escusa dos procedimentos, alegando a sua incapacidade para se controlar perante os jurados.
Seabra esteve presente em todas as audiências desde o início do julgamento, mas devido a um momento de descontrolo na semana passada foi avisado pelo juiz Daniel Fitzgerald de que poderia ser expulso da sala se tal acontecesse em frente aos jurados.