Sónia Brazão, de 37 anos, confessa estar “muito magoada” com as mais recentes notícias em que a acusam de sofrer de bulimia e de cleptomania [compulsão que leva a pessoa a roubar objetos diversos, independentemente do seu valor], o que nega peremptoriamente.
Ainda a recuperar das queimaduras que sofreu na sequência da explosão de gás em sua casa, em junho de 2011 (cuja responsabilidade verá avaliada no julgamento que deve acontecer para o ano), a atriz garante que se sente tranquila e otimista em relação ao que o futuro lhe reserva.
Durante uma tarde passada na penthouse do Farol Hotel, no edifício do Estoril Sol Residence, em Cascais, Sónia Brazão revelou à CARAS como se sente emocionalmente, partilhando os seus receios, fragilidades e, acima de tudo, as suas conquistas.
– É verdade que tem um distúrbio alimentar?
Sónia Brazão – Não tenho nem nunca tive! Também disseram que sofria de cleptomania. O que se tem escrito é uma grande mentira e é de uma maldade extrema. Sinto-me muito magoada. Nunca fui gorda, porque sou celíaca [doença que afeta o intestino delgado e que interfere na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água]. Tenho uma alimentação muito equilibrada, como qualquer pessoa que durante anos praticou dança clássica. Aliás, eu até sou um bom garfo! Depois de ter tido o acidente poderei ter parecido mais inchada, porque tomei medicamentos à base de cortisona, mas agora o meu corpo já voltou ao normal. Sempre vesti o tamanho 34, tal como agora. Se a minha cara parece mais magra, talvez se deva ao tratamento dentário que fiz com o Dr. Miguel Stanley e que, admito, possa ter alterado um pouco os traços do meu rosto. Por favor, não pisem mais quem já foi tão massacrada.
– Depois da explosão de gás na sua casa, a sua vida mudou radicalmente. Que balanço faz deste ano e cinco meses?
– Talvez tenha sido um dos melhores anos de sempre na minha vida. Aprendi muito, nomeadamente a apreciar as pequenas coisas. Este ano percebi realmente o que quer dizer a expressão: “Deus vive nos pequenos detalhes.”
– Mas não acha exagerado dizer que foi um dos melhores anos da sua vida, quando ficou com queimaduras graves em praticamente todo o corpo?
– Quando digo que foi dos melhores anos refiro-me à minha mudança de atitude perante a vida. Tenho muito respeito por tudo o que me aconteceu e foi muito duro passar por aquilo que passei. Aliás, as minhas dificuldades são evidentes! O que me aconteceu foi um milagre, porque depois de tudo fiquei bem. Este ano aprendi a desacelerar, a viver mais devagar e a ter mais tempo para mim e para desfrutar de um fim de tarde a patinar, por exemplo.
– O que tem sido o melhor e o pior nesta sua experiência de ‘renascimento’?
– O melhor – e gosto sempre de começar pelo melhor – foi mesmo aprender a viver mais devagar e a desfrutar do presente. A aceitação de tudo aquilo que me aconteceu, das mudanças no meu corpo e na minha vida foi uma das minhas maiores conquistas. Sofri muito na Unidade de Queimados. Foi mesmo um processo doloroso, mas, apesar de tudo, foi um tempo maravilhoso para mim. Fui tratada com um amor e dedicação que não esperava. Não houve um único momento lá dentro em que me sentisse feia [emociona-se]. O pior tem sido o sofrimento da minha família, as mentiras que se escrevem… É difícil ver a minha mãe chorar. Ela e o meu irmão têm sido o meu porto de abrigo.
– A Sónia tem tido uma atitude muito positiva em relação a tudo o que lhe aconteceu, mas acredito que passe por momentos difíceis, de negação ou de frustração. Como lida com essas alturas de maior fragilidade?
– Quando me sinto frágil corro para o colo da minha mãe. É ao lado dela que choro. É à família que vou buscar forças. Também tenho sentido o carinho das pessoas que me abordam na rua. Tenho de ter força para levar a vida para a frente. A minha mãe diz-me sempre que a parte pior já passou. Deixei de fazer planos para a vida, porque a vida tem planos para mim. Amanhã, sei o que vou fazer, depois, logo se vê.
– Mas não tem sonhos?
– Tenho! Sonho ser feliz, viajar e formar a minha própria família. Os meus pais sempre tiveram um casamento muito feliz e é esse exemplo que quero seguir.
– A Sónia admite que gostava de encontrar alguém para formar a sua própria família, mas na última entrevista que nos deu, em setembro, disse que estava solteira e que nem sequer pensava em ter um namorado…
– Sim, e mantenho essa ideia, porque neste momento tenho outras prioridades. Tenho algum receio de encontrar alguém e desencantar-me. Neste momento estou dedicada às pessoas que tenho a certeza que não me faltarão, que estão sempre lá.
– Como lida com a hipótese de vir a ser considerada culpada no julgamento?
– Só peço a Deus para me dar a mesma força que me deu até agora. Neste momento, vivo um dia de cada vez. Desfruto da minha liberdade, dos meus passeios, dos meus amigos… Estou a viver tudo com muita serenidade. Já soube o que é viver praticamente sem poder pensar no amanhã. Por isso não me vou preocupar com o que vai ser a minha vida daqui a um ano.
– Sente saudades da mulher, em termos físicos, que era antes do acidente? Sempre foi uma mulher muito bonita…
– Há uma idade para tudo na vida. Tenho saudades da minha pele, mas hoje, aquela que tenho, que conquistei, é muito mais importante! [emociona-se] Hoje, as imperfeições tornaram-se menores.
– Tem projetos profissionais?
– Sim, e estou muito entusiasmada. Estou a ajudar o Heitor Lourenço na encenação de E Tudo o Casamento Levou e estou e encenar uma peça infantil, escrita por mim, que se chama Nesta Noite de Natal. Estou muito feliz, porque estou a trabalhar com amigos, que me acarinham e isso, sim, é ter sucesso.
Sónia Brazão: “Tenho de ter forças para levar a vida para a frente”
Feliz com a imagem que vê ao espelho, a atriz nega ter um distúrbio alimentar.
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