Quando questionado sobre
como define a fase que está a viver, Reynaldo Gianecchini, de 40 anos,
sintetiza a resposta com uma frase do filósofo alemão Friedrich
Nietzsche (1844-1900): “Torna-te quem tu és”. A sentença
retrata com perfeição o período de descobertas pessoais que o ator vive.
Tornei-me mais autêntico, seletivo e já não me preocupo em agradar às outras
pessoas. Tenho sentido mais maturidade e deixado as ansiedades de lado”,
diz o galã. As mudanças, porém, não significam que ele tenha perdido o espírito
jovem. “Ainda sou molecão, mas com um autoconhecimento maior. Aliás,
acho-me mais bonito hoje que aos 20 anos, não só fisicamente, mas em todos os
aspetos; gosto mais de mim”, afirma no Castelo de CARAS, em Nova Iorque.
Terminadas as gravações da novela Guerra dos Sexos, trama que marcou o seu regresso à televisão após
a vitoriosa luta contra o cancro, Gianecchini continua
solteiro e afirma não ter pressa para encontrar um amor. “Vejo amigos
que se casaram e têm filhos e acho lindo, mas o meu lado independente ainda
fala mais alto”, diz ele, empenhado na concretização do Centro de Apoio
Prof. Reynaldo Gianecchini, que atenderá pessoas carentes na sua cidade,
Birigui, no interior de São Paulo.
– A independência leva-o a adiar planos de formar uma família?
– A decisão de casar e ter filhos é incrível, mas o que não pode acontecer é
a pessoa fazer essa escolha e depois sair da relação. Para mim, falta querer
virar a ‘chavinha’ e ficar mais calmo. A minha natureza é andar pelo mundo, não
ser âncora.
– Mas isso não o impede de viver um novo amor…
– Pode ser que um dia mude, queira fixar-me e repense, não tenho controlo sobre
isso. Posso achar alguém incrível, querer casar e ter filhos. Vai chegar o
momento em que vou desacelerar em tudo e, talvez, nessa hora, pare para pensar
sobre o assunto família.
– Para onde acha que a independência pode levá-lo?
– Sou um cidadão do mundo. Já morei fora do Brasil e passei parte da vida a
pensar que moraria fora para sempre. Acho que me devo isso, morar em lugares
diferentes.
– O tempo assusta-o?
– Nem sinto a idade chegar. A vida passa rápido. Por isso, é preciso ir atrás
dos desejos sem se preocupar com opiniões. Quando somos jovens, queremos
agradar a todos; depois descobrimos que bom mesmo é agradar a nós mesmos, estar
confortável ‘dentro’ da nossa pele.
– As críticas atrapalharam?
– Se ligasse às críticas tinha parado a carreira no início. É preciso ter
coragem, ir em frente, sair da zona de conforto, se desafiar. Fico feliz ao ver
o que conquistei, não deixei que o medo fosse maior. Prémio, crítica, tudo isso
é insignificante. É a luta do dia a dia que nos constrói.
– Qual o maior passo que deu nessa construção pessoal?
– Sair de Birigui, aos 18 anos, um menino cheio de sonhos que chegou à cidade
grande querendo conquistar o mundo. Saí do micro para o macrocosmos. Foi quando
abri a cabeça para saber o que queria ser.
– O seu grande passo ainda está por vir?
– Não sabemos o que o futuro nos reserva. Já passei por muita coisa, mas a vida
é uma delícia. E ela pode surpreender-nos sempre.
Reynaldo Gianecchini: “Acho-me mais bonito hoje que aos 20 anos”
No Castelo da CARAS, o ator falou sobre a sua vida amorosa e a sua carreira.