“Pilar vive os seus primeiros anos de reforma a tentar endireitar o mundo e a lidar com as culpas dos outros, tarefa cada vez mais frustrante nos dias que correm. Participa em vigílias pela paz, colabora em grupos católicos de intervenção social, quer acolher em casa jovens polacas que vêm a Lisboa para participarem num encontro ecuménico Taizè, põe e tira da parede da sala um quadro muito feio que um amigo pintor lhe ofereceu para que este não se ofenda por ali não o encontrar quando lhe fizer uma visita… E inquieta-se sobretudo com a solidão da sua vizinha Aurora, uma octogenária temperamental e excêntrica, que foge para o casino se tiver dinheiro com ela, fala constantemente da filha que não parece querer vê-la, ressaca antidepressivos e desconfia que a sua criada cabo-verdiana, Santa, dirige contra ela práticas malévolas de voodoo. De Santa quase nada sabemos, é de poucas palavras, executa ordens e acha que cada um deve meter-se na sua própria vida. Frequenta aulas de alfabetização e exercita-se à noite com uma edição juvenil de Robinson Crusoe, enquanto fuma cigarros estirada no sofá da patroa. Aurora fará um misterioso pedido e as outras duas unem-se para o tentar cumprir. Quer encontrar-se com um homem, Gianluca Ventura, que até àquele momento ninguém sabia que existia. Pilar e Santa irão descobrir que este existe, mas informam-nas de que já não está bom da cabeça. Ventura tem um pacto secreto com Aurora e uma história por contar. Uma história passada há cinquenta anos, pouco antes do início da Guerra Colonial portuguesa. Começa assim: «Aurora tinha uma fazenda em África no sopé do monte Tabu…”.
É esta a história de Tabu, o filme que arrecadou o troféu de Melhor Filme na edição deste ano dos Globos de Ouro. Realizado por Miguel Gomes e com um elenco que conta com os nomes de Ana Moreira, Carloto Cotta, Teresa Madruga, Isabel Muñoz Cardoso e Laura Soveral, a produção recebeu vários galardões internacionais: no Festival de Cinema de Berlim foi-lhe atribuído o prémio Alfred Bauer e FIPRESCI (um dos mais importantes da crítica cinematográfica), e no Festival Internacional de Cinema de Las Palmes arrecadou o prémio Lady Harimaguada de Prata e o prémio do público.
O prémio foi entregue por
Júlia Pinheiro e Rodrigo Guedes de Carvalho ao produtor
do filme, uma vez que o realizador, Miguel
Gomes, se encontra no Festival Internacional de Cinema de Cannes. Ficaram
os agradecimentos à equipa técnica e aos atores, entre eles Ana Moreira e
Carloto Cotta, e ainda uma referência ao momento difícil que o cinema português
atravessa devido à crise económica. “Peço,
a vocês que resistem e aos senhores que mandam neste país que tenham juízo”,
concluiu o produtor de Tabu.
Nesta categoria estavam ainda nomeados Florbela (de Vicente Alves do Ó), Linhas de Wellington (de Valeria Sarmiento) e O Gebo e a Sombra (de Manoel de Oliveira).
‘Tabu’ é o Melhor Filme de 2012
Depois de receber vários prémios no estrangeiro, o filme de Miguel Gomes foi distinguido na XVIII Gala dos Globos de Ouro.
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