Fotos:Tiago Caramujo
Já esteve em Portugal algumas vezes e quase sempre em trabalho. Desta vez, Christiane Torloni, de 57 anos, está no nosso país para subir ao palco dos Coliseus onde dará vida a uma deusa num espetáculo que une teatro e dança, Teu Corpo É Meu Texto, de José Possi Neto e Anselmo Zolla. Dias antes da estreia, a CARAS encontrou-se com a atriz brasileira e pôs a conversa em dia.
– Quando tem um projeto de teatro, Portugal é um ponto de passagem obrigatório?
Christiane Torloni – Mais do que obrigatório, dá-me imenso prazer partilhar com o povo português este espetáculo tão bonito.
– Esteve estes últimos quatro anos a fazer televisão de forma ininterrupta. Fazer teatro é uma forma de descansar a imagem?
– [risos] Eu é que não estou a descansar, mas sim, para o público é importante que haja uma ausência, porque senão só parece que mudámos a cor de cabelo.
– Construir 37 anos de carreira, sólidos e com bases bem seguras, dá trabalho…
– É preciso muita disciplina. A palavra cansaço não faz parte do meu vocabulário. Fui educada com muita disciplina, por isso, para mim não é uma coisa chata. Disciplina para mim quer dizer aprendizagem, também.
– Mudando de assunto: em dezembro de 2010 terminou um casamento de 15 anos com Ignácio Coqueiro e já tinha tido outros três relacionamentos. Viver ‘casamentos’ cujo final não é “e foram felizes para sempre” é frustrante?
– Os meus pais são casados há quase 60 anos e ainda têm ciúmes um do outro… O meu pai oferece uma rosa vermelha à minha mãe todos os dias, deve até ter ter uma conta corrente na florista… [risos] Cada história é uma história e o mundo vai traçando os caminhos. Atualmente vivemos um tempo em que as pessoas podem estabelecer as suas relações contemplando as diferenças do outro. Até há uns tempos um casamento era um estatuto e tinha de ser de determinada maneira e se não o fosse não podia ter o final feliz, mas eu concordo com Vinicius de Moraes quando diz que somos felizes enquanto essa felicidade durar.
– Quando olha para o casamento dos seus pais não lamenta não viver um amor assim?
– Não lamento nada. Sou feliz com as escolhas que fiz e com o que tenho. As escolhas são minhas e vivo bem com isso.
– Ser avó é um desejo?
– Sim, quero muito ser avó. O meu filho, o Leonardo, e a mulher dele, a Keruse, são muito românticos e acho que vão viver uma união muito feliz pois começou onde eu acredito que as longas relações saem vitoriosas: na amizade.
– A amizade é fundamental?
– Sim, o que é que segura uma relação de 60 anos se não for a amizade? O tempo passa, a beleza também, a paixão vai-se transformando… A amizade é que vai fazer com que as pessoas caminhem juntas até lugares diferentes.