Com apenas 16 anos,
Francisca Osório de Castro é a mais recente revelação da música portuguesa. Em
poucos meses, Kika – como é conhecida desde pequenina – lançou Guess
It’s Alright, o single de avanço do seu álbum de estreia homónimo,
conquistando as playlists das rádios nacionais. Gravada por RedOne,
produtor de Lady Gaga e Michael Jackson, a música serviu de
cartão de visita para a cantora que, entretanto, já tem mais dois temas a rodar
com insistência: Love Life, um dueto com o francês John Mamann, e
I Want You Back, uma versão dos Jackson 5 que serve de banda sonora a
uma campanha publicitária. Kika veio para ficar, e isso mesmo ficou provado no
seu concerto no Festival Sudoeste. Na primeira vez que foi à Zambujeira do Mar,
Kika entrou pela porta grande, ocupando o palco principal.
Educada, inteligente e bem-humorada, a jovem conta com o apoio da família para
tudo e tem nos pais, os advogados Andreia e Carlos Osório de Castro,
e na irmã, Mariana, os seus maiores fãs. Com os pés bem assentes no
chão, não se deixa deslumbrar: diz que o seu futuro passa pela faculdade e, se
o tempo o permitir, pela música.
– Já se habituou ao mediatismo, aos autógrafos e aos fãs que conquistou nos
últimos meses?
Kika – Sim, apesar disso tudo, têm sido meses bastante normais. Sei que
as pessoas já conhecem a Guess It’s Alright, mas não sei até que ponto
sabem que sou eu que a canto. Portanto, ainda faço a minha vida normal. A única
coisa que mudou foi a frequência dos ensaios.
– E a ouvir-se na rádio? Já é normal ou ainda estranha?
– No início foi estranho, mas com o tempo habituei-me e é uma sensação muito
boa. No entanto, gosto mais quando ouço as músicas novas a passar, como a Love
Life e a I Want You Back .
– Na Love Life faz um dueto com o cantor francês John Mamann e o I Want You Back é uma
versão do original dos Jackson 5 que serve de banda sonora a uma publicidade.
Como surgiram estes convites?
– O produtor do meu disco, RedOne, é o compositor do John Mamann, e quando
estive lá a gravar ele perguntou-me se queria fazer um dueto com um artista
francês. Disse-lhe que sim – se o RedOne achava que o devia fazer, ia ser com
certeza uma boa oportunidade. A música é brutal e as reações estão a ser muito
boas. Entretanto, já estive em Nice a cantar com ele na Volta a França, o que
foi ótimo.
– Os seus pais acompanham-na para todo o lado. Sente-se mais segura com eles
por perto?
– A minha família apoia-me muito. A
minha irmã incentiva-me imenso, canta as músicas todas. O meu pai foi, sem
dúvida, a pessoa que mais vezes ouviu as minhas músicas. Durante meses, não
ouviu mais nada, mas, ao contrário da minha irmã, não sabe nenhuma letra de
cor. Já a minha mãe, chorou na primeira vez que ouvimos a música a passar na
rádio. Acho que eles ficam felizes com as minhas músicas e têm orgulho em mim,
o que me deixa muito feliz, claro!
– Com cinco anos começou a aprender piano e desde então a música faz parte
da sua vida. Quando começou a cantar?
– Em pequenina fazia concertos na cozinha com a minha irmã. Cantávamos com
uma colher a fazer de microfone e achávamos que éramos o máximo. A minha mãe
aplaudia e incentivava, nunca nos demoveu da ideia. Depois, comecei a cantar ao
piano, para fugir à música clássica. Nessa altura, tinha acabado de estrear o
musical Camp Rock, da Disney, e eu adorava a música This Is Me.
Foi então que pedi ao meu professor para ma ensinar. Depois veio a guitarra,
bem mais fácil de transportar para todo o lado. O meu pai é que não gostou
muito que eu tivesse trocado o piano pela guitarra, porque ele gosta mais do
som do piano. No entanto, é o meu maior apoio, agradeço-lhe muito. Se eles não
estivessem de acordo com isto, eu não teria chegado tão longe.
– Em breve começam as aulas. Passou para o 11.º ano e espera-a um ano
importante na escola. Já pensou como vai gerir o tempo?
– Este ano consegui gerir tudo muito bem, e só faltei uns dias. Felizmente, os
meus professores são muito flexíveis, o que ajuda bastante. O meu colégio – o
CLIP – incentiva as artes, a música em particular, por isso acho que ficam
contentes com o meu percurso. Afinal, foi lá que tudo começou.
– A faculdade está quase a chegar. Que curso pensa tirar?
– Interesso-me mais por Economia do que por Ciências. Talvez Gestão ou Direito,
como os meus pais, a minha tia e o meu avô. Venho de uma família de advogados,
mas ainda tenho algum tempo para decidir.
– A música vai continuar a ser um hobby ou gostaria de
fazer carreira?
– Eu adoro música, e enquanto conseguir conciliar com os estudos, continuarei a
fazê-la. Mas também me faz falta ter um curso e conhecimento académico sobre
alguma coisa. Infelizmente, em Portugal não dá para viver só da música.
– Como é que os seus colegas de colégio têm acompanhado os seus feitos na
música? Sente-se uma estrela entre eles?
– De maneira nenhuma! Ao contrário de outras escolas, o CLIP é pequeno e toda a
gente se conhece. Portanto, já todos me tinham ouvido cantar antes de eu editar
o CD ou passar na rádio. Além disso, não faz o meu género armar-me em estrela.
– E tem tempo para namorar?
– Não sei, neste momento nem penso nisso, estou concentrada na música. A
verdade é que me sobra pouco tempo para os amigos e para a família, portanto, o
melhor é não complicar. Mas é engraçado ver que, de repente, fiquei muito mais
gira e fantástica aos olhos das outras pessoas! É o glamour da coisa a
funcionar!
– Antes de tudo começar, qual foi o conselho que os seus pais lhe deram?
– Disseram-me para não me deixar levar pela novidade e pelo entusiasmo da
coisa, para não achar que sou a maior, quando isto é só um começo. Já o meu
produtor, o RedOne, disse-me que a família e os amigos iam ser sempre o meu
pilar, e que se perder essas pessoas, perco tudo.
Kika, a cantora que conquistou um lugar ao sol com apenas 16 anos
Com uma voz grave e segura, improvável para a sua idade, a jovem portuense conquistou o sucesso. Este verão até já cantou no Sudoeste.