Nelson
Mandela morreu
esta quinta-feira, dia 5, aos 95 anos. O antigo presidente sul-africano não
resistiu à infeção pulmonar de que padecia e que desde dezembro do ano passado
o obrigou a ser internado quatro vezes. Estava desde setembro em casa a receber
tratamento médico, depois de ter passado três meses entre a vida e a morte no
hospital.
A notícia da morte o líder da luta contra o apartheid foi
confirmada pelo chefe de Estado sul-africano Jacob Zuma.
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu a 18 de julho de 1918, em Mvezo,
na África de Sul. Era um dos treze filhos de Nkosi Mphakanyiswa Gadla
Mandela com Nosekeni Fanny, a terceira mulher do pai.
Advogado de formação, foi o político mais influente da África do Sul e um dos
mais respeitados do mundo. Os primeiros passos na política foram dados com Walter
Sisulu e Olivier Tambo, com quem fundou o movimento
juvenil NCA/ANC (Congresso Nacional Sul-Africano, o movimento contra o apartheid)
e ainda muito jovem começou a defender a paz e o fim da segregação racial.
Foi um dos principais símbolos da luta pela igualdade durante a década de 1950,
tendo participado em 1955 na divulgação da Carta da Liberdade, o
documento que defendia o fim do regime racista.
Quis sempre que esta luta fosse pacífica, mas a 21 de março de 1960, quando a
polícia sul-africana assassinou 69 manifestantes negros – episódio conhecido
como O Massacre de Sharpeville – mudou de opinião, passando a defender a luta
armada contra o sistema.
Comandou durante dois anos as forças armadas do Congresso Nacional
Sul-Africano, mas em 1962 foi preso e condenado a cinco anos de prisão por
incentivar a greve e ter viajado para o estrangeiro sem autorização. Em 1964,
depois de novo julgamento, foi-lhe decretada prisão perpétua por planear uma
luta que envolvia armas.
Esteve preso durante 26 anos – entre 1964 e 1990 – e tornou-se símbolo da luta
contra o apartheid na África do Sul. Apesar de se encontrar
numa cela, conseguiu organizar e incentivar a luta pelo fim da segregação
racial no país, tendo recebido apoio de governos de todo o mundo.
E foi justamente este apoio vindo do estrangeiro que fez com que Frederik
de Klerk, então presidente da África do Sul, ordenasse a libertação de
Madiba a 11 de fevereiro de 1990. O partido por ele fundado, o CNA, passou também
a ser reconhecido.
Em 1993 foi nomeado Prémio Nobel da Paz, por todos os esforços no sentido se
acabar com a segregação racial.
No ano seguinte voltou a fazer história ao tornar-se no primeiro presidente
negro da África do Sul, cargo que ocupou até 1999. Ao longo desses anos
conseguiu acabar com a separação racial baseada na cor da pele, uma luta que
lhe valeu o reconhecimento em todo o mundo.
Afastou-se depois da política, passando a dedicar-se a causas sociais, sempre
tendo em mente a defesa dos direitos humanos. Em 2006 este trabalho valeu-lhe
uma distinção da amnistia internacional.
Os últimos anos foram marcados por vários internamentos, quase sempre devido a
problemas respiratórios. Morreu esta quinta-feira, 5 de dezembro, na sua casa
de Pretória e deixou a África do Sul e o Mundo de luto.