Nesta produção, Lourenço
Ortigão deixou claro que já não é o “puto giro” que entrou na série Morangos
Com Açúcar, em 2009. Aos 24 anos, o ator diz que está na hora de as pessoas
olharem para ele de forma mais adulta.
– Nesta produção perdeu um pouco aquele ar de miúdo, de ‘betinho da Linha’…
– [Risos] Sempre fui um betinho da Linha, mas não o clássico que anda em
colégios pagos, que tem tudo o que quer e não se preocupa com nada. Sempre
frequentei escolas públicas e aprendi a governar-me sozinho muito cedo. Nunca
nos faltou nada, a mim e aos meus irmãos, mas os meus pais quiseram que
aprendêssemos a desenvencilharmo-nos sozinhos desde muito cedo, a dar valor às
coisas e ao dinheiro, ensinaram-nos que temos de lutar por aquilo que
queremos. O que foi muito bom, porque me permitiu ser responsável mais cedo e
talvez seja por isso que aos 24 anos não me sinto um miúdo. Já está na altura
de as pessoas começarem a olhar para mim de forma mais adulta, e tenho provado
que o sou nos trabalhos que tenho feito.
– Não gostaria de ter tido a vida mais facilitada nesse sentido? Os seus
amigos tinham tudo de mão beijada e o Lourenço não…
– Eu também acabava por ter tudo, computadores, telemóveis, mas sempre fui eu
que os paguei. E isso dava-me gozo e aprendi a dar mais valor às coisas. Foi
ótimo, ajudou-me a crescer. Vivi sempre a minha vida de forma muito
independente, apesar de a nossa família ser muito unida. Dos meus irmãos, fui o
que saiu mais cedo de casa. O normal na minha família é casar e só depois sair.
– Quando saiu de casa foi viver com a sua namorada, a atriz Sara Matos…
– Sim, mas não foi por isso que saí. Acabou por acontecer assim. Se continuasse
a viver com os meus pais, tinha de ir todos os dias de Sintra para os estúdios,
o que era muito longe e dispendioso. Comecei a fazer contas e percebi que fazia
mais sentido estar em Lisboa. Mas aos fins de semana vou a casa deles e
falamo-nos todos os dias. Desde cedo que precisei de ter o meu espaço, mas
custou-me muito esta mudança, porque adoro estar com os meus pais.
– E ajeita-se a viver sozinho ou é a Sara que trata da casa?
– Ajeito-me, tem de ser! Nós trabalhamos muito, não há um que tenha mais tempo
que o outro. Temos horários de gravações absolutamente incompatíveis, por isso
distribuímos bem as tarefas. Quem estiver em casa, arruma as coisas. Mas sou
eu, por exemplo, que cozinho sempre. Adoro cozinhar, receber os meus amigos e
cozinhar para eles. E a Sara não se importa de lavar a loiça [risos].
– Tendo uma família tradicional, os seus pais não se aborreceram por ter
ido viver com a Sara sem se casar?
– Não. Acima de tudo somos muito unidos e não temos motivo para sair de casa se
não for para casarmos. Mas no meu caso, como tenho uma relação muito oficial e
assumida e muito madura também com a Sara, acabaram por concordar. Também porque
sabem que nós temos horários muito complicados, que raramente estamos
juntos… Se não estivéssemos a morar juntos ia ser muito complicado, só nos
vemos mesmo em casa.
– Participam ambos na mesma novela. Não é complicado viverem e trabalharem
juntos?
– Raramente nos encontramos em estúdio. E nada é complicado porque nós somos,
acima de tudo, muito amigos, o que torna as coisas mais fáceis. A amizade e
deixar a outra pessoa ter o seu espaço são coisas essenciais para que uma
relação funcione e no nosso caso é mesmo isso que funciona. Conseguimos ter a
nossa individualidade, programas separados, e depois, quando estamos juntos, é
porque queremos mesmo, não é uma obrigação.
– Não querem casar-se?
– Para já, não pensamos nisso, temos outras prioridades, como o trabalho. Mas
um dia, se Deus quiser, sim.
– A Sara ganhou muito protagonismo ao ganhar o programa Dança Com as
Estrelas. Não ficou incomodado?
– Claro que não! Mais cedo ou mais tarde eu sabia que isto ia acontecer, porque
ela é super completa a nível profissional. É uma excelente atriz, uma excelente
dançarina e excelente cantora. É boa em tudo. Eu próprio a incentivei a
participar no programa. Estou muito feliz por ela.
– E o Lourenço, acha que o seu sucesso se deve ao facto de ser uma cara
bonita ou tem mesmo talento?
– Acho que entrei nos Morangos Com Açúcar por ser uma cara bonita, mas
agora sei que tenho mérito. Ter uma cara bonita não chega, há que ter talento.
Sempre fui profissional, sempre soube os mesmos textos, sempre fui bom colega e
esforçado. E, sinceramente, acho que tenho melhorado bastante, embora tenha um
caminho longo pela frente. Tenho apostado muito na minha formação. E hoje em
dia tenho orgulho naquilo que faço e no que sou enquanto ator.
Lourenço Ortigão: “Não me sinto um miúdo”
O ator confessa, entre outras coisas, que lhe custou sair de casa dos pais quando foi viver com a namorada, a atriz Sara Matos.