Um dia, a meio de uma manhã de gravações, o coração disparou, louco, desenfreado como se me falasse ao ouvido. Deixei de controlar a respiração, perdi a força nos braços e nas pernas e caí para o lado. Acordei no hospital, sem saber o que se tinha passado. “A menina está com uma depressão, ou com um esgotamento.” Ouvi a sentença do médico, ainda meio atordoada, e congelei.” Esta é uma das passagens do livro de Jessica Athayde no qual a atriz confessa que sofre de ansiedade, que costumava abusar de fast food, que tinha uma relação de amor/ódio com o seu peso – chegou a pesar 42 quilos – e como ultrapassou a anorexia nervosa. Em Não Queiras Ser Perfeita mas Faz o Melhor por Ti, que pretende ser “uma inspiração para quem passa pelo mesmo”, a atriz deseja demonstrar que o mais importante na vida é ser feliz. “Sofro de ansiedade, uma doença pouco falada e que é muitas vezes, e de forma errada, confundida com excesso de mimo, má educação ou birra. (…) Desde que tenho memória sempre me senti angustiada e incapaz de controlar os episódios de pânico. (…) A ansiedade escalou para uma anorexia nervosa e foi nessa altura, numa situação limite, que comecei do zero”, conta.
Jessica, de 30 anos, que passou alguns anos a tomar ansiolíticos para controlar a ansiedade, teve então de fazer as pazes com o seu corpo. “Ser saudável não é sinónimo de 0% de gordura, abdominais definidos ou um peso-pluma, mas antes de um corpo forte e nutrido, que cuidamos e respeitamos, independentemente da sua forma”, defende a atriz que, recorde-se, foi criticada quando desfilou em biquíni numa edição da ModaLisboa por não ter um corpo com as medidas-padrão de uma manequim. “Cresci a comer mal. Em Inglaterra começava o dia com o típico pequeno-almoço britânico, ovos, bacon e chá, e ao longo do dia, sempre que tinha fome, enchia-me de fast food – tudo o que vos vier à cabeça, desde batatas fritas, chocolates, hambúrgueres e refrigerantes (não bebia água!)”, explica, adiantando: “Quando cheguei a Portugal tive, obrigatoriamente, de começar a comer fruta, legumes, mas nunca foi pacífico.”
A adolescência também não foi uma altura particularmente feliz da sua vida: “Não era uma miúda nada popular, antes pelo contrário. Era gozada por ser magra demais, não ter curvas nem peito.” E se a atriz, que podemos ver atualmente na novela Mulheres, comia tudo e não engordava, quando tinha 24 anos, o seu corpo mudou: “E chegou o dia em que me pesei e a balança acusou dez quilos a mais. (…) Tinha chegado a altura de mudar. Troquei o pão branco por pão de sementes, as batatas fritas por palitos de cenoura, os refrigerantes por água, e mantive o ritmo de ir ao ginásio com frequência. Mas a grande mudança ainda estava por vir.” E não tardou: “Quando decidi que não me ia encharcar em comprimidos comecei a pesquisar um sem fim de informação sobre vida saudável. Em quase tudo o que li encontrei a frase que se transformou num lema de vida: ‘Somos o que comemos’.”
Jessica Athayde confessa-se em livro: “Era gozada por ser magra demais, não ter curvas nem peito”
Em ‘Não Queiras Ser Perfeita mas Faz o Melhor por Ti’, a atriz fala das mudanças que fez em relação à alimentação e da forma como cuida do seu corpo.