Bastaram nove meses de namoro para Mariana Lobato, de 27 anos, e António Fontes, de 31, terem a certeza de que queriam passar o resto dos seus dias lado a lado. Questionada pelos amigos sobre o que a levava a casar-se tão nova (tinha, na altura, 22 anos), a velejadora respondia perentória: “Vou casar-me porque gosto dele!” Passados cinco anos, os velejadores formam um casal feliz, que se prepara para “navegar” por mares até agora desconhecidos: os da paternidade. Na reta final da gravidez, Mariana já se confessa ansiosa por conhecer Bartolomeu, um nome escolhido em homenagem os navegadores portugueses dos Descobrimentos. Já António, velejador solitário, mostra-se mais tranquilo, admitindo que a “ficha” só lhe vai cair quando tiver o filho nos braços.
Foi durante uma manhã passada a velejar que os atletas conversaram com a CARAS e partilharam as emoções que pautam este período tão especial das suas vidas.
– Estão a dias de ser pais. Como viveram estes últimos meses a dois?
Mariana Lobato – Confesso que já estou ansiosa, mas só me resta esperar. Estou a ter uma gravidez ótima, apesar de ter enjoado bastante nos primeiros meses, como é normal. Tem sido tudo muito tranquilo.
António Fontes – Sermos pais é um sonho que estamos a realizar. Mas nós, homens, só nos apercebemos de todas as mudanças, só nos cai a “ficha”, quando o bebé nasce.
Mariana – Sim, eu também só me vou aperceber do que é ser mãe quando o bebé nascer!
– O vosso filho vai chamar-se Bartolomeu. É um nome pouco comum…
António – Sim, é verdade. Pensámos em várias hipóteses, mas acabámos por escolher Bartolomeu, porque quisemos fazer uma homenagem aos navegadores portugueses, evocando, neste caso, Bartolomeu Dias.
Mariana – O nosso filho já passou muitas horas no mar, por isso o nome adapta-se perfeitamente! [risos]
– Como pudemos ver hoje, a Mariana continua a velejar. Conseguiu, assim, adaptar a sua rotina profissional à gravidez…
– Continuo a andar à vela e cheguei a competir até aos quatro, cinco meses de gravidez. Quando estou dentro do barco, até me esqueço de que estou grávida! E para quem compete não é fácil ver qual é a melhor altura para se ter filhos. É muito complicado gerir tudo isso… Mas às vezes temos de deixar de lado essa nossa vertente mais competitiva para nos dedicarmos aos planos familiares.
– A vela é quase o terceiro elemento da vossa relação. Como tem sido conciliar o dia-a-dia de um casamento com as exigências da alta competição?
– Ao longo dos nossos cinco anos de casamento temos passado muito tempo fora do país, às vezes eu, outras, o António. A chave para nos darmos bem é gerir o nosso tempo, valorizando ao máximo os momentos a dois.
– Percebe-se que para vocês a vela, mais do que um desporto, é um estilo de vida…
António – Sim, é verdade. O mar e a natureza fascinam-me. Estar no mar, sozinho, sem barulho, é uma experiência única. Ver a luz refletida no mar é algo indescritível. E desfrutar desses momentos torna-se viciante.
Mariana – A vela é um desafio constante. E isso é fascinante.
– A vela é uma prática muito competitiva. Como é ter na mesma casa dois competidores?
António – Penso que ser competitivo é uma boa característica para qualquer pessoa. É bom termos objetivos e tentarmos atingi-los. E nós em casa não temos qualquer conflito por causa do nosso espírito competitivo.
– Com a vossa vida profissional não se pode fazer grandes planos. Agora que vão ser pais, isso traz-vos alguma angústia ou ansiedade?
– É verdade. Na nossa vida desportiva não podemos planear muito. Neste momento, estou concentrada no nascimento do nosso filho e não sei mesmo o que virá a seguir, não tenho nada planeado! Por isso, temos de deixar as coisas fluírem, tendo a capacidade de nos adaptarmos ao que está a acontecer no momento. E terá de ser sempre assim, até porque queremos muito ter mais filhos.
– Já pensaram no tipo de pais que querem ser?
António – Sim, temos pensado nisso. Com a vida que temos, vamos continuar a passar muito tempo fora e muitas vezes sem ele. Por isso, o importante vai ser ter tempo de qualidade em família.
Mariana – Vou tentar simplificar tudo ao máximo, mas tudo depende do tipo de bebé que o Bartolomeu vai ser. Vai correr tudo bem, até porque somos uma boa dupla.
– A Mariana pode não saber o que se segue profissionalmente, mas o António está prestes a realizar um sonho, já que se prepara para participar numa regata em solitário de França até Guadalupe, nas Caraíbas. O que o atrai em navegar sozinho?
António – O sentido de independência. Se algo corre mal, não podemos culpar ninguém, só a nós mesmos. É bom chegarmos ao outro lado e sabermos que foi algo que atingimos sozinhos. Mas sei que terei muito apoio, até porque as pessoas podem acompanhar a regata em tempo real através da minha página de Facebook.
Mariana Lobato e António Fontes já foram pais
Bartolomeu nasceu no passado dia 3 de maio, de parto normal, com 3,600kg. O nome do bebé é uma homenagem que o casal quer prestar aos navegadores portugueses que fizeram História.
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