O ativista luso-angolano Luaty Beirão, acusado de preparar um golpe de Estado, vai continuar em greve de fome, exigindo aguardar julgamento em liberdade, frustrada a tentativa de o demover do protesto, disse hoje à Lusa o seu advogado. “Coloquei-lhe a questão, as vantagens e as desvantagens, mas ele disse que perante o que recebeu, não vê porque tem de mudar a posição. Ficou desiludido”, disse o advogado Luís Nascimento, ao fim de uma hora de reunião com Luaty Beirão na clínica privada de Luanda onde o rapper e ativista está internado, sob detenção, levando já 31 dias em greve de fome.
Os advogados pretendiam demover Luaty Beirão deste protesto, tendo em conta a notificação, na segunda-feira, dia 19, do início do julgamento da acusação da preparação de um golpe de Estado e de um atentado contra o Presidente angolano (juntamente com mais 16 arguidos), previsto para 16 a 20 de novembro, no Tribunal Provincial de Luanda.
Além disso, o jovem decidiu também abandonar a clínica privada onde se encontrava para regressar ao Hospital Prisão São Paulo. Pedro Coquenão, que acompanha a situação em permanência junto a Luaty Beirão, na Clínica Girassol, em Luanda, afirmou que o preso político luso-angolano quer permanecer ao lado dos restantes 14 companheiros que se encontram neste momento nesse hospital, mantendo a greve de fome. “Tendo esta impressão vivida durante 30 dias, durante os quais não aparece uma resposta ou não aparece uma saída concreta. Esta decisão tem que ver com o facto de ele estar estável e, tendo também havido esta notícia recente de que todos foram transferidos para o Hospital Prisão de São Paulo, ele entende que faz mais sentido estar junto dos seus companheiros e ter o tratamento que tiver que ter lá e ficarem todos próximos uns dos outros e deixar de haver esta separação”, explicou.
Luaty Beirão mantém greve de fome
O ativista está em greve de fome há 31 dias e nem o facto de já haver uma data para o início do julgamento o demove.