A irreverência e a mestria que caracterizam o trabalho de Carlos Avilez não se diluíram com os anos. Prova disso é a forma como o encenador decidiu assinalar os 50 anos do Teatro Experimental de Cascais, que ajudou a fundar, estreando Macbeth, a peça amaldiçoada de Shakespeare, numa sexta-feira, 13. “Estou muito nervoso. Esta foi uma viagem incrível! Faço um balanço muito positivo, apesar de todos os problemas que já tivemos, mas tem sido uma viagem maravilhosa. E eu continuo entusiasmado como quando comecei. Acredito no Teatro Experimental de Cascais como ele é, como ele foi e como será. Com toda a sua essência, como é estrear Macbeth numa sexta-feira, 13. O teatro é isto, é um desafio e uma irreverência”, assumiu Carlos Avilez poucos minutos antes da estreia. No final, o Mestre, como é tratado por muitos, foi ovacionado por uma sala cheia, e não conseguiu esconder a emoção. Tal como uma das atrizes da peça, Cláudia Semedo: “As estreias são sempre noites emocionalmente muito exigentes e depois hoje é sexta-feira, 13, sou bruxa no espetáculo maldito do Macbeth, são os 50 anos da companhia, a companhia onde me formei, e ter a oportunidade de fazer este espetáculo é demasiado especial. Trabalhar com o Carlos é uma aula constante de teatro. O que me impressiona é como é que um homem que já está a cumprir 60 anos de profissão e 50 de companhia é tão jovem, irreverente e ousado. É maravilhoso.” Também Paula Lobo Antunes confessou o orgulho que sente por poder fazer parte deste projeto que considera especial. “É uma honra estar aqui, a convite do Carlos Avilez, que é uma sumidade do teatro em Portugal, e que é tão audaz por celebrar com Macbeth. Mas correu muito bem. O elenco está muito unido e estamos todos muito felizes. Foi muito emocionante, ainda por cima a cena que faço, com o filho, depois de ter sido mãe, é uma combinação muito profunda e emotiva. E é bom regressar ao palco, às minhas origens. E foi ainda melhor ter aqui as pessoas que amo e que acreditam em mim e me apoiam”, afirmou.
Eunice Muñoz, por seu lado, fez questão de estar presente para aplaudir a neta Lídia. “Fico muito feliz por a minha neta seguir as minhas pisadas. Dá-me uma grande alegria. Ela sempre quis, desde muito miúda… Vestia trapos, foi sempre muito atraída pelo espetáculo. E a Lídia andou sempre comigo. Peguei-lhe o ‘bicho’, mas não foi difícil, ela queria muito. Acho que tem um talento imenso. Temos uma ligação muito profunda, sempre tivemos. Desde pequena que sempre se inclinou muito para mim”, confessou, orgulhosa.
Emocionado, Carlos Avilez recebe ovação na noite em que celebra 50 anos de TEC
O Teatro Experimental de Cascais teve sala cheia no dia da estreia de “Macbeth”. Um dia duplamente especial já que assinalava, também, os 50 anos do TEC. A festa fez-se em cima do palco, com muita irreverência e ousadia, mostrando que a força de Carlos Avilez continua inalterável.