“Quando um herói morre, todos querem uma citação. Acordei esta manhã com dor de cabeça de tanto chorar e daquele grande copo vermelho de whisky japonês, engolido na noite passada depois de as notícias chegarem. As pessoas já me perguntavam o que eu pensava. Parece-me um bocado pomposo falar de nós em momentos como estes, quando aquilo que aconteceu é tão obviamente do tamanho do mundo. Mas tudo o que li ou vi desde que saíram as notícias tem tido um tom profundamente íntimo, quase egoísta, quase terapêutico. Era quem ele era para todos nós. Um pedaço de seda brilhante plissada que podíamos esticar ou dobrar dentro de nós quando precisávamos. Sr. Bowie, calculo que neste momento tenhamos de pendurar isto por um minuto.
Na noite em que o conheci, atuei numa cerimónia dispendiosa da Vogue, com muitas flores frescas, de homenagem à Tilda [Swinton]. Ainda não tinha bem dezassete anos, a América era nova para mim e eu sentia-me desconfortável e pouco confiante com tudo o que estava a acontecer na minha vida que me colocava nestas salas de champanhe com voz indistinta e olhos arregalados. Toquei as minhas três canções, a contorcer-me em botas altas. Depois, a Anna agarrou-me na mão e disse ‘o David quer conhecer-te’ e levou-me entre pessoas e mesas redondas com velas e copos e conversas em volume cada vez mais alto, e ele estava ali.
Nunca conheci um herói meu e gostei. É horrível, a pressão é enorme, não consegues desfrutar do momento. Com o David foi diferente. Nunca vou esquecer a forma como acariciámos as mãos um do outro enquanto falávamos ou a luz nos seus olhos. Naquela noite, algo mudou em mim – senti uma calma, uma segurança a crescer. Penso nesses breves momentos, ele apresentou-me à minha próxima nova vida, um velho extraterrestre do rock and roll num fato cinzento perfeito. Percebi que tudo o que tinha feito, ou faria a partir daquele momento, seria feito como se ele estivesse a observar. Percebi que estava orgulhosa da minha estranheza espinhosa porque ele tinha tido orgulho da dele. E sei que nunca vou parar de aprender a dançar novas danças. Nunca vai mudar, aquilo que sentimos acerca dele. Para o resto das nossas vidas, vamos sempre espatifar-nos naquele mesmo carro.
Obrigado, David Bowie“, escreveu Lorde na rede social.
Lorde recorda o momento em que conheceu David Bowie
A neozelandesa partilhou uma mensagem no Facebook.
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