Depois do choque inicial veio a tranquilidade. Anna Westerlund e Pedro Lima já não contavam ter mais filhos. Pais de Emma, de 11 anos, Mia, de oito, e Max, de cinco, [o ator é ainda pai de João Francisco, de 17] reabrem agora esse capítulo. A ceramista está grávida de quase quatro meses e o bebé vai fazer parte do mundo de afetos desta família que tem a partilha e a generosidade como valores essenciais.
– Este bebé não estava previsto…
Anna – Nada previsto, mesmo. Não foi uma gravidez planeada. Eu e o Pedro não pensávamos ter mais filhos, estávamos bem resolvidos, era um capítulo encerrado. Mas a vida surpreende-nos e eu faço parte daquela percentagem das amigas que têm sempre uma amiga que engravida com o DIU [Dispositivo Intrauterino, anticoncecional]. Fomos apanhados de surpresa.
– E ultrapassado o choque inicial, que eu creio que devem ter tido… [risos]
– Sim. Quando não estamos à espera, é uma notícia com algum impacto, mas nem havia muito por onde pensar senão receber de braços abertos esta nova vida que decidiu nascer na nossa família. Eles os três foram tão desejados e planeados que desta vez pensámos ao contrário: das outras vezes eles foram escolhidos por nós e aqui foi alguém que decidiu nascer na nossa família, alguém que nos escolheu como pais. E estamos felizes por isso.
– E quando é que contaram aos vossos filhos?
– O João Francisco foi o primeiro a saber, por ser o mais velho e ter outra maturidade para lidar com a situação. Depois é que contámos aos mais novos e eles ficaram muito contentes. Eles são irmãos tão espetaculares, têm uma relação tão bonita entre eles que é de facto uma sorte alguém tê-los como irmãos. E isso para mim é comovente. Comovi-me a pensar nessa situação. Perceber que alguém vai nascer nesta família e vai ser tão bem recebido mexeu comigo emocionalmente.
– Nunca pensou em não prosseguir com a gravidez?
– Interromper a gravidez é uma escolha que podemos fazer e eu tenho muito respeito por quem o decide, mas não é uma escolha que eu sinta que tenha o direito de fazer. É uma escolha muito pessoal e que eu seria incapaz de fazer. Sinto que não iria viver em paz comigo se tomasse uma decisão dessas.
– E entra aquela máxima do ‘onde comem quatro comem cinco’…
– Quem tem quatro tem cinco e facilmente se percebe, à medida que se vai tendo mais filhos, que o que eles precisam é aquilo que não se compra. Não pretendo ser ingénua no que estou a dizer, mas no essencial eles precisam de amor, atenção, tempo e nesse sentido a profissão que eu tenho permite-me gerir o tempo de uma forma mais compatível com os timings de crianças relativamente pequenas.
– O entrave de pensarem se era economicamente possível nem se colocou…
– Não. Claro que temos uma vida simpática, sem luxos, mas confortável. Depois, a partilha de uma família grande proporciona as escolhas que se fazem a pensar sempre no outro. Todos eles têm a noção de que as escolhas que se fazem implicam na vida de várias pessoas, não só nós, como pais, como eles, como irmãos. É tão enriquecedor…
– Os seus filhos pediam mais um irmão?
– Sim e nós dizíamos que não fazia sentido. Eu até lhes dizia que se tivessem mais um irmão não poderiam ter, por exemplo, uns ténis que gostariam e eles eram os primeiros a dizer que isso não interessava nada, que preferiam ter um irmão. Portanto, esse argumento com eles não funciona.
– É bom sinal…
– Sim, é sinal de que a relação que eles têm, que a família que temos é muito mais rica do que qualquer bem-estar material para lá do básico.
– Está a viver esta gravidez de uma forma diferente?
– Ainda estou a aterrar e a perceber que de facto estou grávida. Mas a maior diferença que sinto é que não estou a vivê-la apenas com o Pedro. Estou a vivê-la muito intensamente, principalmente com a Emma e a Mia, que estão a viver em pleno esta gravidez comigo. Isso, sim, é completamente diferente, porque quando foi do Max, elas ainda eram pequeninas, não tinham muita consciência nem pensavam no facto de eu estar grávida. Desta vez é uma gravidez de todos, muito mais partilhada. Sinto que vai ser um bebé de todos.
– Sempre que nasce um filho o casamento leva um abanão…
– Confesso que nunca senti isso, não sei se era por já ter um workshop com o João Francisco, de ter essa partilha de atenção. Mas eu e o Pedro não temos tendência nenhuma para nos afastarmos, pelo contrário, unimo-nos mais e a verdade é que este momento de nascimento de filhos, ou outros mais complexos com que já tivemos de lidar no passado, aproxima-nos. Nessas alturas é que ficamos ainda mais unidos. É quase imediato.
– E o tempo apenas para os dois começa a ser cada vez mais escasso…
– Nós agora já estávamos a pensar que eles estavam mais crescidos e que mais facilmente poderíamos viajar, que é o mais complexo. Temos feito viagens independentes, ou vou eu com amigas ou vai o Pedro. É diferente, obviamente, mas não temos aquele espírito de que ou vamos os dois ou não vai ninguém. Portanto, acabamos por ter esse prazer para viajar e é preciso cada um de nós ter também esse seu tempo. Depois, o João Francisco vai fazer 18 anos, é super responsável e vai ser um baby-sitter à altura!
– Qual foi a reação da sua mãe, por exemplo, já que é uma das pessoas com quem conta para ajudar?
– Eu estava emocionalmente tão surpreendida e chorei tanto que ela achou que eu lhe ia dizer que tinha uma doença grave. Quando lhe disse que estava grávida ela desatou a rir às gargalhadas e disse: “que boa notícia!” Claro que foi ótimo sentir esse apoio, é verdade que me surpreendeu. Estava à espera que ela ficasse um bocadinho em choque, mas não e até estou surpreendida, porque está muito entusiasmada… Acho que ou ainda não percebeu bem ou tem algum plano de voltar para a Suécia… [risos]
Pedro Lima e Anna Westerlund radiantes por serem pais de novo
Não foi planeado mas é muito desejado o bebé que em julho enriquecerá a vida do ator e da ceramista.