Pedro Lima e Anna Westerlund são exemplo de um casal que conseguiu encontrar nas suas diferenças uma harmonia que parece feita de semelhanças. Habituados a conciliar horários, o ator e a ceramista não abdicam dos momentos em família, como aconteceu num dos fins de semana que passaram na Zambujeira do Mar com os filhos, Emma, de 11 anos, Mia, de oito, e Max, de cinco.
O encontro serviu de pretexto para uma conversa animada e descontraída, onde ficámos a saber qual a receita para o equilíbrio familiar, mas também a forma como vivem com emoção a quadra que se aproxima.
– Fins de semana como este são importantes para o bem estar familiar?
Anna Westerlund – Os fins de semana são para ser aproveitados ao máximo e todos juntos. Por isso, a possibilidade de vir para um ambiente de campo como este, mais tranquilo, onde jogamos, brincamos, fazemos surf e nos afastamos ainda mais do ritmo stressante que pode ser o dia-a-dia durante a semana é sempre bom.
Pedro Lima – Fins de semana como este são menos frequentes do que gostaríamos. Por termos agendas preenchidas e por questões logísticas, fazemos isto poucas vezes. Agora investimos numa casa aqui, no Zmar, por isso podemos vir mesmo que decidamos em cima da hora. A logística simplificou-se, agora é só uma questão de encontrar espaço nas nossas agendas. Neste tipo de programas reforçamos sempre os laços.
– Agora que os vossos filhos estão mais crescidos, como conseguem fazer programas que agradem a todos?
Anna – Agora é ainda mais fácil, porque já não há sestas e esse tipo de constrangimentos dos mais novos e gostamos todos do mesmo género de programas. Basicamente, gostamos é de estar todos juntos.
Pedro – Só o facto de estarmos todos juntos já nos faz ficar bem dispostos e aqui há uma diversidade de programas que podem ser feitos em família que agradam a todos: passeios de bicicleta, piscina de ondas, paddle, arvorismo, futebol, jogos de tabuleiro, cartas, passeios a cavalo ou de burro, etc.
– Pedro, com as gravações da segunda temporada da novela, tem conseguido estar em casa tanto quanto desejaria?
– Além das gravações de A Única Mulher, há o espetáculo Tragédia Optimista, que voltará a estar em cena no Teatro Municipal Joaquim Benite a partir de 13 de janeiro. Estou em casa muito menos tempo do que desejo, mas todos os dias tenho tempo para estar com a família, nem que seja meia hora.
– Eles não se queixam das ausências do pai?
– Nunca senti isso. Cresceram com este registo, de terem um pai que trabalha muitas vezes à noite, mas que os acompanha sempre que não tem compromissos profissionais. Acho que os meus filhos e a Anna não me veem como um pai ou marido ausente.
– O apoio da Anna é, com certeza, fundamental neste equilíbrio…
– Nós funcionamos como um conjunto. Há desafios que só consigo ultrapassar porque encontro na Anna e nos miúdos a força que sozinho não teria. São eles que me incentivam e contribuem para que tenha maior confiança em mim.
– A Emma está a entrar na pré-adolescência. Como estão a lidar com essa fase? Dizem que para o pai é sempre mais difícil por ser uma menina…
– É mais um desafio que encaro com alguma paciência, resistência e, quando é preciso, intransigência. Quando os argumentos que nos parecem lógicos não funcionam, por vezes temos de recorrer ao argumento do estatuto de pais. Lá em casa vive-se em democracia, mas quem manda é o governo, que sou eu e a Anna.
Anna – Sabemos que é uma altura de maior conflito e a Emma é uma miúda muito independente e muito sociável, por isso, a única questão que temos reforçado é o sentido de responsabilidade dela. Não há liberdade sem responsabilidade.
– Agora que os três estão mais crescidos, sentem que têm mais tempo para estar a dois ou tudo só faz sentido se feito em conjunto?
– Nós adoramos estar em família, mas também gostamos muito de estar só os dois, de podermos conversar sem sermos interrompidos, de partilhar e discutir ideias. Mas sempre conseguimos equilibrar-nos bem nesse aspeto e nunca tivemos de prescindir desses momentos. Não é preciso ir de férias para o outro lado do mundo para ter um momento a dois. Fazemos questão de criar momentos a dois no dia-a-dia.
Pedro – Não sentimos nenhuma ânsia de estar os dois sozinhos. Fazemos programas a dois quando nos apetece, mas acho que nos sentimos mesmo melhor todos juntos.
– Como é que vivem o Natal na vossa casa? Três crianças trazem, com certeza, muita alegria…
Anna – Para eles é uma época de festa e para nós também, pelo facto de nos juntarmos todos e de celebrarmos a sorte que temos por estarmos todos juntos, com saúde e felizes.
Pedro – Muito por iniciativa da Anna, que é a criativa lá de casa, temos construído alguns rituais que repetimos todos os Natais. Toda a decoração da casa, a árvore, o calendário de dezembro com um chocolatinho em cada janela, as bolachas de Natal, o fondue que comemos na consoada, a visita do Pai Natal e a celebração com toda a família em nossa casa, no dia 25 com muitas crianças, primos, tios, avós e a bisavó, a matriarca da família.
– Celebram o Natal de uma forma tradicional?
Anna – Não totalmente, na noite de 24 fazemos questão de estarmos só os cinco, uma vez que ficou decidido que o João Francisco [filho mais velho de Pedro] passaria sempre a noite com a mãe, para que faça mais sentido para todos e não haja uma troca ano sim, ano não. Assim, nessa noite preparamos um fondue e os três ajudam e adoram, fazemos sobremesas especiais, etc. No dia 25 juntamos todos em nossa casa num almoço de natal sueco, mas também fazemos um peru, porque somos muitos.
– Conseguem fugir do consumismo desta época com as idades que eles têm?
Pedro – Nós vivemos em paz com o que temos, por isso os desejos manifestados pelos miúdos são, por norma, fáceis de satisfazer. Acho que consumimos moderadamente.
Anna – Eles nunca tiveram muitos presentes e na verdade não são crianças que peçam muitas coisas. Normalmente, têm um desejo e aí é verdade que tentamos corresponder, mas até agora não têm pedido nada de extravagante.
– Eles ainda acreditam no Pai Natal? É importante fomentarem o lado mágico na vida deles?
Anna – O Pai Natal aparece sempre na noite de 24 e tem sido muito engraçado eles tentarem perceber quem é. Vão dando palpites de quem é que teve paciência para se vestir e andar na rua para ir a nossa casa, e esse é um segredo bem guardado [risos]. Mas ao mesmo tempo há todo um ritual da sua chegada que todos esperam ansiosamente. Nesse sentido ainda todos acreditam na magia e eu espero que nunca deixem de acreditar.
– Vê-se que eles são muito cúmplices. Também têm as suas zangas?
Pedro – Lá em casa discute-se com naturalidade. Quando os ânimos se incendeiam procuramos intervir o menos possível. Cultivamos a ideia de que os conflitos não devem terminar em rutura. Devemos defender o nosso ponto de vista, mas também temos de ouvir o outro. Em caso de divergência insanável, o caminho da negociação é o recomendado.
Anna – Eles são muito cúmplices num minuto e no minuto seguinte podem já estar zangados. Mas sabem admitir quando estão errados e pedir desculpa para que logo a seguir sejam amigos outra vez. Mas sentem muito a falta quando algum deles não está e vê-se que têm um amor enorme entre todos, e isso deixa-me muito feliz.
– Para terminar, qual o segredo para se manterem tão apaixonados e em sintonia?
Pedro – Para já, a Anna é muito bonita, o que facilita muito as coisas. Depois, é uma mãe extraordinária. Mas o mais importante é ter a inteligência de perceber que o amor é um caminho com momentos de encantamento, mas também com desafios, saber que tudo fica melhor por ter a Anna ao meu lado como minha mulher e mãe dos meus filhos e ter a convicção de que o futuro será ainda melhor do que o presente.
Anna – Estamos em sintonia desde o dia em que nos conhecemos. Quanto a estarmos apaixonados, há alturas em que estamos mais, outras menos, mas aceitamos isso com naturalidade. Acho que se há segredo é esse. É saber que há alturas maravilhosas e outras menos boas e esse é que é o desafio. Acho que temos uma cumplicidade tão grande, um amor tão grande pela família que construímos e um pelo outro, que tudo nos parece fácil de ultrapassar. Genuinamente, imaginamos e fazemos projetos para quando formos velhinhos e isso é muito especial, faz-nos querer caminhar lado a lado.
Pedro Lima e Anna Westerlund: Receita para o equilíbrio familiar
Genuinamente apaixonados e felizes, o ator e a ceramista têm na família a sua principal preocupação. Apesar de adorarem os momentos a dois, é junto dos filhos que se sentem mais completos.
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