O tema Dia de Folga, de Ana Moura, recebeu o troféu de Melhor Música na XXI Gala dos Globos de Ouro. “Obrigada à SIC e à CARAS, ao Jorge Cruz, compositor da música, aos músicos que a gravaram e a têm tocado ao vivo e a toda a minha equipa. Obrigada por estarem sempre ao meu lado”, disse a fadista ao receber o prémio das mãos de Cláudia Vieira e João Manzarra.
Esta é a terceira vez que Ana Moura é distinguida na Gala do Ano. Em 2010, a artista arrecadou o prémio de Melhor Intérprete Individual, com o CD Leva-me Aos Fados, e em 2013 voltou a ser reconhecida, desta vez na categoria de Melhor Música, por Desfado.
Ana Moura é uma das fadistas portuguesas mais reconhecidas a nível internacional, contando com parcerias com artistas de renome que entretanto se tornaram seus amigos, como Prince – que morreu no passado dia 21 de abril – e Mick Jagger, vocalista dos The Rolling Stones.
Entregou-se completamente à carreira e não se arrepende por isso. Pelo menos até agora. Ana Moura, de 36 anos, desde pequena que se habituou a ouvir os pais a cantarem fado, mas não foi por isso que perseguiu esse sonho. Foi completamente por acaso que esta voz do fado contemporâneo começou a cantar.
Tinha 19 anos e terminado o 12.º ano quando se inscreveu num curso de canto lírico e, ao mesmo tempo, procurava o seu primeiro emprego. Encontrou-o num bar em Carcavelos onde aos domingos se cantava fado. Arriscou. Cantou temas de Amália e de Dulce Pontes. E foi o guitarrista António Parreira que reparou nela. Daí até ir cantar para o Sr. Vinho, pela mão de Maria da Fé, foi um instante.
Em 2003, Ana Moura, natural de Coruche, edita Guarda-me a Vida na Mão, que conquista a crítica e recebe grandes elogios por parte da Comunicação Social. Inicia as digressões pelo mundo. Um ano depois tem repertório para mais um álbum. Aconteceu engloba o fado clássico e o fado tradicional. Atua no Carnegie Hall de Nova Iorque. Seguem-se Holanda, França, China.
A fadista estava mais que implantada no mercado da música. Recebe uma nomeação para os Edison Awards. Entretanto, os membros dos Rolling Stones, numa passagem pelo Japão, ouvem um dos seus discos e ficam rendidos à sua voz, tanto que Tim Ries, saxofonista da banda, a convida para fazer parte do segundo disco do Rolling Stones Project. Começava assim uma ‘relação’ musical. Por isso, quando os Rolling Stones vieram a Portugal para darem o concerto no Estádio de Alvalade, em junho de 2007, aproveitaram para, na véspera, ir ouvir Ana Moura cantar numa casa de fados. Convidaram-na para assistir ao concerto e quando já estava entrar no estádio recebeu um telefonema de Tim Ries para subir ao palco e cantar No Expectations ao lado de Mick Jagger.
Nesta altura já o terceiro disco de originais Para Além da Saudade, no qual canta Fausto e Amélia Muge, tinha chegado às rádios. Mantém-se no top mais de 70 semanas. Chega a disco de platina, com 20 mil cópias vendidas. Por este trabalho é ainda galardoada com o Prémio Amália para Melhor Intérprete.
Em 2008 gravou o primeiro DVD ao vivo num concerto memorável no Coliseu dos Recreios e ainda participou num espetáculo de homenagem a Amália que decorreu no Campo Pequeno.
2009 fica marcado pelo lançamento do seu disco Leva-me aos Fados e pela presença de Prince – que morreu no passado dia 21 de abril – num concerto que deu em Paris. O músico confessou-se fã do seu fado e tornaram-se amigos, tanto que em julho desse mesmo ano, Prince viajou até ao nosso país e foi conhecer a noite lisboeta pela mão da fadista. Ficaram amigos e surgiu uma parceria, começando Ana Moura a participar nos espetáculos do norte-americano.
Em 2011, foi nomeada para Best Artist Of The Year, um dos mais importantes prémios da prestigiada revista inglesa de música Songlines. Nesse mesmo ano, fez uma digressão pelos Estados Unidos e Canadá e chegou a ter Tim Ries como convidado especial.
Desfado foi apresentado ao público em 2012, o seu quinto trabalho discográfico. Além de inúmeros concertos em Portugal, Ana Moura teve também uma tournée internacional que passou pelos Estados Unidos, Canadá, México, Reino Unido, Áustria, Holanda, Alemanha, Noruega, Bélgica e Angola.
No início de 2015 foi condecorada pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
Já no final do ano, lançou Dia de Folga, o álbum cujo tema de apresentação com o mesmo nome lhe valeu o Globo de Ouro de Melhor Música na XXI Gala dos Globos de Ouro.
Na mesma categoria estavam nomeados os temas Dizer Que Não, de Dengaz, Não Faço Questão, de D.A.M.A com Gabriel, o Pensador, e Tempo é Dinheiro, de Agir.
‘Dia de Folga’, de Ana Moura, eleita Melhor Música do Ano Passado
A fadista recebeu o terceiro Globo de Ouro da sua carreira.