Rodrigo Guedes de Carvalho foi uma das testemunhas de acusação ouvidas esta segunda-feira, dia 27, no processo onde Bárbara Guimarães acusa Manuel Maria Carrilho de violência doméstica e difamação. O jornalista, que manteve sempre um tom seguro e um discurso claro, começou por admitir que teve uma conversa reveladora com a apresentadora, depois da festa que Bárbara deu por altura dos seus 40 anos. “A Bárbara disse-me que tinha que desabafar uma situação terrível que estava a viver no seu casamento. Disse-me que era vítima de violência doméstica, uma situação que duraria há anos, sobretudo desde o nascimento da filha mais nova. Alertei-a para o impacto público que tudo isto iria ter, mas disse-lhe que devia avançar para a queixa. A alternativa seria continuar a sofrer em silêncio”, sublinhou.
“Ela era vítima de violência verbal e física e disse-me que tinha marcas físicas. A Bárbara pretendia sair do casamento. Sabia que isso ia implicar o que está a acontecer, estava com medo, mas avançou. Nada justifica a violência doméstica”, continuou Rodrigo Guedes de Carvalho.
Questionado sobre o impacto das entrevistas dadas por Manuel Maria Carrilho, o jornalista foi peremptório: “As declarações do arguido foram um contra ataque agressivo e descabido para quem se está a defender de violência doméstica. Um caso mediático de uma sordidez como esta tem um impacto indelével na carreira de uma pessoa, mesmo que ela esteja, como acredito que a Bárbara está, na posição de vítima”.
Habituado a lidar com vítimas de violência doméstica, devido a várias reportagens que já fez e ao trabalho que mantém com a APAV, Rodrigo Guedes de Carvalho sublinhou que reconheceu na amiga vários sinais do que estava a viver. “Andava alheada, triste, vivia permanentemente em pânico, sobressaltava-se quando o telefone tocava, emagreceu… As pessoas sentem-se numa prisão sem remédio. É uma situação de perigo eminente. Neste sentido, é uma escravidão”, disse.
Tendo sido um dos convidados da festa dos 40 anos de Bárbara Guimarães, Rodrigo Guedes de Carvalho explicou o que viu nessa noite e que tem sido alvo de análise neste processo. “Fiquei chocado e surpreendido com tudo o que aconteceu. No meio de uma grande confusão, vi amigas da Bárbara avançarem para ela com um cachorro, que seria a prenda delas. A partir daí, foi absolutamente notória para todos nós uma expressão de cólera do arguido que não percebemos. Ficou um clima muito estranho. Ele ficou fora de si, colérico, estava furioso com a Bárbara e o comportamento dele e a forma como a estava a abordar incomodou muita gente. Depois disto, a Bárbara pareceu-me sobretudo constrangida e visivelmente amedrontada nos momentos em que ele falava ao ouvido dela”, explicou o jornalista.
Durante uma conversa entre Bárbara Guimarães e Rodrigo Guedes, a apresentadora terá dito: “Ele não se quer divorciar porque, para ele, isto não é um quadro de violência doméstica, são quezílias normais”.
Rodrigo Guedes de Carvalho aconselhou Bárbara Guimarães a apresentar queixa de violência doméstica
O jornalista da SIC testemunhou em tribunal que Bárbara lhe confidenciou que era vítima de violência doméstica, no decorrer do ano de 2013, meses antes de avançar com a queixa-crime.