
Paulo Miguel Martins
Para quem é tímido e reservado, ser ator pode parecer a escolha errada. Contudo, para Duarte Gomes, de 31 anos, nunca houve opção. Na adolescência entrou para o Chapitô e no segundo ano do curso já tinha a certeza absoluta de que queria representar. Ao longo do seu percurso, o ator tem mostrado talento e versatilidade, estando atualmente a interpretar o rebelde Diogo Guerra na novela da TVI Jogo Duplo, uma personagem que não poderia ser mais desafiante para o rapaz certinho que Duarte sempre tentou ser, tirando uma ou outra ocasião, como nos conta nesta entrevista.
Se na ficção o ator quer dar nas vistas, na vida de todos os dias não é bem assim. Sem se deslumbrar com a fama, Duarte assegura que aprecia “as coisas simples” e que o seu dia a dia “não é muito emocionante.” Discreto, também não gosta de expor o lado mais pessoal. Contudo, nesta manhã passada à beira-rio, revelou que é um homem apaixonado e que vive um namoro sólido há vários anos.
– Interpretar um rebelde é um grande desafio?
Duarte Gomes – Sim, porque o Diogo é uma pessoa que está mal com a vida e eu não me revejo nele. Fui buscar muitas coisas a um amigo que nem sequer sabe que me estou a inspirar nele.
– Sempre foi um rapaz certinho?
– Todos nós temos laivos de rebeldia. Na adolescência temos certezas de tudo e achamos que já somos adultos. Foi nessa altura que entrei no Chapitô, por isso vivi a chamada “idade do armário” de uma forma um bocadinho diferente. Lá, fui obrigado a crescer. Mas tive os meus momentos de rebeldia… Um dia chateei-me com a minha mãe e disse-lhe que ia sair de casa. Estive três dias na casa do meu pai. Acho que foi o meu maior ato de rebeldia. [Risos.]
– Ter entrado no Chapitô foi mesmo um momento determinante na sua vida?
– Sim. Estava descontente com o percurso escolar normal, queria só passar de ano e não estava motivado. Nessa altura já tinha vontade de ir para uma escola de teatro. Optei pelo Chapitô, porque tinha um ensino que abrangia também as áreas da dança e do circo. Precisei mesmo desse abanão. Nessa altura, sentia que estavam a acontecer muitas coisas na minha vida. O Chapitô é em Lisboa, eu vivia em Oeiras e afastei-me de todos os meus amigos… Apesar de estar a fazer algo que queria muito, tudo aquilo mexeu bastante com as minhas emoções. Entrei na escola com 15 anos, o que, por si só, já é uma altura de mudança. Andava um bocadinho mais explosivo.
– E hoje quem é o Duarte longe da televisão e dos palcos?
– Sou um homem tímido e observador. Preciso de algum tempo para me sentir confortável. Gosto das coisas simples e não tenho caprichos. Não tenho uma vida muito emocionante. Também gosto bastante de fazer desporto. Nós, atores, nem sempre conseguimos saber quem somos, porque trabalhamos muito com as emoções e acabamos por ficar um bocadinho perdidos. Parece que vivemos com uma capa, porque precisamos de proteger o nosso interior. Mas sou uma pessoa de sorriso fácil. Vivo no mundo, não estou num lugar que é só meu. É bom ter amigos fora da área, que me puxam para outras realidades.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1179 da revista CARAS.
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