Luciana Abreu emocionou os portugueses com o nascimento prematuro das suas filhas gémeas Amoor e Valentine a 23 de dezembro de 2017, e este sábado, 28 de abril, contou no programa Alta Definição o drama vivido lembrando que, apesar de as filhas já não estarem em perigo de vida estão amplamente marcadas pela condição de prematuridade, facto que as acompanhará ao longo das várias as fases da sua vida. Admite viver atualmente uma boa fase, na qual já lhe é possível dormir à noite com maior tranquilidade porque, apesar de tudo, o pior já passou.
Esta foi, desde sempre, uma gravidez difícil. A alegria da notícia foi muito grande e julgava até que seria um menino desta vez, mas admite que não estava psicologicamente preparada para ter gémeas. As dificuldades não tardaram em chegar: passou por cinco crises renais, a primeira delas num comboio intercidades onde esteve “presa” durante três horas. “Pensei que as ia perder. Aquele aparato todo, os paramédicos, a ambulância à minha espera”, recorda agradecendo a “todas as pessoas que me assistiram no comboio”. A cantora soube mais tarde que aquilo que sofreu foi uma transfusão feto-fetal, situação médica que ocorre em um em 10 mil casos e na qual há apenas um cordão umbilical e a partilha da placenta.
“A Valentine estava a alimentar a irmã. Há a recetora e a dadora. A Valentine [estava] praticamente já sem líquido amniótico, com o líquido da irmã na barriguinha e no coração”, rememora.
O momento crucial aconteceu quando, já no Hospital de Cascais, comunicaram a Luciana que teria 24 horas para dar à luz as gémeas. “A dada altura podíamos morrer as três, não é? Foi um momento muito dramático, muito violento para toda a família. O Daniel [Souza] completamente desnorteado sem saber o que fazer atrás da ambulância.”
O parto ocorreu já na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, onde “mesmo anestesiada eu sentia dor. O meu útero estendeu três vezes”. Apesar de não ser permitido ao pai acompanhar a situação, Luciana Abreu contou com a mão do marido, Daniel Souza, a apoiá-la. “Quando o vejo percebi de facto que eu podia não ser mais dali”, ciente de que viveu tudo aquilo por um motivo especial. “Estas meninas escolheram-me para ser mãe delas. Portanto eu tenho de aguentar (…) era a minha missão naquela sala.”
A primeira a nascer foi Valentine, uma imagem que lhe paira na cabeça com frequência. “Ela nem chorou. Quando a vi pensei ‘É a primeira e a última vez que a estou a ver’. Desatei num pranto. Aquela força que eu como mãe ter tido ali, de não chorar descontroladamente, não consegui”, afirmou.
Sentiu-se impotente e diz que tudo estava “nas mãos de Deus, daqueles médicos e enfermeiras abençoadas”. Com o jeito doce que mantém, apesar das dificuldades da vida, Luciana explicou ainda a escolha dos nomes das filhas: Valentine, pela sua valentia, por ter alimentado a irmã; Amoor, por ter lutado pela vida por amor à irmã. Não esquece ainda a tristeza de não ter tido a possibilidade de as amamentar. Conta ter-se despedido das filhas mais velhas, Lyonce e Lyanni no Hospital de Cascais e de lhes ter transmitido a ideia de que “teriam de proteger as irmãs. Os irmãos, a família são o mais importante da vida”.
Os ensinamentos não os esquece. “Todo este tempo me ensinou que há prioridades muito mais importantes do que ser bonita ou manter a linha. Porque se tu não tens dentro tu não podes dar a ninguém”, sublinha em virtude de ter sido questionada ao longo destes meses sobre a sua magreza. Diz ter passado vários dias sem comer porque “a minha tristeza era tão profunda, o meu medo de as perder desde sempre foi tão grande”.