
João Lima
Ricardo Trêpa tem 45 anos, mas mantém o ar de rapaz rebelde e bem-disposto de sempre. Descontraído, o ator assume que encara a vida com leveza, nunca se deixando abater pelas dificuldades. O seu foco é sempre a solução, nunca o problema. Sem medo de errar, gosta de correr riscos e nunca diz não a um desafio. E foi por isso mesmo que aceitou integrar o elenco do musical Grease, que estreia em setembro no Salão Preto e Prata, no Casino Estoril. Apesar de falar com entusiasmo do seu percurso profissional, quando se trata da sua vida pessoal é mais reservado. Sem querer fazer grandes comentários sobre o seu namoro com Maria João Reino, o neto do realizador Manoel de Oliveira garante que com o passar dos anos tem pensado mais na possibilidade de construir a sua própria família.
Numa manhã passada na Praia Grande, em Sintra, Ricardo conversou com a CARAS e revelou-se o homem de convicções fortes que convive harmoniosamente com o surfista de sorriso fácil para quem é simples ser feliz.
– Em breve regressa aos palcos. Como está a encarar este desafio?
Ricardo Trêpa – Fazer teatro musical é um grande desafio, sem dúvida. Este espetáculo, Grease, é baseado no filme com o mesmo nome. Vou fazer o papel de um locutor de rádio bem-parecido e engatatão. Vamos atuar no Salão Preto e Prata, no Casino Estoril. É um espetáculo encenado pelo Paulo Sousa Costa, cujo trabalho aprecio bastante. Estou mesmo muito entusiasmado. Já tinha feito A Bela e o Monstro no Gelo e voltar aos palcos é sempre uma alegria.
– Mas está a aventurar-se num território completamente novo…
– É um território que não me é confortável, mas é assim que crescemos e aprendemos. Vamos começar a ensaiar e estou pronto para iniciar este trabalho. Sou um homem de desafios. Na vida, temos de nos desafiar constantemente.
– Sente que ainda tem muito para provar em cima dos palcos? Ou a sua carreira, que foi maioritariamente construída no cinema, fala por si?
– Fiz muito cinema graças ao meu avô. Não vejo o palco como um peso e sim como uma plataforma. No palco podemos experimentar outros processos criativos. O palco dá-nos um vazio, porque não há uma rede de segurança. No teatro não há o “corta”. E esse vazio é uma possibilidade infinita de criação. Para mim, isso é um estímulo, nunca uma angústia.
– O cinema do seu avô teve projeção a nível internacional. Alguma vez pensou em trabalhar lá fora?
– Se há 20 anos estivesse focado como estou hoje, talvez tivesse ido para fora. Mas hoje em dia o meu objetivo é trabalhar em Portugal. Adoro o nosso país e quero continuar a fazer o meu percurso na ficção nacional. Quero fazer mais televisão e teatro. Por enquanto, o cinema está mais parado, mas vamos ver o que o futuro me reserva.
– Aos 45 anos, ainda tem muitos sonhos por realizar?
– Estou numa fase de concretização, mas já tenho um longo caminho feito. Comecei no cinema e hoje faço televisão e teatro. Invisto muito em formação e sinto que isso tem sido essencial. Tive um trabalho de construção até aqui e agora quero conquistar o meu lugar na representação.