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Sempre que salta, Nelson Évora toca nas estrelas e consegue agarrar os sonhos. E nesse embalo leva-nos a todos com ele, numa crença de que, quando lutamos muito, tudo é possível. Ele é a prova dessa luta e das conquistas. A prova de que somos sempre maiores do que as nossas adversidades. A prova de que os heróis se fazem de humildade e de dedicação. E também de muita simpatia. Não é por acaso que aos 34 anos continua a conquistar medalhas, tendo arrecadado a medalha de ouro no triplo salto dos Europeus de Atletismo na passada semana. Era o único título ao ar livre que lhe faltava e, uma vez mais, Nelson fez história. Foi precisamente este feito que deu o mote a uma conversa que teve Lisboa como pano de fundo, horas antes de o atleta regressar a Madrid, cidade onde vive há dois anos. Mas a sua casa, essa, continua a ser Portugal.
– Alguma vez pensou que aos 34 anos seria um dos maiores nomes do atletismo português?
Nelson Évora – Só o facto de ganhar um título olímpico já me tornava um dos melhores. Quando conquistei esse título, sabia que iria ficar para a história do nosso país, o que, de resto, é o sonho de qualquer desportista – ser bem sucedido, ter reconhecimento e ficar para a história. Mas o que acabei de conquistar vai muito além do que algum dia imaginei. Ser um dos poucos da história do triplo salto mundial a ganhar os três títulos – ouro mundial, europeu e olímpico – deixa-me supersatisfeito e realizado. Este último foi um título que estava tão perto, mas que me podia escapar… Sofri muito com esta angústia, mas acabou por correr tudo bem. O principal objetivo do desporto é fazer as pessoas vibrarem de emoção. E os portugueses têm-me acarinhado muito, e espero que todos desfrutem deste título. E a minha família também, pois está sempre comigo.
– Falou na família. Que papel é que a sua família tem neste seu percurso, neste seu sonho e nas suas vitórias?
– As pessoas bem sucedidas, geralmente, têm muito boas pessoas por detrás delas. Pessoas que lhes dão paz, que ajudam nos problemas, que ajudam a quebrar barreiras para se poderem concentrar no que lhes compete fazer. E eu não fujo à regra. Tenho uma família que me ampara quando me sinto mais perdido, mais triste. Tenho amigos que também o fazem… É um papel injusto, mas de extrema importância. Se não tivermos essa paz, é difícil termos cabeça para continuar em frente. Tenho muito a agradecer-lhes.
– Já houve momentos difíceis, sobretudo nas lesões, em que essa paz foi perturbada e em que questionou tudo?
– Sem dúvida! Se disser que nunca pensei em desistir, estou a mentir. Houve muitas pessoas chave para poder chegar onde estou. Sou muito grato por tudo, mas todos nós temos as nossas fraquezas e momentos menos bons. E desistir é o caminho mais fácil. Acho que nunca conseguiria desistir, mas já pensei nisso. Tenho muita vontade de provar ao mundo que é possível cairmos e levantarmo-nos ainda mais fortes. Hoje sou muito mais forte do que era. Quem me dera ter esta força antes das lesões…
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1202 da revista CARAS.
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