Discreta, muito ligada à Igreja, preocupada com causas sociais e de pulso firme com as filhas, assim a descrevem os mais próximos, poucos. Michelle de Paula, a nova primeira-dama do Brasil, conheceu o homem que agora lhe dá este título em Brasília. Ele era deputado federal e ela era secretária de um dos partidos adversários do de Jair Bolsonaro. Foi em 2007 que se viram pela primeira vez e seis meses mais tarde estavam casados pelo civil.
“Tudo começou quando nos vimos pela primeira vez, no gabinete do Jair. Não demorou muito para termos a certeza de que queríamos dividir uma vida a dois”, disse Michelle à revista brasileira Festejar Noivos. Jair já tinha sido casado duas vezes e Michelle também tinha tido um relacionamento anterior do qual trouxe para o seio da nova família uma filha que hoje tem 16 anos. O novo presidente do Brasil também já tinha três filhos, todos adultos e envolvidos na política brasileira.
Juntos tiveram mais uma filha, Laura de 7 anos, fruto de uma vitória pessoal de Michelle que conseguiu convencer Bolsonaro a reverter uma vasectomia que tinha feito uns anos antes.
Michelle Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto vinda de uma cidade muito próxima da capital brasileira, Ceilândia. Aqui nasceu com apelos à solidariedade vindos da mãe. “A minha mãe sempre nos ensinou que não devíamos negar água e comida para ninguém”, disse num vídeo de campanha eleitoral do marido, numa rara aparição em público. Sobre o pai ainda menos se sabe. A única referência a Paulo Reinaldo, que o Observador diz ter ligações a Portugal, é feita por Jair Bolsonaro, que usa uma alcunha pela qual o sogro é conhecido – “Paulo Negão” – para se defender de acusações de racismo.
“O meu sogro mora aqui em Ceilândia, é conhecido como Paulo Negão. Dele posso dizer que não gosto muito, com todo o respeito. Brincadeira! Ele é um amigo! E sou apaixonado pela filha dele”, disse o novo líder brasileiro.
Quando se casaram, em 2007 Michelle, ganhou um novo lugar em Brasília. Mantinha-se como secretária, mas agora era Jair Messias Bolsonaro o seu chefe. Diz o Observador que o ordenado da nova primeira-dama triplicou. Mas não se manteve muito tempo no lugar porque o Supremo Tribunal Federal lembrou ao casal que a Constituição Brasileira proíbe o nepotismo. Foi o momento ideal para Michelle se recatar no lar, dedicar-se a causas sociais e estreitar a sua ligação a Deus.
Desde que deixou os gabinetes da Esplanada dos Ministérios de Brasília, Michelle passou a ter mais tempo para educar as filhas e preparar o casamento religioso com Bolsonaro que aconteceria em 2013, no Rio de Janeiro. A cerimónia luxuosa juntou cerca de 150 convidados no dia 21 de março, no dia de aniversário de Jair e um dia antes do de Michelle e foi celebrada pelo pastor Silas Malafaia, uma figura importante na vida do casal Bolsonaro.
É Silas Malafaia que caracteriza Michelle no papel de mãe. À Globo diz que é severa. “Quando está no comando, brigando com as filhas, Bolsonaro nem se mete na discussão com medo”, revela Malafaia aos risos.
O pastor da Igreja Evangélica foi o fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, na Barra da Tijuca, que Michelle frequentou durante anos. Mas acabou por a abandonar em 2017 numa altura em que Malafaia se afastou de Bolsonaro depois do novo presidente do Brasil lhe ter recusado ajuda num caso de corrupção em que o pastor se envolveu.
Na nova Igreja, a Igreja Batista da Atitude, Michelle começou a dedicar-se às causas sociais. Ficou muito próxima dos surdos porque, como disse numa intervenção durante a campanha ao lado de Bolsonaro, tem um tio com esta deficiência. É precisamente por causa desta ligação de Michelle que Jair sempre fez discursos com um intérprete de língua gestual ao lado.
Michelle Bolsonaro é a terceira mulher a fazer parte da vida de Jair, têm 27 anos de diferença – ele tem 63 e ela 36 – e não é fácil conseguir dados sobre a sua vida. Várias publicações brasileiras, incluindo a Globo, referem que os elementos da família e da Igreja estão proibidos de dar informações sobre a nova primeira-dama. Quanto ao seu papel no novo governo brasileiro, que tomará posse no início do próximo ano, deve ser focado nas causas sociais, uma vez mais com os surdos a receberem grande preocupação por parte de Michelle de Paula.