Em 2009, Isabel Meirelles concorreu pelo PSD à Câmara Municipal de Oeiras, eleição que acabou por perder para Isaltino Morais. Esta experiência foi tão negativa para a advogada que, em 2016, confidenciou à CARAS que não tinha “vontade de voltar à política ativa”. Contudo, o facto de Rui Rio ter sido eleito presidente do seu partido no início deste ano renovou as esperanças da especialista em assuntos europeus, que, depois de ponderar, decidiu aceitar o seu convite para se tornar vice-presidente do PSD.
Numa tarde passada em sua casa, em Oeiras, a social democrata partilhou com a CARAS a sua visão feminina da política e como, numa área em que muitas vezes os interesses pessoais se impõem, consegue viver aquela que é a sua verdadeira vocação e que o seu filho, Pedro, de 39 anos, tão bem explicou quando, em criança, lhe perguntaram o que a mãe fazia: “A minha mãe resolve os problemas dos outros.”
– Numa entrevista que nos deu em 2016 disse: “Não tenho vontade de voltar à política ativa. Para voltar, teria de compactuar com muita coisa que os meus princípios éticos e morais não me deixam.” Contudo, agora é vice-presidente do PSD. O que a levou a mudar de ideias?
Isabel Meirelles – Como disse na última entrevista, tive uma experiência muito má quando concorri à Câmara Municipal de Oeiras. Fiquei muito desiludida com as pessoas, porque estavam a defender interesses próprios e mesquinhos. Isso deixou-me desgostosa, porque não é essa a minha forma de estar. Por isso só poderia voltar à política se fosse trabalhar com alguém com quem me identificasse e que defendesse uma política com sentido de Estado. Basicamente, alguém com o perfil do Dr. Rui Rio, que é honesto, leal e frontal. É a pessoa mais corajosa que já conheci. Faz política com ética, algo que valorizo imenso. A política tem de ser uma causa nobre.
– Considera que as mulheres fazem política de uma forma diferente?
– Tenho a certeza que sim. E acho que é uma mais-valia. Homens e mulheres só têm igualdade de oportunidades, porque não são iguais entre si, têm maneiras diferentes de ser. As mulheres são mais pacientes, pacíficas e dadas a consensos. Acho que há uma visão feminina de fazer política. Mas, infelizmente, e recolhi alguns dados em quatro décadas de democracia, em 25 governos, com 15 primeiros-ministros diferentes, foram nomeados para funções governativas 1609 homens e 127 mulheres. Esta é a realidade portuguesa. E se houvesse mais mulheres a dar o seu contributo seria tudo mais interessante.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1213 da revista CARAS.
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