Ana Rocha, de 40 anos, vive como se estivesse num filme, ou não fosse uma “atriz adormecida”, como se define, e uma jovem realizadora que se prepara para filmar a sua primeira longa-metragem. Nas histórias que conta não se esquece de descrever a luz que enquadrou cada momento. Também assume o papel da mulher que sente “violentamente tudo” e que foi capaz de deixar para trás uma carreira de sucesso na representação para ir estudar para Londres, na esperança de realizar os seus sonhos.
Como não poderia deixar de ser, neste filme há também um romance. Entre Portugal e Inglaterra, apaixona-se por Pedro Mendonça, brand manager na área farmacêutica, e em março de 2014 nasce Amália. A partir desse momento, Ana redescobre-se numa nova vida, onde não faltam motivações e objetivos por concretizar.
Numa manhã passada num décor de inspiração poética, a realizadora passou para o outro lado da objetiva e deixou que se captasse a cumplicidade entre mãe e filha. Numa conversa sem “corta!”, Ana partilhou com a CARAS a magia e os desafios que Amália, de quase cinco anos, e a realização trouxeram à sua vida.
– Os últimos cinco anos foram os mais intensos da sua vida?
Ana Rocha – Foram muito ricos a vários níveis. A vida tornou-se complexa, a maternidade deu outro sentido à minha vida. O parto foi, efetivamente, o momento mais incrível que vivi até hoje. Foi quase místico. A minha filha nasceu com o sol. No momento em que a Amália nasceu, tinha um raio de sol a entrar pelo quarto e a bater-me nos olhos. E lembro-me perfeitamente de sentir essa poesia e magia. O quarto parecia iluminado para um filme. E a partir daí tudo mudou. Contudo, o nascimento de um filho também traz uma enorme responsabilidade. Lembro-me de que nos primeiros meses da minha filha a ideia de eu morrer era algo muito presente e agressivo. Pensava em como seria a vida daquele bebé se me perdesse.
– Sente que a maternidade também a transformou enquanto artista?
– Lembro-me de me dizerem que a maternidade nos dava um boost criativo, e não senti isso. Só sentia que tinha de cuidar da minha filha. No entanto, passados quase cinco anos, sei que tive essa inspiração mas não me apercebi. Escrevi a minha primeira longa-metragem quando a Amália era pequenina. Escrevia durante a noite. Antes, não encarava a escrita como trabalho. Hoje, sim. Agora vou começar a filmar essa longa-metragem, que tem muito a ver com a minha experiência da maternidade.
– E enquanto mulher?
– Não sinto que tenha mudado. No meio desta experiência da maternidade, nunca me esqueci de mim enquanto mulher, dos meus projetos e sonhos. Em alguns momentos senti culpa por não abdicar disso mesmo. Mas os nossos filhos voam e não temos que deixar esse peso em cima deles. Há fases em que pensamos: “E se agora dedicar toda a minha vida ao meu filho?” Mas acho que não é preciso.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1225 da revista CARAS.
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