João Lima
Durante dez dias Betty Faria voltou às pessoas, aos lugares, aos sabores e aos cheiros de que tanto gosta em Lisboa para mostrar a cidade à neta, Giulia Butler, de 16 anos. “Sou muito feliz em Portugal. Sou sempre muito bem tratada, Portugal me pega ao colo. A única coisa má é que engordo sempre quando venho cá”, disse a atriz brasileira, com a sua gargalhada inconfundível, durante a tarde que passou com a CARAS na suíte Beatriz Costa, do Tivoli Avenida Liberdade. Betty, a eterna Tieta, abriu-nos as portas daquela que foi a sua casa nestes dias para se mostrar tal como é, aos 77 anos. Sem tabus e sem falsos moralismos.
– Voltar a Portugal, mas desta vez com a sua neta, é especial?
Betty Faria – É especialíssimo. Já cá vim muitas vezes, mas tinha um certo medo de voltar, porque os meus dois melhores amigos aqui – Nicolau Breyner e [o estilista] José Carlos – já morreram. Mas queria apresentar Lisboa à Giulia… Disse-lhe que ela iria ver o que é ser bem tratado.
– Que tipo de avó é?
– Acho que sou a avó mais amorosa, mais protetora, mais chata, mais legal, mais tudo…
– Sente que estas partilhas e estas memórias que estão a criar são a melhor herança emocional que lhe pode deixar?
– É, espero que a marque com coisas boas, bons valores… Esperamos sempre deixar coisas boas para esse mundo cheio de preconceitos e de ódio. Espero que os meus netos vejam as pessoas sem diferenças de classe, credo, cor, nada.
– Sempre se assumiu como rebelde…
– E continuo sendo.
