Com apenas 13 anos gravou o seu primeiro disco, como vocalista da banda Fingertips. Desde então, ganhou vários prémios, cantou nos mais diversos palcos, já foi Darko e agora voltou a “vestir-se” de Zé Manel e a libertar-se de amarras e convenções. Para isso sofreu. Sofreu com a morte repentina do seu pai, só um mês depois de este ter descoberto que tinha cancro, e sofreu por amor. Foi essa dor de amor que o levou a lançar o seu primeiro álbum totalmente em português, Zé Manel – Off. E é esse o ponto de partida desta conversa, feita entre risos e lágrimas, mas sempre com a verdade que o artista defende ter e seguir na sua vida.
– Foram necessários 16 anos para fazer um álbum em nome próprio e completamente em português. Porquê?
Zé Manel – Talvez porque eu acho que a vida é feita de ciclos perfeitos e as coisas levam tempo a serem bem feitas e idealizadas. Sempre gostei tanto de escrever quanto de cantar, mas sempre tive alguma relutância em cantar diante das pessoas em português, porque as coisas que escrevo são muito autobiográficas e o inglês quase sempre serviu como uma máscara, para não se perceber que estava a contar a minha história. Sempre tive algum medo, talvez fruto da minha infância, onde não me sentia muito aceite nem tinha muitos amigos, de que as pessoas não gostassem de mim se me vissem como realmente sou. E ao longo da minha vida tenho percebido que as vezes em que recebo mais afeto é quando dispo essas capas. Achei que aos 30 anos já estava na altura de deixar de ter medos. Porque tenho mais autoconhecimento, sou mais bem resolvido comigo, com a vida, com os obstáculos, com a minha profissão. E este é um disco muito egoísta, porque quando começou a ser composto nem sequer tinha ligação com a minha carreira. Era, sim, uma prova de amor e um pedido de desculpas.
– Porque este álbum retrata um amor que viveu…
– Sim. Acho que houve um ponto de viragem na minha vida com esta relação. Senti que esta história precisava de ser dita e encerrada. Parti para a ideia de fazer um disco onde contasse essa minha história com os meses do ano. Foi uma forma que encontrei de fazer as pazes com o passado e de imortalizar uma das fases mais bonitas e didáticas da minha vida. Foi a fase que mais me ensinou.
Uma entrevista para ler na íntegra na edição 1236 da CARAS