Para assinalar os 43 anos de carreira e apresentar o seu mais recente disco, Boa Hora, Luís Represas vai subir ao palco do Coliseu dos Recreios no dia 30 de abril. Entusiasmado com este espetáculo, o cantor revelou que não são necessários “números redondos” para se atuar nesta mítica sala lisboeta. Subir a este palco, cantar, partilhá-lo com colegas amigos e ser aplaudido por um público fiel “é bom” e basta para que um artista se sinta realizado.
Se profissionalmente tem motivos para celebrar, na vida de todos os dias também é um homem feliz. Pai de João, de 26 anos, de Carolina, de 23, de Nuno, de 19, e de José, de 16, o cantor tem sabido lidar com a emancipação dos filhos, assegurando que ainda não lhe faltaram afetos.
Numa tarde passada num jardim lisboeta, Luís Represas, de 62 anos, conversou com a CARAS sobre o lugar que a música continua a ocupar na sua vida, desvendando ainda um pouco do homem reservado que se “esconde” por detrás do artista cujas músicas são cantadas por várias gerações.
– Ao fim de 43 anos de carreira, atuar no Coliseu ainda lhe acelera o coração?
Luís Represas – Claro! Faz o coração bater mais depressa e ficamos com borboletas na barriga. O Coliseu é uma casa que me traz recordações fantásticas, pois já lá vivi momentos muito bonitos. É sempre único e especial.
– O que se pode esperar deste concerto?
– As pessoas perguntam-me por que motivo é que comemoro os 43 anos de carreira. Comemoro pelo mesmo motivo que comemoramos os números redondos: porque é bom. Também fazemos festas de aniversário todos os anos. Estes 43 anos coincidem com o meu disco novo, Boa Hora, um trabalho cheio de novas pistas e no qual me reinventei. Neste concerto irei trazer para o palco o que aconteceu no estúdio, dentro das possibilidades de cada um dos parceiros com quem trabalhei. Vou fazer uma apresentação deste disco e também interpretar canções que são marcos na minha vida. Não quero reduzir o concerto às coisas novas que fiz, mas também não quero que seja um espetáculo de memórias. Este será um concerto que me levará a olhar para a frente.
– Já subiu centenas de vezes aos palcos e cantou as mesmas canções. A vida de um músico não se pode tornar rotineira?
– Não, antes pelo contrário. É tudo menos rotineira. A música tem um lado inesperado que torna tudo maravilhoso. Há rotinas que podemos ter, mas cada palco é diferente. Acho que estar em estúdio é um trabalho muito frio e cirúrgico, é fixado no tempo, fica assim e nunca mais se mexe. E a música é um elemento vivo, que se vai transformando à medida que vamos mexendo nela. E é isso que um concerto tem de espetacular. O palco é uma fábrica transformadora de canções. Renova-as e valoriza-as. É esse o lado de que mais gosto, e isso não se compadece com rotinas.
– Se a música é este “elemento vivo”, o que as suas canções revelam do homem que é aos 62 anos?
– O mesmo que diziam do homem de 19 ou 22 anos. Sou o mesmo homem que era há 40 anos.
Uma entrevista para ler na íntegra na edição 1237 da revista CARAS