Assim que Filipe La Féria chegou ao local combinado para a entrevista, a Casa da Severa, na Mouraria, reparámos que está bastante mais magro. Uma perda de peso rapidamente esclarecida pelo encenador e dramaturgo: “Tudo isto é por causa da peça que tenho em cena, A Severa. Fiz tudo, o texto, a música, os cenários… São 40 personagens em palco e tudo isso fez com que emagrecesse. Na verdade, nem sei bem quantos quilos perdi, mas sinto-me bem assim.”
Esta nova “leveza” também lhe dá mais energia para trabalhar, fazendo com que, aos 74 anos, não pense na reforma, muito pelo contrário, pois, apesar de ter em cena “um dos espetáculos que mais trabalho e pesquisa” lhe exigiu, já está a planear os próximos.
Apesar de ser bastante reservado no que toca à sua vida pessoal e à forma como vive o seu dia a dia em família, em especial a sua relação com a filha, Catarina, e os netos, Leonor, de sete anos, Teresa, de quatro, e Vasco, de nove meses, La Féria assume que o papel de avô lhe assenta bastante bem, até porque é fascinado pela forma como as crianças olham para o mundo.
– Justificou a sua perda de peso com o espetáculo que tem em cena, A Severa. Mas a verdade é que sempre trabalhou e se dedicou muito. O que mudou?
Filipe La Féria – A Severa é talvez o meu melhor espetáculo de sempre. Exigiu muito de mim e é feito com muito ritmo. Apesar de eu ter um elenco fabuloso e uns colaboradores magníficos, exigiu muito de todos e em especial de mim. Ensaiávamos até às quatro ou cinco da manhã todos os dias e eu já não tenho a idade deles. [Risos.] Sou um perfeccionista e enquanto não consigo o que quero não desisto.
– E este peso é para manter? Sente-se melhor assim?
– Muito melhor. Bem, na verdade eu não era assim tão gordo, mas claro que se nota uma grande diferença. Sou bastante cuidadoso com o que como e com tudo. Não sou nada o retrato do artista boémio. Não bebo, gosto de comida saudável e sem sal, não sou viciado em nada. Sou como um pássaro que voa sobre tudo mas que nunca pousa.