Com uma carreira como treinador construída em vários países, André Villas-Boas, de 46 anos, é o novo dirigente do Futebol Clube do Porto, depois de destronar o histórico líder Jorge Nuno Pinto da Costa, de 86. Esta conquista é o culminar da paixão que tem pelo FCP desde criança, quando ia com um tio ver os jogos nas Antas e jogava futebol no Colégio do Rosário, onde estudou. Os seus sonhos eram, então, ser jornalista desportivo como o avô, piloto de Fórmula 1, e, sobretudo, jogador de futebol, o que nunca viria a acontecer, pois, como o próprio afirmou, não tinha talento suficiente.
Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas nasceu no Porto a 17 de outubro de 1977 e cresceu na Avenida da Boavista, numa família que se dividia entre a alta burguesia e a aristocracia liberal. O seu bisavô paterno, José Gerardo, foi o primeiro visconde de Guilhomil, e uma das suas avós foi Margaret Kendall, uma inglesa ligada ao comércio do vinho do Porto que gostava de reunir os netos em casa nas férias escolares, impondo-lhes disciplina e ensinando-lhes a língua inglesa, que Villas-Boas fala fluentemente.
Em casa, os pais mostravam-se mais liberais. O pai, Luís Filipe, foi professor e engenheiro químico, enquanto a mãe geria lojas de roupa. Nunca se opuseram à paixão do filho rebelde – André tem duas irmãs e um irmão, o ator João Villas-Boas – pelo futebol e pelos carros, nem o criticavam por ser um aluno mediano de Humanidades. Mas foi o seu vizinho Bobby Robson, antigo treinador do Futebol Clube do Porto, quem lhe mudou a vida. Apesar de tímido e reservado, características que mantém até hoje, André iniciou conversa enquanto estavam os dois no elevador e o inglês deixou-se contagiar pela dicas do miúdo de 17 anos.
A partir daí, Villas-Boas passou a acompanhar o treinador e este ajudou-o a receber formação na área, apesar de ser ainda menor. Em 1998, começa a trabalhar nos escalões de formação do clube, transitando depois para diretor técnico da seleção das Ilhas Virgens Britânicas. No entanto, é a partir de 2003, enquanto assistente de José Mourinho – com quem se zangou há uns anos –, que a sua carreira ascende. A ida para o Chelsea abre-lhe definitivamente as portas para o mundo até chegar à presidência do seu clube e voltar para casa.
O “Cenourinha”, como o tratavam no colégio por causa do cabelo ruivo, sempre gostou de tudo o que envolvesse velocidade e foi esta que quase o matou. Em 2018, quando se estreou no rali Dakar, no Peru, e cumpriu mais um dos seus sonhos, sofreu um acidente que quase lhe custou a vida, até porque dias depois de se ter lesionado na coluna estava em cima de uma mota, no Gerês. Levado para o hospital, os exames revelaram que tinha a vértebra L1 comprimida, no limite do nervo e da paralisia. Os médicos também encontraram um tumor na tiroide. “Tiveram de me remover meia tiroide. Acontece que ia morrendo na operação, porque foi aquele 1% das cirurgias que corre mal”, contou à revista Sábado.
Sempre ao seu lado em todas as aventuras tem estado a mulher, Joana, designer, com quem está casado há quase 19 anos e com tem três filhos, Benedita, de 14 anos, Carolina, de 13, e Frederico, de 8.
“O André sabe que pode contar comigo para tudo.” (Joana Villas-Boas)
Tão discreta quanto o marido, são poucas as vezes em que fala sobre ela ou sobre a família, mas tem sido uma verdadeira fortaleza para Villas-Boas no seu percurso internacional. “O André sabe que pode contar comigo para tudo e que é com todo o gosto que me mudo com ele”, revelou à CARAS, em 2016, após a ida para a China. A família já viveu no Reino Unido, China, Rússia e França.
Nas redes sociais, o novo presidente do FCP costuma agradecer todo o amor e apoio que recebe de Joana e dos filhos. “A felicidade espelhada em cada sorriso, beijo e abraço. Um amor traduzido nos nossos três lindos filhos e uma vida feita de aventuras nos quatro cantos do mundo. Obrigado, Joana”, escreveu numa das várias publicações que faz a elogiá-la.
Fotos: Arquivo Caras e @officialandrevillasboas
